“Circo de Papel” em cartaz até 6 de janeiro, em Famalicão

Voltar
Escreva o que procura e prima Enter
“Circo de Papel” em cartaz até 6 de janeiro, em Famalicão

Após mais de um ano longe do público, o “Circo de Papel” regressa a Famalicão com o espetáculo “AQUARELA” e está em cartaz até ao dia 6 de janeiro. O cartaz conta com três sessões diárias de terça a sábado às 10h, 15h e 21h e, aos domingos, às 10h e às 15h.

[Texto de Ana Jorge]

“AQUARELA” é um espetáculo circense do projeto Circo de Papel e é inspirado no livro “Meninos de Todas as Cores” de Luísa Ducla Soares. Trata-se de um projeto de circo contemporâneo e a história é contada a partir das várias técnicas do circo, nomeadamente malabarismo e acrobacias, como forma de abordar o tema principal da história que é as diferenças entre os humanos e os pontos em comum.

O circo contemporâneo caracteriza-se por ser a nova geração circense composta, essencialmente, por pessoas que não nasceram no meio. Este é um circo aprendido nas escolas e/ou em cursos superiores. Por outro lado, o circo tradicional é reconhecido pelos animais, pelos palhaços e composto por pessoas nascidas no circo itinerante, sendo uma arte passada de pais para filhos. 

A personagem principal é uma adolescente famalicense, Francisca, a qual, guiada pela curiosidade natural da idade, parte para uma viagem para descobrir novas culturas e modos de vida. Ao longo de toda a viagem, ela conhece acrobatas, equilibristas e malabaristas que lhe ensinam que cada um pode ser e fazer tudo, independentemente da sua origem e cultura.

Fotografia cedida pela produção do Circo de Papel e da autoria de Bruno Machado

O elenco do espetáculo é composto por cinco artistas de diversas áreas, Ariana Sebastião, Alan Sencades, Michele Mara, Chiara Capparelli e Alvin Yong.

Michele Mara, de 40 anos, atriz e cantora brasileira, conta que o “AQUARELA” possui o propósito de falar sobre diversidade e respeito pelas diferentes culturas e línguas. Alan Sencades, um jovem brasileiro de 25 anos profissional de roda cyr [aparelho acrobático que consiste em um único anel grande feito de metal, mais alto que o artista], afirma que o tema central deste espetáculo é a diversidade étnica e que “a diversidade é o que torna cada um de nós especial e único.”

Intérprete: Michele Mara – Fotografia cedida pela produção do Circo de Papel e da autoria de Bruno Machado

Juliana Moura, diretora artística do espetáculo e membro da direção geral do Instituto Nacional de Artes do Circo (INAC), declara que o conteúdo criativo partiu, em grande parte, dos intérpretes, dado que se entregaram legitimamente à peça. “Os intérpretes ofereceram coisas próprias das suas histórias para que, posteriormente, pudéssemos desenvolver cenicamente o espetáculo”, ressalva. A diretora artística do “AQUARELA” nota que o público sente cumplicidade com os intérpretes por se tratar de um espetáculo que retrata histórias reais.

O INAC é um polo internacional localizado em Vila Nova de Famalicão, cidade pertencente ao distrito de Braga, no norte de Portugal. Este instituto é dedicado exclusivamente às artes circenses e possui o papel de formar, profissionalmente, artistas e de levar o circo a todos os públicos. Para além disto, pretende difundir e implementar o circo contemporâneo em Portugal, de forma a enriquecer o panorama cultural vigente. O INAC é, inclusive, membro da Federação Europeia De Escolas de Circo Profissionais (FEDEC).

Todos os intérpretes deste espetáculo são formados pelo INAC, à exceção de Michele Mara que é formada em musicoterapia pela Universidade Paranaense, no Paraná, no Brasil, local onde nasceu. Apesar de ela não ser artista circense, “faz sentido”, aos olhos da diretora artística do espetáculo, “incluir uma cantora na peça”. Juliana Moura afirma que “já não é a primeira vez que decidimos incluir uma cantora no nosso circo. Há 2 anos também o fizemos e, este ano, tornou a fazer sentido trazer esta magia de ter uma pessoa a acompanhar com músicas originais do nosso espetáculo”.

A artista circense Ariana Sebastião, que interpreta a personagem principal, Francisca, inicialmente, estudou teatro, mais tarde formou-se em artes circenses e animação no Chapitô, em Lisboa, e, entretanto, especializou-se em malabarismo e em criação artística, no INAC. 

Intérprete: Ariana Sebastião – Fotografia cedida pela produção do Circo de Papel e da autoria de Bruno Machado

Alan Sencades formou-se no INAC em roda cyr, um anel grande feito de metal, mais alto que o artista. O artista posiciona-se dentro do círculo, segura-se no seu aro e faz com que este role e gire enquanto executa movimentos acrobáticos no seu interior e em seu redor. Chiara Capparelli, natural de Itália, é formada no INAC em acrobacias aéreas. Por último, Alvin Yong, natural da Malásia, é malabarista e artista de roda cyr e está a terminar a sua formação no INAC.

Intérprete: Alan Sencades – Fotografia cedida pela produção do Circo de Papel e da autoria de Bruno Machado

Entre cinco intérpretes que fazem parte deste espetáculo, apenas uma, Ariana Sebastião, é portuguesa. Juliana Moura acredita que dois dos motivos que justificam que Portugal seja a escolha de tantos artistas estrangeiros é o facto de o INAC já ser considerado uma referência no que diz respeito à formação em circo. “A Federação Europeia De Escolas de Circo Profissionais [FEDEC] reconhece o nosso valor. Em pouco tempo, conseguimos criar um plano curricular que se destaca e que oferece aos alunos novas perspetivas”. Por outro lado, a diretora artística, a qual é também membro da direção geral do INAC, considera que Portugal é um país “bom de se viver”, por ser seguro, por oferecer qualidade de vida, com um bom clima e, comparativamente a outros países europeus, financeiramente mais acessível.

A malabarista Adriana Sebastião confessa que o trabalho como artista circense, principalmente numa fase emergente da carreira, não oferece estabilidade e que a pandemia “criou ainda mais instabilidade e mais inseguranças em todos nós”, obrigando-a a colocar o circo em segundo plano e a dedicar-se a outra profissão na área da restauração, de forma a assegurar alguns rendimentos. Apesar das adversidades, a artista realça a importância da proatividade na construção de uma carreira: “Uma coisa que entendi foi que, se não há oportunidades, temos de ser nós a criá-las”.  Desta forma, em 2021, Adriana Sebastião, em conjunto com outros artistas, criou uma companhia de circo contemporâneo, a “Companhia AbsurdA”.

Devido à situação pandémica, os artistas não só pararam os espetáculos, como também se viram impedidos de treinar, por falta de condições nas suas habitações, como por exemplo falta de espaço. Adriana Sebastião, malabarista, afirma que consegue “treinar alguns exercícios em casa, mas não muitos porque preciso de muita altura para poder executar o malabarismo de diversas formas”. 

Na mesma situação, Alan Sencades conta que teve de parar os treinos de roda cyr, por ser impossível treinar a técnica no espaço que tinha disponível. “Até tentei, montei a roda numa sala, mas era muito perigoso, porque tinha uma janela de vidro enorme e podia causar um desastre”.

Intérprete: Alvin Yong – Fotografia cedida pela produção do Circo de Papel e da autoria de Bruno Machado

Quando questionada sobre o regresso à atividade, a malabarista desabafou que, até então, se sentia como um “passarinho numa gaiola e agora estou livre para voar”. Por outro lado, Alan Sencades declara que “é incrível estar de volta ao palco, mas foi um choque para nós, artistas das artes performativas, não ter um contacto tão claro do público devido às máscaras”. O intérprete explica que foi um processo complicado até esta condição deixar de ser um problema para si, visto que, “hoje em dia”, as máscaras já não o “afetam”, pois já aprendeu “a ler a expressão do público através das máscaras”.

Intérprete: Chiara Capparelli – Fotografia cedida pela produção do Circo de Papel e da autoria de Bruno Machado

Juliana Moura contou que a grande motivação para iniciar o projeto do INAC foi ter percebido que existe, por parte dos artistas portugueses, a necessidade de procurarem formação profissional de circo fora de Portugal. A escassa oferta de formação nesta arte está presente em muitos países, entre eles Cabo Verde. Esta realidade levou o INAC a querer colaborar com o país, com o objetivo de dar formação em circo e de ajudar o país a criar um espaço institucional, onde aqueles que possuem vontade de se formar na arte do circo, o possam fazer da melhor forma possível, com as melhores condições possíveis. 

Juliana Moura reforça que “há um território, há uma vontade, há pessoas que querem fazer circo, e nós estamos a tentar, de alguma forma, influenciar a que haja vontade política, porque é isso que neste momento é preciso – vontade política de mobilizar recursos para que Cabo Verde possa ter um espaço de referência, um instituto de formação e fomente as artes do circo”.

Quando questionada sobre o que considera necessário para se ser um bom artista circense, a diretora artística defende que “como artista, como professora, como diretora de uma escola de circo e de um espetáculo, eu considero que tudo se resume a muita paixão pelo circo e a muita disciplina. O amor e a disciplina têm de caminhar lado a lado”.

As vinte principais companhias de circo portuguesas são:
1.      Circopraça, Sociedade Unipessoal, LDA
2.      Circo Dos Protões, Unipessoal, LDA
3.      Circo Mundial Mariani, LDA
4.      Circo Vítor Hugo Cardinali, LDA
5.      Circolando – Cooperativa Cultural, C.R.L.
6.      Circo De Ideias – Associação Cultural
7.      Cristina Siopa, LDA
8.      Imagitec Marketing, LDA
9.      Procirco – Associação Dos Artistas Profissionais Do Circo De Lisboa
10.    Remodelação Do Teatro Circo, Soares Da Costa, Alexandre Barbosa Borges, Domingos Da Silva Teixeira, A.C.E.
11.    Inac – Instituto Nacional De Artes Do Circo, C.R.L.
12.    Fric À Frac – Companhia De Teatro Circo – Associação
13.    Apeac – Associação Portuguesa De Empresários E Artistas De Circo 
14.    Associação Cultural Absurda Circo Contemporâneo
15.    Associação De Artes Circenses Dos Açores – 9’circos
16.    Adapcde – Associação Para O Desenvolvimento Das Atividades Em Portugal De Circos, Divertimentos E Espetáculos
17.    Corda Bamba – Associação Para As Artes Do Circo
18.    Eclipse – Espetáculos De Circo, LDA
19.    Colégio Infantil Circo Mágico, LDA
20.    Teatro Circo De Braga, Em, S.A.

Ficha técnica:

Para informações relacionadas com as sessões de espetáculo e/ou reservas, os contactos do Circo de Papel são os seguintes: info@circodepapel.com e/ou 912273847.

Horários de terça a sábado: 10h, 15h e 21h; horários de domingo: 10h e 15h.

Bilhetes: 5 euros dos 4 aos 14 anos; 7,5 euros acima dos 14 anos; 5 euros para seniores e é gratuito para crianças até aos 3 anos, sendo que deverão permanecer no colo do respetivo responsável.

Endereço: Rua Luís Barroso, 4760-412 – Vila Nova de Famalicão.

O espetáculo “AQUARELA” cumpre todas as regras impostas pela Direção-Geral da Saúde. 

Ana Jorge

Sou a Ana Jorge e tenho 21 anos. Atualmente, frequento a licenciatura de Ciências da Comunicação na Universidade Lusófona do Porto e trabalho como manequim profissional na Best Models SA. Para o meu futuro, ambiciono trabalhar em entretenimento televisivo, em rádio e em representação.