As incertezas de uma bailarina portuguesa a sonhar com Londres

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As incertezas de uma bailarina portuguesa a sonhar com Londres

Francisca Mendo tem 26 anos, é natural do Porto, vive em Londres e é bailarina profissional. Teve de sair da cidade londrina devido à pandemia e ficou sem trabalho. Decidiu voltar para o Porto, no dia 20 de março, para ficar perto da família, antes que se tornasse difícil conseguir regressar. Vive o receio geral de ser infetada pelo vírus invisível.

Fotografia de Manuel Soares. Retrato de Francisca Mendo. Fez uma sessão de fotografias em casa, durante o tempo de isolamento.

Confessa que estes tempos estão a ser um grande desafio. De um momento para o outro teve de deixar para trás uma urbe cheia de movimento, de arte e de oportunidades para os bailarinos. Foi obrigada a mudar, completamente, a sua rotina. “De repente estou em Portugal completamente fechada em casa. Perdi dois contratos para os quais tinha trabalhado muito para os conseguir, em Londres, o que me deixou bastante desmotivada.”

Confessa-se apreensiva quanto ao futuro. “Poderei voltar para Londres? Terei as mesmas oportunidades que tinha antes?” São muitas as questões que a Francisca ainda não consegue responder e que lhe trazem alguma ansiedade sobre os rumos da sua carreira. Acredita que, em parte, tem sido a arte e a cultura os grandes suporte para melhorar a vida das pessoas, ajudando-as a manterem-se ativas. “É importante que os portugueses não se esqueçam disso. Está nas mãos de todos nós ajudar a levantar a cultura, assim que haja condições de segurança para o fazer”, apela Francisca. 

O processo de adaptação e de mudanças foram vários. Atualmente, está empenhada em aprimorar o seu currículo para procurar trabalho no Porto, por isso, passa horas à procura de novos alunos de dança online. “Dançar a partir de casa, foi a primeira aventura que agarrei.” Conta que começou a dar aulas três vezes por semana online, através do instagram. Acompanhou os seus alunos de Londres e deu aulas particulares via zoom. Essas foram as suas principais fontes de rendimento, para poder garantir o dia-a-dia. Mas foi insuficiente, pois Francisca mantém compromissos em Londres aos quais não consegue contornar, já que continua a pagar a renda da casa em Londres. Há 7 anos que Francisca tinha conseguido tornar-se autónoma, financeiramente, como bailarina e professora. A pandemia retirou-lhe essa liberdade e trouxe-lhe a inquietação. “Não posso fazer planos com tanta incerteza. Quando vai sair a vacina? Quando vai voltar tudo ao normal?”. Mas, no meio de tanta ansiedade, teve oportunidade de encontrar uma certeza: “Temos mesmo de lutar pelos nossos sonhos porque pode não haver o depois para os concretizar.”

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Publicado por Catarina Aires