Ansiedade e Depressão: quando a saúde mental deixa marcas no género feminino
- Mariana Venâncio
- 14/01/2022
- Atualidade Portugal Saúde
As mulheres são o género com maior prevalência para desenvolver perturbações de ansiedade e depressão. Estas são consideradas as perturbações mais comuns que afetam a grande maioria da população mundial. Distúrbios que as doentes não controlam, prejudicam o ritmo diário de trabalho e responsabilidade, influenciando o presente e o futuro.
[Reportagem de Guilherme Caroço e Mariana Venâncio]
São 14h e o metro acaba de parar na estação da Câmara de Gaia. Um dia chuvoso que reflete o estado de espírito dos pacientes que se encontram na Cruz Vermelha de Vila Nova de Gaia. Um espaço mimoso, mas bem estruturado. Contamos seis gabinetes. Uma receção. Cinco cadeiras brancas a fazer contraste com a cor vermelha proveniente do grande logotipo da Cruz Vermelha que se situa à entrada. Um espaço calmo. Tranquilo. Esperamos dez minutos por Randdy Ferreira, psicólogo. Chegou o profissional. Abriu o gabinete. Arrastou duas cadeiras e falamos sobre ansiedade e depressão.
Como será viver com ansiedade e/ou depressão?
Quatro mulheres. Quatro histórias que as une numa só realidade: a vivência de perturbações de ansiedade e/ou depressão. Dina Alves, Carolina Gomes, Helena Pires e Sofia Araújo são diagnosticadas com transtornos da doença mental.
Respiração acelerada. Tremores. Aperto no peito. Onda de frio. Tonturas. Choro. Falta de sensibilidade. Tristeza. Palpitações. Suores. Medo de morrer. Enlouquecer. São alguns dos sintomas somáticos e cognitivos relatados que não têm horas, nem data marcada para se manifestarem, dando-se em qualquer ocasião. Apoderam-se do bem-estar, deixando os doentes sem valências para conseguirem viver de forma “natural”.
Numa batalha com vários combates, Dina Alves, de 29 anos, perdeu alguns deles, mas o objetivo foi sempre ganhar a luta final.
Acaba de ter alta das intervenções psicoterapêuticas. Nesta nova fase de vida, sente-se confortável para falar do inimigo que a atormentou durante largos anos da sua vida. Se fosse alguns meses atrás, não se sentia preparada para estar a dar uma entrevista ao #infomedia, com a “abertura e coragem” que demonstra ao partilhar muitas das situações traumáticas do seu trajeto, caracteriza com alguma bravura.
“A ansiedade parece uma espécie de música de fundo, está lá sempre”
Dina Alves
Dina era uma adolescente “muito retraída e tímida.” A mudança da cidade natal, Chaves, para Coimbra deu-se com a entrada na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação (FPCE). Esta nova realidade repercutiu-se na saúde mental da estudante de psicologia, em que “os sintomas começaram a piorar a sério.” Desde os 15 anos desconfiou que algo se passava. Considerava que era “uma coisa da personalidade”, nomeadamente a timidez, nunca colocando em causa que fosse uma perturbação. “Numa aula de psicologia estava a ser lecionada a matéria de ansiedade social. Ao ouvir os sintomas, tudo encaixava naquilo que sentia”, admite que foi nesse momento que se apercebeu, recorrendo aos 23 anos a um psicólogo que a diagnosticou com esse transtorno.
A ansiedade social define-se pelo medo constante de situações sociais e de desempenho, em que o doente demonstra um medo irracional de se expor, evitando situações que fique sujeito à avaliação dos outros. A trabalhadora da ONG nas Aldeias de Crianças SOS, “queria fazer coisas e não conseguia. Queria socializar e não conseguia. Queria estar a trabalhar e não conseguia. Queria sair de casa e tinha dificuldade. Queria fazer as coisas. Tinha vontade. Tinha planos e não conseguia concretizar nada”, enfatiza com alguma inquietação. Tudo o que é novo “é complicado” e o primeiro impulso é dizer “que não.”
Devido à ansiedade social, após terminar o curso, Dina aspirava entrar no mercado de trabalho, porém a perturbação venceu. Demorou “muito tempo a arranjar emprego e a ganhar autonomia financeira”, revelando que estava cada vez mais “isolada, a passar mais tempo em casa”, sem motivação para concretizar os objetivos.
“Parecia que estava numa prisão”
Dina Alves
Dina sabia esconder os sintomas, “nunca deixou transparecer”, o que fez com que a perturbação se arrastasse durante vários anos. No entanto, Isabel Cocheira, psicóloga, defende que “as pessoas devem demonstrar aquilo que estão verdadeiramente a sentir e não anestesiar. Anestesiar uma emoção pode dar problemas ao nível da ansiedade, podendo derivar para uma depressão.” Dina Alves é um exemplo. Uma realidade que demonstra a ansiedade como gatilho para episódios depressivos. Caracteriza-os como “muito fortes”, ao ponto de “ficar sentada na cama, quase sem comer e beber água durante o dia. Chorava o dia todo”, levando-a um princípio de suicídio. As comparações davam cabo do seu psicológico – “pensar que os outros são melhores. Os outros são mais competentes, mais bem-sucedidos, têm a vida organizada e tu não tens”, conta.
O apoio familiar é essencial para os pacientes evoluírem num quadro clínico de superação. A ansiedade e depressão são temas com muito estigma e, Dina Alves, alega que sempre existiu uma descredibilização por parte dos familiares no que toca ao transtorno. Contrariamente, Carolina Gomes, de 19 anos, sempre se sentiu apoiada pelos pais.
Há dias em que falar sobre ansiedade é normal. Outros é um “tormento.” Em conversa com o #infomedia, pelas 16h, Carolina Gomes, mais conhecida por Dicas Perfeitas, fala tranquilamente sobre a doença mental que lhe foi diagnosticada quando era jovem.
A primeira crise de ansiedade deu-se aos oito anos: “morava num andar muito alto. Estava a estudar a matéria dos terramotos em casa sozinha com o meu irmão. Comecei a olhar para a vista da minha casa e pensei que se houvesse um terramoto naquele momento, não me safava de forma nenhuma”, graceja, relembrando a imaturidade da altura. A partir desse episódio, consultou um psicólogo, o qual a diagnosticou com transtorno de ansiedade, tendo, mais tarde, desenvolvido ansiedade social, bem como transtorno obsessivo compulsivo (TOC).
Estes quadros clínicos conduzem, muitas vezes, a ataques de pânico. Este é um episódio momentâneo que se dá de repente, sem a pessoa crer. É um ataque de medo com reações no corpo, podendo ter uma duração de cinco a 20 minutos.
Por vezes, os ataques não deixavam Carolina sair de casa, na medida em que ficava “super ansiosa” só de se deslocar a algum local como o “supermercado”, exemplifica. O pior ataque de pânico sucedeu-se após a morte de Sara Carreira. A influencer estava a tomar banho quando começou a ter sintomas relativos aos ataques de pânico. Não foi a tempo de tomar um calmante, de forma a evitá-lo e, quando isso acontece, “aceita-se que dói menos”, afirma com alguma firmeza.
No último dia do ano, o #infomedia foi em busca de desconhecidos pelas ruas de Santa Catarina e do Bolhão, no Porto, para darem o seu parecer sobre um ataque de pânico. As ruas estavam movimentadas e o stress do último dia do ano era evidente. Apuramos que, a maioria das pessoas, sabem o que é um ataque de pânico e sabiam formas de socorrer um indivíduo que tivesse um desses episódios.
Para controlar o ataque de pânico, o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) recomenda:
- Pensar em algo diferente do que se está a sentir com a finalidade de se distrair.
- Controlar a respiração possibilita o restabelecimento do equilíbrio dos níveis de Dióxido de Carbono e de Oxigénio, diminuindo as sensações corporais adversas.
- Deve-se proceder ao controlo respiratório sentado ou deitado para que o indivíduo esteja confortável e descontraído.
- Inspirar e respirar de forma lenta e profunda.
“É mais difícil dizer aos meus pais que estou com uma depressão com 14 anos do que dizer que tive um ataque de pânico que eles presenciaram e perceberam o porquê daquilo ter acontecido”
Carolina Gomes
Além dos transtornos de ansiedade, aos 14 anos, a depressão adveio de situações traumáticas como a morte do avô. O falecimento de um familiar deixou sequelas graves na sua mente, a razão de ser hoje “super hipocondríaca” e ter “medo da morte.” A ansiedade e a depressão estavam “completamente descontroladas”, dado que tinha dois ataques por dia na escola, nos intervalos”, admite. Houve “uma aula em que o ataque de pânico não foi apenas de 15 minutos, durou mais tempo. A aula começou e a professora, dentro da sala, gozava com aquilo que estava a sentir”, os colegas de turma presenciaram esta situação, confessa a criadora de conteúdos que soma 83.1 mil seguidores no Instagram.
Nessa altura, Dicas Perfeitas já tinha criado o seu canal de youtube que, atualmente, conta com 101 mil subscritores. Inicialmente não deixou de produzir conteúdos para a plataforma, no entanto, relembra que pelas evidências que ia deixando nos vídeos: “quem não percebeu que eu estava mal, tinha os ouvidos, os olhos, tudo tapado. Notava-se que não estava bem.”
“Fui uma jovem mais ansiosa que o normal”
Cresceu numa aldeia perto de Abrantes, São Miguel do Rio Torto. A aldeia viu Helena a crescer, a brincar pelas ruas, a jogar basquete a cada esquina. A sua terra cresceu consigo. A ansiedade também bateu à porta, quis ser a típica vizinha que está sempre a incomodar.
Muitas crises devem-se à questão da morte e ao medo de morrer, como evidenciamos em Carolina Gomes. Helena não é uma exceção. Criada pela avó materna com quem tinha uma relação muito especial, aos 13 anos viu a avó ser retirada da sua vida. Suicidou-se. Sofria de uma doença mental, em que a Helena não sabia, na altura, a gravidade, mas considera que foi esse o gatilho que fez despoletar os vários sintomas de ansiedade. Com dificuldade em lidar e desconstruir o “evento traumático” sozinha, recorreu ao apoio de um profissional.
De uma aldeia remota do Ribatejo mudou-se para a Lisboa Cosmopolita. Tinha cerca de 18 anos quando viu a sua vida se transformar. Entrou no Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida (ISPA), o que direcionou que vivesse sozinha durante os tempos acadêmicos. Os ataques de pânico começaram a apoderar-se de si devido à solidão e ao stress rotineiro dos exames. Logo no primeiro ataque de pânico decidiu consultar um psiquiatra que a diagnosticou com a perturbação de ansiedade generalizada, tomando medicação para controlar as suas nuances.
Este distúrbio caracteriza-se por uma ansiedade persistente e excessiva em relação aos diversos acontecimentos e/ou atividades diárias. Ao contrário de Dina Alves, a ansiedade nunca impediu Helena “de estudar ou trabalhar, ser uma pessoa mais ou menos funcional, apesar de sentir que piora um “bocadinho” durante certas fases da vida.
“Trabalhar muitas crenças e desconstruir outras. Algumas formas de ser. São muitos anos a pensar de uma maneira e, às vezes, é difícil desconstruir tudo isso”, conta. Dessa forma, desenvolveu estratégias para se autoconhecer e aprender formas de desenvolver a Helena de 40 anos.
“A depressão despoletou crises de ansiedade constantes”
Sofia Araújo, de 19 anos, convidou-nos a entrar na sua casa no Porto. Um quarto com paredes brancas. Um piano. Livros. Montes de livros do Harry Potter. Livros sobre história, uma das suas maiores paixões. Uma secretária em madeira de cor clara que desespera e sente o nervosismo com o estudo das frequências do dia seguinte. Sentamo-nos em cima da sua cama. A cama que passa noites mal dormidas.
As histórias das perturbações de Sofia começam no décimo ano, mais especificamente a partir do terceiro período, em que a vida escolar despoletou os primeiros sintomas de ansiedade. Começou por noites mal dormidas e dificuldades em adormecer.
Com a vinda do covid-19 e a quarentena subjacente à pandemia levou a uma falta de motivação e uma explosão de ansiedade, uma vez que se encontrava a estudar teatro na Universidade do Minho (UM), a 52 km de casa. A nova rotina conduziu a um esgotamento, fazendo-a desistir do curso.
Atualmente, é estudante de Teatro na Escola Superior Artística do Porto (ESAP) e foi diagnosticada, mais tarde, com depressão. A depressão fez com que sofresse ainda mais de crises de ansiedade, na medida em que não conseguia lidar com todas as nuances sozinha.
Com a segunda quarentena ocorreu o pico, onde começou a ter ataques de pânico e várias crises, e o gatilho deu-se com a morte do avô. Com esse episódio, a estudante confessa que “não conseguiu dormir durante uma semana.” O facto de “não haver nenhuma coisa visível, nenhuma coisa que se consiga reagir ou agir, começa-se a derivar entre pensamentos negativos”, em que a noite “é muito pior” do que o dia para alguém que sofre destas patologias, confessa Sofia, portadora de leucinose.
Apesar da depressão de Sofia ser antecedente à morte do avô, a tristeza momentânea pelo luto que estava a fazer, conjugada com os outros distúrbios, trouxe um período adverso.
Uma tristeza é “reativa e passageira”, podendo ser motivada por uma perda, originando um luto. Esta deve ser tratada de uma forma “mais psicoterapêutica”, onde é dado um espaço temporal em que a linha do quadro clínico vai melhorando. Já a tristeza patológica dos quadros depressivos reflete um constante mau estar, com uma duração mais longa e geralmente não têm uma experiência associada a esse problema – estas denominam-se de “depressões endógenas”, em que “não há qualquer tipo de gatilho” e devem ser diagnosticadas, refere João Perestrelo, psiquiatra.
Afinal, o que diferencia uma depressão de uma tristeza momentânea? O #infomedia questionou Randdy Ferreira acerca deste “enigma.”
A tarefa do psicólogo passa por separar as “respostas, as emoções e os sentimentos normativos e/ou expectativos” face a um determinado episódio. A linha da normalidade entre o juízo funcional e o sofrimento subjetivo define os critérios do quadro clínico que se refletem nas ações do doente.
O género feminino tem mais prevalência para a ansiedade e depressão
De acordo com os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2015, o total de pessoas a nível mundial com depressão foi estimado em mais de 300 milhões. As perturbações por quadros clínicos depressivos são caracterizadas por sintomas como tristeza, perda de prazer nas tarefas quotidianas, sensação de cansaço, baixos níveis de energia e de concentração. O período temporal desta perturbação é variado, pode ser algo duradouro ou recorrente, influenciando a perda de capacidades de um indivíduo executar as suas rotinas diárias. Esta perturbação é mais prevalente no sexo feminino (5,1%) do que no masculino (3.6%).
Dentro da depressão existem duas subcategorias com diferentes sintomas e períodos de tempo: 1- Perturbação Depressiva Major: sintomas como humor deprimido, perda de motivação e prazer, diminuição da produtividade e da energia. Nesta subcategorização os episódios depressivos são catalogados e divididos como ligeiros, moderados ou graves. 2- Distimia ou Depressão Crónica: a distimia é uma depressão crónica e silenciosa. Um indivíduo que sofre de distimia encontra-se num estado de tristeza constante, sem motivação para cumprir as suas tarefas, sem perspetiva sobre a sua vida a longo prazo e aquilo que o pode fazer sentir autorrealizado. Fonte: Direção-Geral da Saúde: Depressão e outras Perturbações Mentais Comuns |
Já as perturbações de ansiedade registaram um total de 264 milhões de pessoas. Estas caracterizam-se por sentimentos de ansiedade e medo. É um estado emocional qualificado por sentimentos vagos de apreensão, preocupação ou inquietação. Quando este distúrbio torna-se intenso e prolongado, apresenta uma conotação patológica, no momento que se torna desproporcional consoante um estímulo e/ou quando o sentimento contínuo de preocupação interfere na vida quotidiana, em que o indivíduo vivencia um mal-estar intenso. Tal como acontece com a depressão, o género feminino (4.6%) tem mais chances de desenvolver a ansiedade do que o género masculino (2.6%).
Com um diferente impacto no dia a dia do ser humano, existem diversas formas de perturbação da ansiedade, incluindo a perturbação de ansiedade generalizada, a perturbação de ataque de pânico, a ansiedade social, a fobia medo persistente irracional, a agorafobia medo fóbico de espaços abertos ou fechados, a ansiedade induzida por substância/medicamentos, a perturbação de ansiedade de separação, a fobia específica e o mutismo seletivo. Fonte: Associação Portuguesa das Perturbações da Ansiedade (APPA) |
Consoante o relatório “Health At A Glance” (2018), divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), 18.4% da população portuguesa sofre de doença mental. Portugal é considerado o quinto país da União Europeia com mais pessoas que sofrem destes transtornos mentais, à frente da Polónia, Bulgária e Roménia.
A ajuda externa dos especialistas
Num determinado momento, os indivíduos que vivenciam estas perturbações sentem a necessidade de pedir ajuda. Não conseguem lidar com o “caos” em que a mente se encontra. Dina Alves, Carolina Gomes, Helena Pires e Sofia Araújo são quatro testemunhas de que a ajuda de um especialista, tanto em psicologia como psiquiatria, foram benéficas.
Para identificar a perturbação de cada paciente usa-se a entrevista clínica. Esta é um “instrumento de avaliação primordial” que consiste em perguntas e respostas que permitem “aferir o grau de ansiedade e sofrimento” do utente, percebendo o motivo que o levou a pedir auxílio.
O especialista tenta perceber os sintomas e as características do doente, explorando o passado, o presente e a perspetiva para o futuro – “uma perspetiva panorâmica: como foi a infância, a adolescência, a entrada na vida adulta, as relações interpessoais, a área profissional, a área do lazer, entre outros”, enumera Randdy. Através do “juízo clínico”, o psicólogo vai perceber as nuances que o paciente apresenta e aquilo que deve ser retrabalhado nas consultas.
Após as entrevistas clínicas, de um “ponto de vista percentual e objetivo, são utilizados instrumentos de diagnóstico.” As escalas e os testes permitem fazer uma análise gráfica, perceber os valores de referência e ver se o paciente se encontra acima ou abaixo do valor base.
A questão do “diagnóstico não é estanque”, pois a avaliação é efetuada a partir do momento em que o paciente manifesta determinado quadro psicológico e deve ser feita uma constante avaliação. Por exemplo, “um paciente pode apresentar um quadro clínico apenas de ansiedade, evoluindo, mais tarde, para uma depressão, apresentando um diagnóstico por acumulação”, exemplifica o psicólogo. Quando isso acontece, significa que o doente já “passou de um grau de tolerância para intolerância”, não “tolera mais a ansiedade” e passa “para um quadro depressivo”, declara Isabel Cocheira.
“Nem sempre é fácil encontrar um psicoterapeuta com a qual consigamos ter uma relação que nos faça sentir realmente que está a funcionar”
Helena Pires
Muitas vezes, o paciente não consegue adaptar-se aos métodos utilizados pelo profissional clínico. Carolina Gomes é uma “vítima” desta procura desenfreada até encontrar o especialista que mais se identificou, percorreu cinco no total.
Desde o contacto telefónico para a marcação da consulta começa a ser trabalhada a aliança terapêutica. Esta baseia-se “na empatia, na aceitação incondicional e na genuinidade” para que futuramente dê frutos, afirma Randdy Ferreira. O núcleo central da consulta e do processo terapêutico está assente na relação estabelecida entre o profissional e o paciente. “Quanto mais forte é a aliança terapêutica maior a probabilidade de termos sucesso”, admite o psicólogo.
“A aliança terapêutica ajuda no processo como um todo”
Randdy Ferreira
Disponibilidade e interação devem pautar o estado de espírito do paciente com “abertura para falar sobre o estado emocional, algo que não é fácil de traduzir”, declara Isabel Cocheira.
Numa perspetiva percentual, “o sucesso final baseia-se em 70% na qualidade de relação terapêutica” e os restantes “30% na abordagem e/ou da técnica de psicoterapia que se utiliza.” João Perestrelo reforça que “é necessário compreender uma dimensão maior, pois existe um “ser humano à sua frente num processo profundo de sofrimento”, de forma a construir um espaço em que se possa “sentir escutado, sem juízos de valor”, em que existe uma “consideração positiva.”
Psiquiatra e Psicólogo: um trabalho de equipa com uma possível cura à vista
No universo da saúde mental é habitual referir o psicólogo e o psiquiatra. Estas duas dimensões, apesar de terem as suas diferenças, não conseguiam existir uma sem a outra. Os profissionais “têm de estar em consonância”, declara Randdy, e em “constante feedback”, complementa Isabel. Nessa dinâmica, João Perestrelo considera que não pode haver “incongruências”, em que “um tem uma opinião e o outro tem outra”, uma vez que o paciente deve-se sentir seguro, em que necessita da abordagem conjugada.
O psiquiatra é médico, faz o diagnóstico, trata e medica. Um médico psiquiatra com a formação em técnicas psicoterapêuticas pode avançar com as dinâmicas de desenvolvimento psicológico do cliente. No caso de não ter esse tipo de formação deve direcionar o paciente para um especialista em psicologia e técnicas psicoterapêuticas. O psicólogo faz ainda as avaliações psicológicas que ajudam a confirmar um determinado diagnóstico.
As duas vertentes de saúde cognitiva partilham ferramentas. Uma das diferenças é que “os psiquiatras podem prescrever medicação”, enquanto o psicólogo adquire uma “abordagem mais de desenvolvimento.” No entanto, do ponto de vista do paciente, “tanto lhe faz se é psicólogo ou psiquiatra. Este procura sentir-se melhor”, refere Randdy com firmeza.
O profissional de saúde mental pode escolher uma panóplia de métodos no tratamento da ansiedade e depressão do ponto de vista clínico, nomeadamente o tratamento psicológico, a psicoterapia, os fármacos, o internamento e a eletroconvulsoterapia. Porém, são através das “linhas orientadoras” que o especialista se pode pautar, tendo como referências as características do cliente.
“Uma pessoa ter ansiedade hoje ou daqui a uma semana perante uma situação com a qual tem de lidar poderá ser normal. Outra coisa é todos os dias, durante a maior parte de o dia a pessoa ter sintomas de ansiedade, como palpitações, suor, pensamentos de que vai acontecer a pior coisa, ter pensamentos catastróficos. Neste caso, estamos a falar de um cenário mais clínico e não aquilo que possa ser uma ansiedade normativa“
Randdy Ferreira
Para alguém que padece destas patologias aconselha-se os psicofármacos e/ou as técnicas de desenvolvimento cognitivo. Em casos extremos, o doente pode necessitar das duas abordagens, enquanto num quadro normativo pode não ser exigido o tratamento medicamentoso. Com os dois métodos a recaída torna-se “menos provável” e “sustentam-se mais resultados”, conta o psiquiatra.
João Perestrelo, psiquiatra, adianta que os psicofármacos mais recorrentes para tratar a depressão e/ou a ansiedade são os antidepressivos e os ansiolíticos. Estes medicamentos não são os únicos que os psiquiatras podem prescrever, dependendo das várias variáveis (estado clínico, grau de perturbação e continuidade do tratamento) que o paciente demonstra ao longo das consultas.
Segundo o Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento (Infarmed), de janeiro a março de 2020 foram vendidas 2 milhões 664 414 embalagens de medicamentos da categoria dos ansiolíticos, sedativos e hipnóticos; e 2 milhões 262 530 embalagens da categoria dos antidepressivos. Num total foram vendidas 5 milhões 277 144 embalagens. Desta forma, Portugal destacou-se o quinto países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que mais consome ansiolíticos e antidepressivos. |
A medicação psiquiátrica depende “da tentativa e erro” e requer “reavaliações constantes”, afirma Joana Coelho, médica de família no Centro Hospitalar de Azeitão. Desta forma, a prescrição “não segue um algoritmo”, sendo adequada “a cada doente e a cada doença.” Contudo, o psiquiatra alerta que os psicoativos só devem ser “usados em SOS”, em que o “potencial pode ser aditivo e gerar dependência.”
Para um paciente que toma medicamento(s) é dado um período de “seis a oito meses” e, passado esse tempo, existe um “desmame da medicação”, afirma o psiquiatra. Quando o doente não apresenta melhorias clínicas são introduzidas novas estratégias como a “alteração da dose ou outro tipo de medicação.” Tal como aconteceu com Sofia Araújo e Helena Pires. Houve uma necessidade de adequar a dose a certos momentos e ritmos de vida para uma continuidade benéfica.
“A medicação não é um comprimido mágico que vai resolver tudo da noite para o dia”
João Perestrelo
O estigma dá a cara no que toca a esta discussão, uma vez que, segundo João Perestrelo, existe uma certa “estranheza” daqueles que se sentam na secretária à sua frente. Há utentes que se recusam a tomar medicação. O médico tem a tarefa de explicar os “benefícios de um tratamento correto.” No entanto, não “pode ser o médico a decidir, tem que discutir os prós e contras” com o paciente, admite Joana Coelho, médica de medicina geral.
Carolina Gomes é um caso de rejeição da medicação. Sempre evitou o tratamento medicamentoso. A certo momento foi aconselhada a ser seguida por um psiquiatra, mas tomou a “opção de não tomar a medicação”, acrescentando que dava “tudo por tudo para curar as perturbações de outra maneira”, recorrendo a valeriana, um fármaco natural. Além disso, a youtuber procurou alternativas para se sentir melhor. Lembra que a técnica de hipnoterapia surte grande efeito quando a pratica, referenciando-a como uma ajuda profunda.
Já Helena Pires partilha da mesma opinião. Quando está mais estressada e ansiosa recorre às técnicas de mindfulness, algo que consegue, através disso, estabilizar o nível emocional.
Desta forma, as técnicas psicoterapêuticas são os procedimentos usuais para distúrbios cognitivos. Cada estratégia é definida pelas nuances de cada perturbação. Todas com um objetivo final do quadro clínico, melhorar.
A longo prazo, são cruzadas várias fontes de informação. Isto é, dados de consultas anteriores que permitem, de uma forma objetiva “fazer uma espécie de linha em que se percebe que os sintomas foram diminuindo” e o paciente vai revelando evidências que está a melhorar.
“Se antes a pessoa não socializava e sentia-se desconfortável, e depois do tratamento passa a estar é uma evidência. Se antes passava a maior parte do dia na cama e não cuidava da higiene, não se alimentava, não dormia, e passa a cuidar de si e dormir melhor são evidências. Se antes tinha uma visão de si próprio constante de não ser alguém de valor, digno de ser amado, e passa a olhar para si próprio de forma diferente são evidências”
Randdy Ferreira
“A mente inquieta:” ações preventivas
Além da psicoterapia e dos fármacos, o doente pode recorrer a ações previdentes para controlar o seu estado de espírito emocional e prevenir que, no futuro, desenvolva estas perturbações.
Um paciente com uma “mente inquieta”, em “constante estimulação, não consegue fazer mais nada”, sendo difícil conseguir-se abstrair dos problemas que o absorvem. A certo momento, sentem-se incapazes e vivem apenas num campo “unicamente mental”, afirma o médico psiquiatra. Nestes casos é necessário o doente estimular o seu estado de observação, olhar ao seu redor e absorver as coisas sem as categorizar com distanciamento para ver o cenário amplamente.
As cargas genéticas e hereditárias são endógenas e é difícil os indivíduos conseguirem combater os distúrbios. Existem situações que funcionam como um gatilho, em que vão “acionar um conjunto de sintomas que conferem um diagnóstico.” Por vezes, a “ansiedade normativa está adormecida, mas em algum momento tem um conjunto de razões que podem ultrapassar a capacidade de gestão do indivíduo”, começando a surgir “sintomas físicos e incapacitantes”, exemplifica João Perestrelo. Desta forma, há “genes que predispõem este tipo de patologias” e “perante um determinado estímulo desenvolvem-se”, acrescenta. A epigenética deve ser enfrentada através de uma série de atividades que o utente pode praticar para não desenvolver um desequilíbrio bioquímico.
Para enfrentar os sintomas depressivos e ansiosos, os doentes podem praticar exercício físico, uma vez que é uma atividade que proporciona grandes quantidades de serotonina e endorfina, hormonas essenciais para melhorar o bem-estar. A meditação conduz ao autoconhecimento e à capacidade de controlar os sentimentos, o que melhora a confiança e a autoestima. Desfrutar de consultas de acupuntura, de forma a aliviar a dor e o stress, bem como Reiki, uma técnica que proporciona relaxamento e bem-estar. Técnicas de respirações diafragmáticas são igualmente uma opção, na medida em que “promovem uma maior oxigenação no cérebro para o paciente controlar-se”, refere Isabel Cocheira.
Randdy Ferreira, psicólogo, aconselha que os doentes, para manter a mente ocupada, devem “manter um estilo de vida saudável” que inclui a socialização. O “suporte social” caracteriza-se como um dos “fatores que têm mais peso na saúde mental”, adianta.
Qual o papel do médico de família? Segundo a Organização Mundial dos Médicos de Família (WONCA), o Médico Geral e Familiar é responsável por prestar cuidados globais, integrados, coordenados e continuados conforme as necessidades do utente. “No compromisso deontológico, o médico orienta a sua atividade para benefício da pessoa, doente ou em saúde, e da comunidade, não para fins lucrativos.” O doente tem a possibilidade de escolher um serviço público ou um serviço privado. O #infomedia apurou como é feito o acompanhamento quando o utente escolhe o serviço público, constatando que o médico de família percebe as características do doente e da sua doença, encaminhando para a psicologia ou psicoterapia em casos de necessidade. Joana Coelho, médica de família, afirma: “os pacientes com ansiedade e depressão minor são suficientemente seguidos pelo médico de família. Casos menos simples e/ou resistentes à medicação podem ser discutidos com equipa de psiquiatria.” Além disso, Joana constata que existe um constante feedback, já que é o especialista em medicina geral que melhor conhece a “nível global e também a rede de suporte” do utente. Um paciente que revela fragilidades psicológicas poderá ser passado uma baixa. A baixa (Certificado de Incapacidade Temporária) “inicial pela Segurança Social” com duração máxima de 12 dias, pode ser “prorrogada a cada 30 dias, subentendendo-se que, nesses momentos, há reavaliação do doente”, declara a médica de família. |
A importância das associações na esfera pública
A psicoterapia, muitas vezes, não chega. Não é a única alternativa para aliviar o caos do doente. Recorrer ao apoio de associações é uma opção. Foi a opção acertada para Dina Alves e Helena Pires que fazem parte dos cinco elementos que compõem o grupo de autoajuda da Associação Portuguesa das Perturbações da Ansiedade (APPA).
Sexta-feira ao final do dia é o momento de partilha. Partilhar conversas semanalmente é um ritual que perdura há dois anos. Com a duração de 90 minutos, o grupo discute ideias, batalhas e dificuldades. A motivação que levou à criação do grupo foi por um acompanhamento mais próximo, fugindo ao rótulo da anormalidade, onde os intervenientes sentem que não são os únicos e isso é um ponto de abertura. A associação tem flexibilidade de consultas de autoajuda e consultas individuais.
A APPA caracteriza-se pela disponibilidade total. As reuniões de autoajuda têm um grupo no WhatsApp que é “alimentado” pelos indivíduos. A dinâmica consiste num apoio constante. Se os indivíduos tiverem uma preocupação podem partilhar no grupo e, assim, puxam-se e desafiam-se uns aos outros.
“Os grupos de autoajuda, por vezes, têm mais sucesso terapêutico do que a consulta individual”
Isabel Cocheira
A Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) é uma organização com várias delegações espalhadas pelo país. O #infomedia deslocou-se ao centro que se situa na Avenida da República, junto do edifício da Câmara Municipal de Gaia, distrito do Porto. Abordamos Randdy Ferreira, psicólogo há mais de uma década na instituição.
Com o lema “por um mundo mais humano”, a CVP trabalha em prol de salvaguardar e aliviar o sofrimento humano, em Portugal e no mundo, sempre com a preocupação de incidir na saúde mental e no apoio psicossocial. É um local onde os doentes também recorrem nos momentos que necessitam de mais apoio.
O Serviço Nacional de Saúde e o aconselhamento psicológico
O Serviço Nacional de Saúde (SNS) é um sistema complexo que disponibiliza cuidados de saúde em todas as fases da vida das pessoas. Este sistema está organizado em rede para melhor uso dos cuidados de proximidade e, consequentemente, melhor aproveitamento dos recursos, conforme a situação e a gravidade.
Antes do aparecimento do covid-19, o SNS não tinha disponível uma linha de apoio psicológico, algo que só foi colmatado com a vinda da pandemia. O aumento de casos de ansiedade e depressão ocorreu nesse período. Este serviço, para dar resposta à crescente população com estas perturbações e não só, criou, através de uma parceria com os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, a Fundação Calouste Gulbenkian e a Ordem dos Psicólogos Portugueses, uma linha de aconselhamento psicológico, tendo em conta a prioridade atribuída à saúde mental.
Segundo a página institucional do SNS, a linha de aconselhamento psicológico foi criada a 1 de abril de 2020, contava com 63 novos psicólogos e, passado um ano de atividade, o serviço atendeu 75 mil chamadas.
O Presidente dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), Luís Goes Pinheiro considerou que este serviço teve muita procura porque “no primeiro confinamento as pessoas tinham muita ansiedade, muito stress, muitas dúvidas também quanto ao seu futuro, designadamente, profissional e, portanto, houve de facto uma procura da linha motivada pelo choque inicial do embate com a pandemia.” Luís Goes Pinheiro fez um “balanço muito positivo”, uma vez que, ao fim de um ano, constatou que “tem sido um sucesso porque, acima de tudo, as pessoas têm procurado esta linha e têm obtido respostas.” Fonte: Página Institucional do Serviço Nacional de Saúde |
Este serviço foi criado com os objetivos de gerir emoções, oferecer resiliência psicológica, reduzir a probabilidade de desenvolver problemas do foro mental na sequência da pandemia por covid-19, alicerçar o aumento do sentimento de segurança da população e dos profissionais de saúde e encaminhar os utentes para outras entidades de apoio, em caso de necessidade identificada pelo psicólogo.
A criação desta linha de apoio reforça uma das missões do SNS 24 para assegurar melhor acessibilidade à saúde mental no momento pandêmico que o país atravessa.
Como pedir ajuda?
SNS 24 - linha de apoio psicológico
Uma linha telefónica que está disponível 24h por dia, sete dias por semana. O utente pode pedir aconselhamento imediato para qualquer tipo de problema de saúde mental. Pode também falar com um psicólogo clínico para aconselhamento psicológico. Em suma, através desta linha de apoio pode saber qual o serviço de saúde mais indicado para a situação e, nesse sentido, um encaminhamento direto para agendar a consulta.
Para aceder a este serviço basta ligar para o número: 808 24 24 24.
Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) e as Unidades de Saúde Familiar (USF)
São a porta de entrada do serviço nacional de saúde e estão espalhadas por todo o país. Os centros têm equipas preparadas para incidir em qualquer problema, nos casos de saúde mental mais comuns, como a depressão e a ansiedade, o médico de família está preparado para lidar com a situação. Ou então, se for necessário, encaminhar as situações mais complexas para a consulta de Psiquiatria ou Pedopsiquiatra (menos de 18 anos).
Para aceder a este serviço pode marcar online uma consulta com o médico de família; ou identificar qual a unidade da área e marcar no local com o cartão de cidadão; pode ainda ligar para a linha saúde 24 (808 24 24 24) e marcar a consulta com o número de utente.
Hospitais
É a infraestrutura onde o utente pode encontrar serviços mais especializados como, por exemplo, psiquiatria e pedopsiquiatria.
Para aceder a este serviço necessita de antecipadamente recorrer ao médico de família, pois este faz o encaminhamento para os serviços hospitalares.
Linha SOS Voz Amiga
Está disponível para quem está em sofrimento e sente que seria bom falar, seja anonimamente e sem constrangimentos.
Para aceder a este serviço basta ligar para o número: 213 544 545, 912 802 669 e 963 524 660 (anónimo, diariamente, das 15h30 às 00h30 ); 800 209 899 (gratuito, anónimo, diariamente das 21h às 24h)
Associação Portuguesa das Perturbações da Ansiedade (APPA)
Para aceder a este serviço basta ligar para o número: 912209441; ou enviar email para info@perturbacoesansiedade.pt
Cruz Vermelha Portuguesa (CVP)
Para aceder a este serviço basta ligar para o número: + 351 213 913 900; ou enviar email para sede@cruzvermelha.org.pt
Associação de Apoio aos Doentes Depressivos e Bipolares (ADEB)
Para aceder a este serviço basta ligar para a sede mais próxima de si: 96 898 21 50/ 92 411 23 44/ 96 616 57 43 (Sede Nacional – Lisboa); 93 857 69 00/ 932 713 247 (Delegação Norte – Porto); 96 898 21 17/ 925 552 578 (Delegação Centro – Coimbra)
Mariana Venâncio, 20 anos. Com muitos sonhos por realizar. Hoje, estou a concretizar mais um, estar no curso de Ciências da Comunicação. Ainda com sonhos pela frente, mas cada vez mais próxima de os realizar. Acreditar. Sempre! Gosto de sonhar. Faço parte da editoria de Saúde e é por lá que me quero aventurar!