A NATUREZA EM SUSPENSO
- Gabi Araujo
- 15/06/2020
- Jornalismo de Investigação
Exploração animal: um possível caldeirão para a transmissão de vírus
Sabemos que os mercados de animais vivos são locais perfeitos para a disseminação de doenças, mas não são os únicos. Entre muitas outras causas, as densas explorações industriais de animais e o contacto direto com outras espécies e com os humanos, aumenta em muito a probabilidade do surgimento de outra pandemia. Afinal, será que as pessoas estão conscientes desta realidade?
Por Sara Alves
As alterações climáticas, a expansão da população humana, a proximidade das pessoas com os animais, a globalização, as viagens e a crescente expansão da produção animal em nada ajudam quando falamos no surgimento de novos patógenos possivelmente devastadores. Uma situação alarmante, principalmente quando os dados indicam que cerca de 75% das doenças humanas que surgiram no último século têm origem animal.
No planeta existem cerca de 10 quintiliões de vírus individuais, um número difícil sequer de imaginar. A analogia realizada pela National Geographic é, possivelmente, o melhor dos exemplos: “existem mais vírus do que estrelas no universo”. E tal como explicam, mesmo atribuindo um vírus a cada estrela, seria necessário fazê-lo mais de 100 milhões de vezes.
Isto não indica que sejam todos prejudiciais para os humanos, porque só uma pequena fração dos vírus é que representa uma ameaça nesse sentido. Apesar de se estimar que os mamíferos e as aves hospedem cerca 1.7 milhões de vírus desconhecidos, a passagem de uma espécie para a outra e, consequentemente, para os humanos, não é um processo fácil.
O estudo realizado pela Royal Society, onde os cientistas identificaram quais os animais que ao longo dos últimos anos mais vírus transmitiriam aos seres humanos, descobriram que dos 142 vírus conhecidos por terem sido transmitidos de animais para humanos, as vacas, os porcos, as ovelhas e as cabras são os que partilham mais vírus com o Homem. Cerca de oito vezes mais quando comparados com os animais selvagens.
Vejamos o que nos diz a história. Os primeiros casos de Ébola surgiram na África Central, em 1976, e tudo indica que a fonte mais provável de transmissão terá sido um morcego. Em 1981, é reconhecido em laboratório pela primeira vez o HIV, que terá sido transmitido por chimpanzés.
A conhecida doença das “vacas loucas” remete para o ano de 1986, onde na Grã-Bretanha foram registados os primeiros casos e tal como o nome indica, esta foi uma doença disseminada através das vacas. Já em 2003, surge a Gripe Aviária no sudeste da Ásia, em que a fonte terão sido as aves.
Passados seis anos, o México regista o primeiro caso de infeção por Gripe A, neste caso transmitida pelos porcos. Recentemente, no ano de 2019, surge a tão conhecida Covid-19 que se espalhou pelo mundo, sendo que a principal suspeita recai também sobre os morcegos.
Apesar destes serem apenas alguns exemplos de transmissões de vírus entre os animais e homens, fica claro que a proximidade do Homem com estes seres e o estilo de vida que leva não é favorável. E é também por isso que a exploração industrial de animais, onde os animais viajam por longas distâncias, próximos uns dos outros e de seres humanos, onde esta exploração é feita de forma cada vez mais intensiva, aumenta o risco de proliferação de doenças zoonóticas pelo mundo.
A realidade evidenciada pelos números
Segundo os dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), quanto ao consumo de carne per capita, o ano de 2018 é o que apresenta um valor mais elevado face aos anos anteriores. Os dados são claros e demonstram que num ano, um habitante come cerca de 117 kg de carne.
Para além disso, em 2019, verificou-se que 99,8% dos portugueses comem carne e peixe e, que de forma geral, consideram sentir-se desinformados sobre questões desta área. Entre outros fatores, é isto que nos mostra o estudo de perceção dos portugueses sobre a indústria de alimentação animal e produtos de origem animal, revelado pela Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais (IACA).
Sendo a exploração industrial animal uma das maiores do mundo, onde cerca de 70 mil milhões de animais são mortos para consumo anualmente, como será a situação em que Portugal se encontra?
Os dados referentes ao ano de 2018, demonstrados pela Associação Vegetariana Portuguesa e pela Direção-Geral da Alimentação Veterinária (DGAV), evidenciam que 257 milhões de animais foram mortos nesse ano. Este é um valor que equivale a 25 vezes mais do que a população portuguesa.
Impacto da produção industrial de animais no ambiente
Para além do consumo exacerbado de carne a nível global, somam-se outras consequências igualmente devastadoras para o meio ambiente. Os dados fornecidos pelo relatório Livestock’s Long Shadow, realizado pela Agência para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO), não deixam margem para dúvidas.
A produção pecuária é uma das principais causas para problemas globais, como é o aquecimento global, a perda da diversidade, a degradação do solo e até mesmo a poluição da água e do ar. O valor da emissão de gases de efeito estufa é de tal forma elevado, que chega a superar o setor dos transportes.
O crescimento da população e a mudança dos hábitos alimentares são alguns dos fatores destacados que têm levado ao aumento exponencial da procura de carne. O mesmo relatório vem explicar que existem pessoas que dependem da pecuária para sustento, o que acaba por limitar a tomada de decisões políticas e dificulta as negociações.
A Agência para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO) alerta ainda para o facto de a mudança residir nos consumidores, que se revelam cada vez mais influentes e poderão ser a melhor fonte de pressão. Educação, comunicação e informação são os pilares fundamentais destacados em que se deve apostar.
Por dentro da ciência
Porque será que o surgimento de vírus foi previsto e falado durante tanto tempo? Qual a relação destes com os animais? Será a indústria animal um caldeirão de transmissão de vírus? Que papel assume o Humano nestas questões? Estas são algumas das questões a que o próximo convidado irá responder.
Nuno Saraiva, é licenciado e mestre em Biologia Microbiana e Genética pela Universidade de Lisboa e conta também com o doutoramento em Virology and Cell Biology pelo Imperial College London. Desempenha ainda funções enquanto professor de virologia, biologia celular e molecular na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, onde também desenvolve projetos de pesquisa como membro do The Research Center for Biosciences & Health Technologies (CBiOS).
“É um pouco como pensar nos sismos ou nos terramotos. Nós não vamos questionar que eles irão acontecer novamente, nós só questionamos o quando e como irá acontecer. E os vírus seguem um pouco esta analogia”, começa por explicar. No fundo são entidades biológicas com uma enorme capacidade de adaptação a uma nova realidade, a um novo ecossistema tendo de ultrapassar uma série de barreiras.
Apesar desta rápida adaptação, Nuno Saraiva destaca que para além do vírus ganhar determinadas características, também é necessário que estas sejam adequadas para uma possível transmissão e infeção dos humanos, o que também não é fácil. “É uma espécie de roleta russa, quando se junta as condições perfeitas para que o vírus adquira as características que são mais importantes”, acrescenta.
Questionado acerca do sistema imunológico dos porcos, que também é semelhante ao Humano, Nuno explica que este animal é falado por diversos motivos. Primeiro, porque é um dos animais de exploração mais produzidos e, normalmente, apresenta um contacto próximo com outros animais, nomeadamente as aves.
“O vírus da gripe existe em aves e em mamíferos, o problema disto é que existem vários vírus e várias estripes nas aves e nos mamíferos e podem misturar-se. No caso do porco funciona como um caldeirão de recombinação.” E é desta forma, que quando todos os obstáculos são superados, se poderá originar um vírus completamente novo.
Apesar de salientar novamente que este é processo complexo e difícil, explica que as explorações em que existem porcos ao lado das aves e dos humanos, cria não só o potencial para gerar um novo vírus, como para depois o transmitir para a população humana.
O problema não fica por aqui. “O mercado de animais vivos são uma péssima ideia no que toca aos saltos entre espécies porque estamos a aproximar animais que, normalmente, não estariam em contacto e estamos a potenciar estes saltos e alterações. Mas não são os únicos.” Locais que conjugam a produção de animais de alta densidade e explorações intensivas perto de florestas tropicais, mato ou zonas selvagens, são de facto uma preocupação.
Vigilância é a palavra-chave. “Nós temos de estar cientes que este tipo de situações são recorrentes, vai acontecer e temos de estar continuamente a controlar este processo”, alerta Nuno. Mas, acredita que a parte mais importante que se pode retirar no que toca a pandemias é a aprendizagem de uma lição e o mais rápido possível.
“Tendo em conta o nosso estilo de vida, a nossa sociedade, a produção de animais, o contacto próximo de indivíduos e o facto de viajarmos muito, torna a probabilidade destas pandemias muito maior.” Os riscos aumentam, tal como a velocidade.
Confiar mais na comunidade científica e promover mais recursos para estes estudos são, na opinião de Nuno Saraiva, elementos fundamentais para o futuro. “Tudo é mais importante, salvar a economia é essencial, mas salvar a economia sem ter atenção a tudo isto é impossível. É esta discrepância que temos de colmatar rapidamente”, alerta o investigador.
A realidade captada pela lente de um fotógrafo
Sabemos que a indústria animal e o consumo humano provocam milhões de mortes de animais globalmente. Mas será que temos noção do que acontece nestes locais e das condições em que se encontram os animais? Esta é a experiência vivida por um fotógrafo que presenciou o que se passa por detrás dos bastidores.
Cristiano Luís, tem 25 anos, reside em Lisboa e é formado na área de fotografia pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Com o intuito de documentar o processo de abate de animais num matadouro português, o jovem explica que este trabalho surge como uma forma de trabalhar o lado estético de uma imagem perante uma realidade violenta e dramática.
“O que faço com o meu trabalho fotográfico e enquanto artista, é levantar algumas questões e pôr o espectador a pensar. Para que possam refletir e criar um espaço onde haja reflexão sobre a indústria animal e perceber até que ponto os nossos hábitos contribuem para esta indústria”, acrescenta.
Apesar de confessar ser difícil distanciar-se das suas convicções pessoais, porque também ele se rege por uma alimentação vegan e move-se por um conjunto de preocupações com as repercussões desta indústria, a neutralidade e imparcialidade foram os aspetos que mais valorizou.
Tudo o que presenciou é um relato universal do que acontece em muitos destes locais espalhados pelo mundo. “A forma mecânica industrial e exponencial em que isto acontece simplesmente não faz sentido. A quantidade de recursos que são necessários para sustentar esta indústria é completamente surreal”, confessa o jovem.
Também Cristiano sente que a informação sobre os perigos desta indústria não são devidamente divulgados. “A não ser que estejas à procura dela é difícil cruzarmo-nos com essa informação”, acrescenta. Acredita que não há interesse nesta divulgação, principalmente, porque existem empresas multinacionais que dependem desta infraestrutura.
Questionado acerca da transmissão de vírus, a sua posição é clara. “A forma como os animais são guardados em espaços tão pequenos e mal se conseguem mexer criam inevitavelmente bactérias e infeções. E é aí que estes vírus surgem no fundo”, começa por explicar.
Trabalho fotográfico realizado por Cristiano Luís num matadouro português. @ Cristiano Luís
Nesta que classifica a fonte perfeita para uma contaminação de espécies e de humanos, Cristiano defende que para garantir a continuidade da espécie humana é necessário mudar ações. Consciência, educação e promover a existência de um interesse económico podem ser algumas das soluções que acredita serem viáveis.
Apesar de não saber o que o futuro reserva, o jovem salienta que a mudança pode ser difícil porque o consumo é de facto exacerbado. Mas resta-lhe a esperança de que todos se tornem mais conscientes sobre os perigos da indústria animal porque cada vez se torna mais insustentável a todos os níveis.
Hábitos de consumo mais sustentáveis
Há cada vez mais pessoas a adotar hábitos alimentares diversificados em função de um estilo de vida mais saudável e, principalmente, mais sustentável. As preocupações abrangem múltiplas áreas, desde a preservação dos recursos naturais e das espécies ou até mesmo para evitar os maus tratos a animais.
Enquanto uns optam pela redução do consumo de carne, outros optam mesmo pela exclusão deste alimento. Mas será que para além das inúmeras razões que justificam estas opções estão conscientes que determinadas explorações de animais poderão ser um dos muitos veículos de transmissão de vírus?
Inês de Matos e Leonor Oliveira, duas jovens de 20 anos, são apenas dois casos entre outros tantos de quem descobriu uma nova forma de viver. Se há algo que as une é a preocupação não só com o presente, mas com o futuro.
Natural de Penafiel e estudante de Direito na Faculdade de Direito do Porto, Inês explica que se tornou vegetariana em 2015 de forma muito repentina e, principalmente, por motivos de saúde. “Na altura tinha excesso de peso e atribuí isso também a um maior consumo de carne excessivo. Sentia-me cheia”, acrescenta.
A falta de condições a que os animais estão sujeitos, o número de mortes abusivas e a falta de consciencialização, são alguns dos aspetos destacados pela jovem que mexem profundamente com as suas convicções.
“O maior problema é o excesso e tudo em excesso faz mal, não é só a carne”, começa por explicar. Acredita que nem todas as pessoas se irão render a estes estilos de consumo diferentes, mas a mudança pode residir apenas na redução do consumo.
Questionada acerca dos conhecimentos sobre os perigos da indústria animal, Inês é clara. Sente que falta muita informação em relação ao tema, principalmente, para aqueles que não o procuram. “Devia haver mais programas de rádio, de televisão, notícias e publicidade que chegue à maior parte das pessoas”, defende.
De todas as preocupações que a motivam a manter este estilo de vida, a jovem explica que sempre esteve consciente da possível transmissão de vírus nesta indústria. “Existem milhares de doenças que existem nos animais e podem ser transmitidas para nós, como o caso da gripe das aves ou a doença das vacas loucas. É um dos fatores pelos quais as pessoas deviam evitar o consumo.”
Apesar de se sentir informada e consciente dos perigos, Inês de Matos acredita que é preciso mudar muitos comportamentos e hábitos, respeitando e compreendendo os limites do planeta.
Leonor Oliveira, é natural de Lamego e encontra-se no curso de Ciências da Comunicação na Faculdade de Letras do Porto. Foi no 12º ano que descobriu todo um novo mundo, começou a cozinhar e a interessar-se mais pela área alimentar. Mas, é a partir do momento em que começa a dedicar o seu tempo a documentários sobre o funcionamento da indústria animal que Leonor decidiu tornar-se vegan de um dia para outro.
“A superioridade que o Homem sente em relação aos animais é uma coisa completamente ridícula e um dos fatores que me levou a ser vegetariana foi a questão do ambiente e da saúde, mas por me fazer confusão a forma como tratamos os animais”, acrescenta. No entanto, a partir do momento em que passou por uma fase difícil da sua vida e regressou a Lamego, a sua alimentação voltou a mudar.
Sentia-se desmotivada e cansada, o que a levou a deixar estes hábitos alimentares de forma tão regrada. Atualmente garante que mantém uma alimentação saudável e procura evitar o consumo de carne. “A indústria animal tem um impacto enorme no ambiente e é impossível continuarmos a produzir e a consumir carne como fazemos”, explica.
Apesar de também se sentir informada sobre os perigos desta indústria, a jovem afirma que acredita que grande parte das pessoas não estão conscientes. “A maior parte dos vírus surgem a partir dos animais”, declara.
Seja devido ao tráfico de animais ou até pela produção em grande escala, Leonor admite que o surgimento dos vírus poderá ser cada vez mais inerente. A preocupação por um futuro melhor, leva a estudante a reforçar que se devia apostar na educação, em campanhas de consciencialização de forma a despertar um trabalho coletivo por parte dos cidadãos e do Governo.
“Pelo menos tentar reduzir o consumo de carne em Portugal porque é muito excessivo. É um trabalho que tem de ser feito pelo Governo e na educação de forma precoce”, destaca. A incidência na disseminação de informação é um fator chave para Leonor, só assim é que as pessoas podem repensar os hábitos e consumos.
Pela voz da maior organização de direitos dos animais
Quando falamos sobre os direitos dos animais e dos movimentos que surgem em torno desta questão, é impossível não relembrar as contantes ações e denúncias levadas a cabo pela organização People for the Ethical Treatment of Animals (PETA).
Fundada no ano de 1980, a PETA tem-se dedicado a estabelecer e a defender os direitos de todos os animais, concentrando a sua ação em quatro áreas onde existe mais sofrimento. Laboratórios, explorações industriais, comércio de roupa e a indústria de entretenimento são o foco de ação primordial.
Danielle Solberg, assistente de campanhas do departamento de mobilização do campus da PETA, explica que “no mundo atual de opções praticamente ilimitadas, a exploração animal é simplesmente inaceitável.” Uma alimentação sustentável e a aposta na educação respeitando os animais, são alguns dos pilares defendidos.
“À medida que a covid-19 atinge o mundo mais pessoas se começam a perguntar como chegamos aqui. A PETA há muito tempo que alerta sobre os riscos para a saúde associados ao consumo de carne”, acrescenta. Desde o transporte, às condições em que vivem e ao abate posterior, tudo funciona como uma espécie de caldeirão para estes problemas.
Associado à transmissão de vírus, Danielle destaca também que os animais que se encontram em explorações industriais consomem mais antibióticos do que os humanos, em apenas um ano. “As bactérias tornam-se resistentes ao antibióticos como resultado de um uso excessivo. Isso contribui para o surgimento de novos patógenos agressivos”, afirma.
Quer Danielle, quer a PETA, defendem que todas as pessoas devem tentar impedir estes abusos e fazer escolhas mais sustentáveis. Acreditam também que a opção por um estilo vegan é a maneira mais segura de evitar futuras pandemias, minimizar os riscos para a saúde e para o planeta, promovendo o bem-estar animal.
Estarão as pessoas conscientes desta realidade?
Com base num inquérito realizado a 50 pessoas para compreender em que medida estarão informados sobre os perigos da indústria animal, as perguntas realizadas foram pensadas com o intuito de testar esses mesmos conhecimentos. A idade dos inquiridos vai desde os 17 anos aos 79 anos.
Questionados acerca dos motivos que poderiam levar alguém a modificar os hábitos alimentares, as respostas foram quase todas referentes ao mau trato de animais e à poluição ambiental, sem qualquer referência à transmissão de vírus.
Quanto à perceção numérica de vírus existentes, a maioria das pessoas referiu cerca de mais de 10 milhões. Mais de metade dos inquiridos concordam que a maioria das pandemias surge da exploração animal. E quando foi pedido para que escolhessem quais os vírus da história com origem animal, apenas oito pessoas acertaram completamente.
No entanto, no momento de abordarem quais os perigos da indústria animal, alguns dos inquiridos tocaram no ponto-chave, a transmissão de doenças. Há quem fale em “ameaças à saúde pública”, “falta de consciencialização”, “vários vírus tiveram origem nesta exploração e muito mais virão” e há quem refira que “não é correto atribuir total responsabilidade ao humano”.
Tal como o professor e investigador Nuno Saraiva referiu inicialmente, o estilo de vida que a população tem tido ao longo dos tempos não favorece um futuro promissor. E é desta forma que exploração industrial animal, que se encontra em crescimento exponencial, aumenta em muito a probabilidade do surgimento de outra pandemia.
Nem todos se mostram conscientes desta realidade, mas se há algo que os une é a identificação de variados problemas como a falta de divulgação de informação, os interesses económicos que dificultam um ponto de viragem, e o desinteresse dos membros políticos nos financiamentos de estudos na área da ciência que permitam investigações e vigilância constantes nestas áreas.