Adversidades de um médico recém formado
- João Dias Pimenta
- 02/06/2020
- Atualidade oanoemqueomundoparou Portugal
Diogo Ferreira tem 24 anos e é natural de Famalicão. Encontra-se no seu primeiro ano de internato no hospital Pedro Hispano em Matosinhos, face à situação da pandemia, está a ajudar doentes internados com outras patologias (como AVC´s, enfartes ou epilepsias) que não a infeção por COVID-19.
O tom de voz apreensivo e franco, demonstra a fragilidade que todos os médicos estão a passar neste momento. “Temos uma importância extrema” e “Tudo vai mudar” são algumas das falas que marcam o relato e nos faz pensar e refletir a importância das autoridades de saúde. Refere (num tom austero) que ao que observa as pessoas têm acatado o que as autarquias têm sugerido aos habitantes, ao que difere muito do que observa nas notícias relativamente a outros países.
“A chegada de mais e mais doentes” é algo que preocupa por um lado Diogo por não saber até que ponto o hospital consegue dar resposta a estas pessoas mas por outro lado sente-se na obrigação de as ajudar, visto que foi por isso que se formou, para ajudar o outro. O estudo, a investigação e a cura são pontos essenciais destacados pelo médico, na medida, em que existe um esquecimento dos mesmos e uma única e exclusiva preocupação na procura pela cura do covid-19.
“Dar 100%” nesta altura e mais do que necessário pois o dia de amanhã é muito incerto. O medo pelo risco de contágio obriga Diogo a ter mil e um cuidados tanto na muita proteção que usa dentro do hospital bem como evitar o contacto com familiares e pessoas mais débeis.
“O não-toque é complicado mas é crucial ser respeitado nesta fase.”, salienta Diogo. Temos mais do que nunca de nos proteger e proteger o outro, haverá uma fase melhor que esta onde possamos recuperar o afeto perdido porém “cumprir” é a palavra de ordem.
O facto de ninguém estar favorecido quanto a este vírus por sermos todos possíveis doentes ou transmissores gera um sentimento de igualdade e dever perante a união e apoio mútuo. Termina o relato ressalvando que quem não tiver motivos relevantes suficientes para sair à rua que deve ficar em casa e deixa uma palavra de alento a todos os outros por terem que sair para trabalhar ou desempenhar funções que assim o exijam.
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