No dia 27 de novembro às 20h30 deu-se o pontapé de saída no Estádio Nacional do Jamor para o jogo Belenenses SAD X BENFICA. A contar para a décima segunda jornada do principal escalão de futebol português, o jogo revelou-se um dos mais polémicos da temporada com a entrada da equipa da casa em campo com apenas 9 jogadores devido a um surto de covid-19.

Depois de duas vitórias para a liga Portugal Bwin frente ao Braga e ao Paços de Ferreira e de um empate em Camp Nou frente ao Barcelona, que veio a revelar-se extremamente importante face ao objetivo dos encarnados na UEFA Champions League: garantir o apuramento para os oitavos de final da prova. As águias viajavam agora uma curta distância desta feita até ao Jamor para defrontar a equipa do Belenenses SAD. Vinda de uma vitória frente ao Caldas, equipa de escalão inferior, a contar para a prova rainha e anteriormente de uma prestação menos conseguida em Portimão, que levou a uma derrota por duas bolas a zero.

Neste jogo a equipa do Belenenses SAD entrou em campo com apenas nove jogadores. Um surto de covid-19 foi a causa de 18 baixas na equipa “azul”, desde jogadores a elementos da equipa técnica e médica, que acabou por deixar a equipa sem jogadores. 

O presidente da equipa lisboeta, Rui Pedro Soares, prestou declarações antes da partida numa conferência de imprensa através de meios digitais. Confessou não ter pedido o adiamento do jogo nem ao Benfica, nem à liga nem às autoridades de saúde. Afirmou conhecer as condições na qual o plantel se encontrava e mostrou confiança nos restantes jogadores inscritos na prova e também nas autoridades de saúde, a quem atribui a decisão quanto à realização do jogo. 

A partida esteve envolta ainda em nova polémica com a possibilidade de um dos casos de covid-19 ser derivado da nova variante Omicron. O atleta sul-africano, Cafú Phete, havia viajado do seu país natal rumo a Lisboa, onde aterrou no dia 18 de novembro. Foi  já a terceira vez que o sul-africano contraiu a doença.

Rui Pedro Soares relembrou ainda um acontecimento semelhante ocorrido na época passada, quando o Benfica sofreu igualmente um surto de covid-19 e viu-se forçado a ir jogo frente ao Nacional da Madeira.

Declarações na conferência de imprensa de Rui Pedro Soares  “O Belenenses SAD não pediu o adiamento do jogo, nem ao Benfica, nem à Liga, nem às autoridades de saúde. Não houve pedido, nem recusa, nem acordo. Não houve nada. Isso não aconteceu, nem vai acontecer” “Temos 38 jogadores inscritos. Confiamos em todos e, se os inscrevemos, é porque consideramos que têm valor para jogar. A decisão é das autoridades de saúde, em quem confiamos plenamente. Quando a decisão for tomada, vamos respeitá-la” “Todos os atletas estão vacinados”, realçou o líder da equipa lisboeta, acrescentando: “Há casos com sintomas, mas a maior parte [dos infetados] estão assintomáticos.” “O Benfica pediu o adiamento, o Nacional não aceitou e o jogo realizou-se. Três dias depois, decorreu um Benfica-Belenenses SAD para a Taça de Portugal, o Benfica pediu o adiamento e o Belenenses SAD aceitou. No entanto, veio a ser realizado porque o Marítimo não deu a aprovação para o adiamento. Não temos nada a ver com as decisões tomadas por outros clubes.”

JOGO JOGADO

O Belenenses SAD entrava então em campo com apenas nove jogadores, sendo que apenas dois deles integram a equipa principal, Calila e Boni. Um dos guarda-redes da equipa “azul” atuou como jogador de campo enquanto os restantes eram atletas da equipa de sub-23 de Belém. Por sua vez os encarnados foram a jogo com a sua equipa mais forte e na máxima força. Em declarações pós-jogo, o treinador “encarnado” realçou desconhecer a situação tão agravada da equipa adversária até ao momento da entrega dos “onze”.

O primeiro golo surgiu logo ao primeiro minuto através de um autogolo de Kau. Momento que evidenciou as debilidades da equipa para a partida onde se apresentou com um guarda-redes, cinco defesas e três médios. Com o decorrer normal e expectável do jogo, a vantagem do Benfica só aumentou com o resultado a chegar sete a zero ao intervalo, com dois golos de Seferovic, três de Darwin e um de Weigl. Ao intervalo Jorge Jesus trocou cinco jogadores do onze titular enquanto a equipa do Belenenses SAD regressou ao terreno de jogo apenas com sete jogadores, o mínimo obrigatório para se iniciar e ou recomeçar um jogo. O jogo recomeçou com o início da segunda parte mas foi preciso esperar menos de um minuto até João Monteiro, o guarda-redes que atuou como jogador de campo, estender-se no relvado e expressar a falta de capacidade para continuar em campo, forçando assim o árbitro Manuel Mota a dar o jogo como terminado, suportado pelas leis de jogo que determinam que nenhum jogo se inicie e ou recomece quando uma das equipas tem menos de sete jogadores. 

Num comunicado enviado aos meios de comunicação, a DGS frisa que em nada tem a ver com a decisão da realização do jogo, mas que essa decisão cabe às autoridades de saúde local.  “Na defesa e proteção da Saúde Pública, compete à Autoridade de Saúde local a investigação epidemiológica de casos de infeção por SARS CoV-2/COVID-19 para a implementação de medidas de prevenção e controlo, de modo a interromper cadeias de transmissão da infeção (…) A Autoridade de Saúde e a DGS não se pronunciam sobre a realização de jogos, quer sejam de futebol ou de outro desporto”