Castanha escasseia nos campos, mas vendedores não sentem falta de clientes
- Bruno Borges
- 31/12/2022
- Atualidade Portugal Sem categoria Viagens
Produtores atribuem à seca responsabilidade por quebra na produção. Vendedores há dois anos que não vendiam tão bem

Precipitação abaixo da média no último ano é a grande culpada entre os produtores do distrito de Bragança para a escassez de castanha. Já os vendedores dizem que há dois anos que não tinham vendas tão boas.
Produtores de castanha admitem quebras de 80% na produção, comparado com o ano passado, em resultado da seca nos meses de verão: “Se nos finais de julho e início de agosto tivesse chovido uns dias, haveria mais castanha”, sublinhou Susana Reigadas, produtora de castanha.
Já os vendedores de castanha assada do Porto assumem que o negócio está melhor do que nos anos anteriores.
Rosa Cardoso, vendedora de castanhas na Baixa do Porto, explica não ter tantos ganhos, em relação ao período pré-pandemia. Devido à inflação, além da castanha, também o carvão e o sal subiram de preço, sublinha a vendedora.
Mesmo com o aumento dos produtos, há comerciantes que não refletiram a subida no preço de venda das castanhas, que ronda os três euros por dúzia. “Há quatro anos estava a vender castanhas e até hoje o preço manteve-se”, sublinha Rosa Cardoso.
Já Paulo Sérgio afirma que para combater estes aumentos teve de subir o preço da castanha, embora este aumento não ultrapassou a média dos três euros por dúzia: “O preço da castanha está mais caro para o cliente, pois para nós também subiu”.
A outra face da moeda: para os produtores está tudo mal

Fábio Borges, produtor de castanha, acrescenta que a “falta de chuva e as altas temperaturas no verão provocaram um stresse hídrico às árvores, o que levou a que a castanha se estragasse no ouriço.”
Os agricultores mostram-se indignados com o preço a que lhes é pago o produto, que ronda o valor de um euro e trinta cêntimos por quilo. Afirmam ser um valor “baixo, que este ano mal dá para cobrir as despesas inerentes à produção.”
Nos principais hipermercados nacionais e lojas de retalho o valor da castanha está entre os quatro euros e cinquenta cêntimos e os dez euros por quilo, ou seja, é vendida a um preço até sete vezes mais caro, do que aquele porque é comprada ao produtor.
A ARBÓREA – Associação Agroflorestal da Terra Fria Transmontana confirma este parecer dos agricultores e reafirma que a seca está a atrasar o desenvolvimento do fruto o que leva os ouriços a demorarem a abrir.
Este atraso vai levar a que apanha da castanha se prolongue até Dezembro, quando deveria acabar em Novembro.
Segundo esta associação cerca de 60% da produção nacional de castanha é proveniente dos concelhos de Bragança e Vinhais, sendo que 80% desta é exportada para Itália.
A castanha até pode demorar mais um bocadinho a chegar, mas nada que impeça os Portuenses de as saborear neste momento.