Armando Almeida aka OG “A composição do EP é bem quente, duvido muito que algum vírus o consiga afetar”
- Catarina Preda
- 14/12/2020
- Arte e Culturas Música
Com a chegada de uma pandemia nacional vários artistas sentiram a necessidade de se reinventar, gerando uma nova “era”.
Foi nos anos 90 que começaram inúmeros artistas portugueses a dar os primeiros passos no Hip-Hop nacional como Boss AC e Sam the kid. Armando Almeida aka OG’ aka G’IzUz, rapper feirense recorda nostálgico os seus alicerces a este género musical devido a banda portuguesa Da Weasel, tinha “6 ou 7 anos. Gostei da forma como as rimas encaixavam na batida, a musicalidade, os ritmos. Acho que o meu interesse surgiu a partir daí.”
O hip-hop em Portugal desenvolveu-se muito rapidamente na entrada do século XXI, com um crescimento massivo de concertos, de ritmo de trabalho e de artistas. Com este rápido aumento de oferta na indústria musical houve necessidade de criar estruturas e essencialmente experiências, que continuam em constante mutação até aos dias de hoje. OG sente este “tormento na pele” e confessa “que, não é nada fácil manter um crescimento progressivo da tua carreira nos dias de hoje. Há muita procura e as tuas faixas são consumidas a uma velocidade enorme e atiradas para trás da estante. São precisos contactos, agarrar todas as oportunidades e publicitar de forma inteligente e assertiva (…). Acho que, o segredo é manter o foco, continuar a trabalhar arduamente e atirar o melhor produto com consistência e uma boa estratégia por trás de todo o processo.”

Em Portugal esta transição de década foi crucial na mudança de mensagem transmitida pelo hip-hop: a passagem de causas. A época foi marcada por movimentos de combate ao racismo, acompanhado de vários grupos multirraciais como os Grognation ou o singular Valete, tendo este cercado também as questões políticas e a vida nos subúrbios, marcando a “resistência e a valorização das próprias ideias”.
Com a entrada das novas gerações tudo mudou: os beats, a vibe mais soul, jazz e R&B e versos mais harmonizados, e especialmente com a chegada de 2020 todos tiveram de se adaptar devido a pandemia – a Covid19. Por um lado, os artistas foram obrigados a adaptar-se a nova realidade e a encontrar forma de intensificar a produção cultural, como por exemplo a criação do projeto “Festival eu fico em casa”, que consistia em pequenas atuações transmitidas na plataforma Instagram, contando com a presença de Domi, Boss AC, Bispo e muitas outras caras conhecidas do Hip-Hop nacional. Em contrapartida o setor cultural e artístico sofreu, e muitos artistas como o rapper oriundo de Santa Maria da Feira foram obrigados a tomar outros caminhos “Sendo um artista que ainda não vive inteiramente da música, o que me safou nesta época pandémica foi sem dúvida um Full-Time job. Tínhamos vários concertos marcados pelo norte do país, inclusive algumas entrevistas na Rádio e infelizmente foram todas desmarcadas. Espero que 2021 traga surpresas (…)” e aguarda que – “Que tudo volte ao normal para voltarmos ao fluxo normal de trabalho.”.
No que respeita a novos projetos, o rapper esclarece que “A sair do forno, tenho o meu primeiro EP denominado “Late Night Booty”, composto por cinco temas originais, produzidos por mim e pelo grande FX Poppa (produtor/compositor). Trabalhamos muito e continuamos a fazê-lo para obtermos o melhor produto final possível. Como toda a composição do EP é bem quente, duvido muito que algum vírus o consiga afetar e espero que, quando tudo acalme, possa tocar “Late Night Booty” de Norte a Sul do país.”
Pode conhecer os novos lançamentos de G’IzUz disponíveis até dia 4 de dezembro em todas as plataformas digitais.
Editora e colaboradora do #infomedia. Natural de Santa Maria da Feira, comunicadora desde sempre e (quase) jornalista por opção.