A vontade de voltar à rotina e a saudade de cuidar
[Texto: Andreia Oliveira]
Ana Pilar tem 22 anos, vive em Esposende e está a terminar a licenciatura em Enfermagem, na Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Viana do Castelo.
Como estudante de enfermagem os seus “estágios curriculares ficaram suspensos e as aulas passaram a ser online”. Organizou o seu tempo em quarentena, entre as tarefas escolares e o voluntariado que faz na equipa da Cruz Vermelha da sua região.
“Não consegui cumprir a quarentena, uma vez que tive de manter o meu voluntariado na Cruz Vermelha nas marinhas”.
Esta situação que atualmente vivemos, implicou um aumento do serviço na Cruz Vermelha em relação ao que estava habituada. Assim, quando se encontra por casa, os maiores desafios desta quarentena, é o de conseguir estabelecer um horário diário, “para que não sinta que simplesmente o tempo está a passar sem ter nada para fazer.”
Apesar da sua delegação estar a efetuar transportes de doentes Covid-19, ainda não contactou diretamente com nenhum. Porém, sempre que há uma suspeita é efetuado todo um plano de higienização e análise de cuidados ou ativação de protocolos, para que não fique contaminada.
“Não tenho contacto direto com os doentes infetados, no entanto a nível de emergência há sempre um risco de virmos a detetar ou ter um risco de doente covid”.
Quando não está na delegação, procura fazer em casa atividades que a distraem, como praticar exercício e continuar com os trabalhos escolares. De forma a conseguir lidar com o sistema emocional, e toda a ansiedade e dúvidas.
A saudade é persistente. Sente falta da convivência social com os amigos, e da partilha de momentos. Confessa que “é um bocadinho difícil de gerir as emoções neste momento”, tal como a falta de praticar enfermagem. Além disso, sente a necessidade de voltar à rotina a que estava habituada, com os seus horários e trabalho, pois sente que está muito parada.
“O meu dia-à-dia foi muito alterado, drasticamente, antes tinha horários, tinha estágio, tinha trabalho. Tinha os dias todos definidos, agora é diferente.”
Tendo em conta as incertezas do seu futuro, as maiores dificuldades sentidas pela jovem Ana Pilar, foi lidar com a ansiedade e todas as dúvidas que surgem durante este período. No entanto, afirma que “aos poucos vai-se encarreirando, é uma questão de manter o positivismo”.
O valor inestimável do abraço e carinho daqueles que gostamos, é o que Ana Pilar assume como algo que passou a ter maior importância por parte da sociedade. Acredita que quando tudo isto melhorar, que a sociedade vai ser melhor. “Consigo acreditar que temos um futuro positivo e bastante próximo de nós”.
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