Campanhã: Uma viagem ao presente, passado e futuro
- Ana Sousa
- 21/06/2022
- Atualidade Editorial Híbridos
Uma viagem ao passado daquilo que foi Campanhã e o que esperam para o futuro as pessoas que aqui vivem. Atualmente está muito diferente, é uma freguesia mais urbanizada e com muitos planos para o futuro, como a construção do Terminal Intermodal que já está a decorrer.
“Há muitos benefícios de viver em Campanhã, estou num sítio que tenho muita paz, claro que o sítio em si há problemas como há em qualquer lado da cidade não é só aqui.”
“Eu gosto de viver em Campanhã, eu nasci em Campanhã e morro por Campanhã”
Paulo Ribeiro
O morador e Presidente afirma que existem vários pontos importantes para a freguesia, como a estação ferroviárias e o prestígio do futebol. “A freguesia desenvolve-se com o grande clube que tem o nome da cidade do porto, que é o futebol clube do porto há 60 anos que está na freguesia de Campanhã e continua, é o esplendor da freguesia.”
Estádio do Dragão: O Estádio do Dragão localiza-se na freguesia de Campanhã, na cidade do porto, sendo propriedade do FC Porto e é neste recinto que a equipa joga as suas partidas em casa. Este estádio foi inaugurado a 16 de novembro de 2003, anteriormente a equipa tinha o sei estádio localizado nas Antas. O Dragão tem uma capacidade de 50 033 espetadores e já foi palco de vários eventos, como por exemplo o Euro 2004, a Liga das Nações da UEFA de 2018-19 e também já foi utilizado para muitos concertos musicais. |
Campanhã pelos olhos de quem é apenas morador
“eu nasci aqui fui criado aqui fiquei por aqui”
Álvaro Martinho tem 48 anos, é nascido e criado nesta freguesia, afirma que “É uma boa freguesia por tudo, pelo ambiente, pelas pessoas, pela comunidade em si.” Para este morador a zona onde vive têm de tudo um pouco e está perde de tudo porem afirma que o transito é bastante constrangedor e dificulta um pouco a vida das pessoas.
Este morador faz muitos elogios às pessoas que moram em Campanhã dizendo que estão sempre prontas para ajudar uns aos outros sempre que é preciso e afirma que isso “contribui para o bem-estar da cidade.”
Rui Sousa tem 63 anos e também nasceu em Campanhã onde vive até hoje, trabalha ao balcão de um café perto da Estação de Campanhã. Gosta muito da zona onde vive, porém também é capaz de dizer que têm coisas a menos e coisas a mais, justificando que “, falta mais convívio e mais parques para as crianças brincar.”
Na opinião deste morador esta zona não tem só coisas boas, dizendo que sentiu na pele as consequências justificando “que isso tirou muito movimento e muita clientela aos cafés, as pessoas saem do comboio e metem se no metro e roubou muitos clientes à restauração”. Rui Sousa afirma que preferia a freguesia como era há uns anos, “quando era uma zona rural”.
“a nível de custo de vida, a nível de arrendamentos, a nível de compra, esta completamente impossível aqui viver”
Emília Maximiano, é cabeleireira e vive na freguesia desde sempre, já lá vão 36 anos. A moradora afirma que por algum tempo foi uma freguesia esquecida, porém “já têm mais evolução e está a ficar muito melhor”. Na sua opinião, a freguesia não oferece grande coisa para a cidade porque “pessoas do outro lado não veem de propósito a Campanhã, não há muita variedade”.
Tal como Rui Sousa, Emília também acha que falta muita área de lazer afirma que não há muito para fazer na zona que faltam coisas para “entreter as crianças e não só”.
Onde tudo começou
Vamos viajar até ao passado desta freguesia, Campanhã situa-se na parte mais oriental da cidade do Porto, sendo a maior freguesia, mais precisamente 1/5 da cidade. Em 1120 era dividida em duas partes, a área ocidental que era mais próxima do centro do burgo e a parte oriental que pertencia ao “Senhor Rei”.
Era uma importante reserva agrícola enquanto a urbanização não chegou, era muito conhecida por ser uma zona de muito cultivo porem não é só de agricultura que vivia Campanhã, nas Memórias Paroquiais de 1758” destacam-se outros dois grupos, os pescadores que pescavam junto ao rio Douro e os moleiros que tinham em sua pose 76 rodas de moinhos.
Esta freguesia começou a ficar muito industrializada e com bastante mão-de-obra, tendo de evoluir. É com este avanço que se dá a expansão dos meios de transportes mais especificamente os Caminhos de ferro, em 1875 já era possível fazer viagens de comboio até Braga e até Penafiel.
Estação de Porto Campanhã:
Inicialmente tinha o nome de Estação Ferroviária de Pinheiro, posteriormente apenas Estação Ferroviária de Porto e só depois o nome que é hoje Estação Ferroviária de Porto Campanhã, situada na Freguesia de Campanhã.
No norte do país é a principal estação ferroviária e foi inaugurada a 21 de maio de 1875, o seu principal foco era o transporte de mercadorias. Com a inauguração da Estação de São Bento, esta estação passou para segundo plano, isto volta acontecer com abertura da Estação de Contumil, em 1900. A Estação de Contumil está muito ligada à manutenção e gestão de material, aliviando assim as oficinas de Campanhã que por sua vez já não tinham capacidade suficiente.
Ao longo dos tempos a estação foi sofrendo algumas alterações para a modernização da mesma. Atualmente a estação funciona como a principal gare do Porto para efetuar viagens de longa distância, porem também são utilizados serviços regionais e suburbanos.
O Futuro de Campanhã
Campanhã foi se desenvolvendo ao longo dos anos e tal como nos disse o Presidente da junta, “neste momento está a ficar desenvolvida e basta fazer um passeio por Campanhã e daqui a meia dúzia de anos, com muito agrado meu vai ficar uma segunda foz sem mar, mas uma segunda foz”. Mas serão só estas a perspetivas de Paulo para o futuro?
O futuro deste lugar está muito ligado ao terminal intermodal de Campanhã.
Terminal Intermodal de Campanhã:
O terminal tem como principal objetivo completar a intermodalidade de Campanhã, visto que já possui a Estação Ferroviária e a linha de Metro.
Este projeto serve para que a freguesia possua autocarros da STCP, para aproveitar a boa localização da zona visto ser perto da Via de Cintura interna (VCI) e das autoestradas (A1, A3 e A4).
Fotografia- Ana Sousa
Vão ser contruídas novas vias de acesso e lugares para estacionamento, o que irá ajudar a retirar trânsito na Rua do Freixo. A obra já tinha sido discutida no Governo há 14 anos mas nunca tinha avanção, para este projeto foi investido um total de 12 milhões de euros.
Este projeto começou em 2019 e tinha um fim previsto para o dia 19/06/2021 e que acabou por ser alterado para dia 12/12/2021, o que também não aconteceu.
O Presidente está confiante que tudo o que virá será bom. Foi bombeiro durante 32 anos e acredita que a construção do terminal vai facilitar muitas coisas “o terminal intermodal de Campanhã vai tirar o transito pesado do centro da cidade eu vou falar um bocado disso como bombeiro, eu fui bombeiro nesta cidade durante 32 anos e nós sabemos que o transito pesado é muito (…) o terminal vai retirar do centro da cidade tudo o que é autocarros, camionetas”.
A zona onde o terminal está a ser construído numa zona que era muito fechada, numa rua sem saída, segundo o presidente é uma zona que “está a ganhar mais vida…Campanhã está a ganhar vida em todos os lados”.
Esta nova construção está a ser vista com bons olhos por parte de Paulo Ribeiro, afirma que todos os meios de transportes da zona vão estar ligados entre eles e que “O terminal vai fazer com que muitas pessoas deixem os carros, eu acho que quando tivermos ligação como o terminal e com a estação de comboios, acho que muita gente vai pensar duas vezes porque sai de um lado e entra no outro, ou seja, sai do autocarro tem o metro que hoje já nos leva para todos os sítios, chegando à estação de Campanhã faz a sua minha vida.”
Paulo Ribeiro não é o único achar que o que aí vem é bom. Emília Maximiano tem boas expectativas para esta construção, acredita “que o terminal vai trazer mais trabalho para aquela zona ali à volta e que vai trazer menos confusão para a zona perto da estação” e não só acredita que irá potencializar a zona e trazer mais emprego para quem ali vive.
Porém há quem não seja da mesma opinião, para Rui Sousa o terminal é algo que o preocupa, ele acha que é algo que vai afastar muito as pessoas desta freguesia, indo “tudo para o outro lado” (cidade). E não é só ele achar isso pois Álvaro Martinho tem a mesma opinião, ele não acredita que o terminal traga algo de bom para a zona não tenha grandes vantagens, justificando que “as pessoas vão chegar ali e vão acabar por se concentra ali e acabam por fazer a vida ali, não se vão deslocar”, ou seja, Álvaro acredita que Campanhã vai deixar de ter tanto movimento, concentrando-se tudo na cidade.
A modernização não agrada a todos, porém nenhum dos morados mudava o lugar onde vivem, nisso a opinião deles é unânime.