Como os jovens estão seduzidos pelas criptomoedas

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Como os jovens estão seduzidos pelas criptomoedas

As criptomoedas são uma moeda virtual que funciona num sistema próprio, descentralizado. Tal como a moeda palpável serve para fazer pagamentos e desperta a curiosidade dos mais jovens, que acabam por investir amadoramente.

[Reportagem de Inês Matos]

As criptomoedas são um fascínio para diversos jovens, especialmente do género masculino. Diogo Borges, Carlos Carvalhais e Filipe Ferreira são três desses casos. Os três jovens contam ao #infomedia o seu percurso enquanto investidores amadores em criptomoedas.

As moedas digitais “nasceram” há pouco mais de dez anos, mais precisamente em 2008 como resposta à crise desse ano, sendo um setor baseado na especulação. Estas acabariam por ser uma forma alternativa de adquirir bens e serviços sem necessitar de terceiros, nomeadamente bancos ou empresas financeiras. Além de poderem ser utilizadas na compra de serviços, são um outro meio de investimento, uma outra alternativa. 

As criptomoedas despertam atenção pois existem num mercado descentralizado, não existindo qualquer controlo exercido pelo estado ou por entidades financeiras, sendo o próprio mercado a se auto regular. Assim, estas funcionam tendo por base a blockchain, onde ficam resgistadas as transações de moedas de forma anônima.

Infográfico: Inês Matos
Diogo Borges| Fotografia cedida pelo entrevistado

Diogo Borges tem 24 anos e foi no verão de 2020 que começou a interessar-se pelos investimentos em criptomoedas. Este impulso surgiu porque “tinha noção de que ia investir e ia fazer dinheiro”, confessa. Acrescenta ainda que “era dinheiro fácil com pouco risco”.

Segundo o site da Binance e da Crypto.com, plataformas mais populares e utilizadas pelos investidores em moedas digitais, existem riscos associados a esta prática, como por exemplo:

  • “A grande volatilidade das moedas, ou seja, a constante mudança no valor das moedas”;
  • “É um investimento e é necessário ter paciência e cautela ao agir”;
  • “Utilizar apenas aplicações e websites verificadas para encontrar informação”;
  • “Muita gente passa-se por especialista, o que pode levar a fraudes”;
  • É um “mercado descentralizado sem nenhum órgão de controlo”.

Atualmente, encontram-se milhares de moedas nas quais é possível investir, mais precisamente e de acordo com os dados do site crypto.com existem 11882 que são passíveis de investimento. Apesar da grande variedade e oferta de moedas no mercado, nem todas são um bom investimento. 

Diogo costuma investir em duas moedas, sendo que “neste momento é a bitcoin, mas a que eu mais investi até hoje foi a ethereum”, admite. 

Preços das criptomoedas no dia | Imagem retirada do site crypto.com

Embora invista em duas das moedas consideradas mais seguras, uma vez que são as menos voláteis, ou seja, as que apresentam menos oscilação de valores, o jovem afirma já ter tido perdas neste tipo de investimento “ ultimamente o mercado anda a descer então tenho perdido dinheiro, mas lá está, isto é uma coisa que é long run”, no entanto acredita que esta é uma situação temporária “temos que esperar, temos que ser pacientes, temos que estar a analisar o mercado e esperar sempre que suba. Neste momento está em decaída.” 

Apesar das perdas atuais, Diogo conta que também já teve ganhos. “Investi na altura, salvo erro, 40 euros e consegui tirar 100 euros. Não é uma quantia grande, mas tendo em conta a percentagem, é bom.”

Tal como Diogo, Carlos Carvalhais também embarcou neste mundo recentemente. 

Carlos Carvalhais| Fotografia: Inês Matos

O jovem de 22 anos começou a investir na altura da pandemia com a ajuda de um amigo. “Passávamos a maioria do tempo em casa porque não podíamos sair e, às vezes, víamos no youtube e no tiktok coisas relacionadas com as criptomoedas e começamos a ler e vimos que de facto era possível fazer dinheiro, tínhamos era que perder um bocadinho do nosso tempo”, admite. Apesar da falta de experiência em lidar com este tipo de mercados, a vontade de “ tentar fazer algum dinheiro” foi o que deu começo a esta experiência.

Carlos também já vivenciou os dois lados da moeda enquanto investidor em criptomoedas. Tal como já teve ganhos, também já teve perdas. “No início ganhamos algum dinheiro, por acaso tivemos sorte porque mal tiramos a moeda desceu, portanto se tivéssemos deixado o dinheiro mais uma semana tínhamos perdido”, começa por dizer. “Neste momento está tudo a descer, por isso neste momento estou com uma perda de 50€”, acrescenta.

Carlos conta ainda que os seus investimentos costumam ser sempre em moedas que considera que são as mais seguras, recaindo as suas preferências na “etherium, cardana e bitcoin”.

Filipe Ferreira| Imagem cedida pelo entrevistado

Filipe Ferreira é outro jovem da mesma faixa etária que Diogo e Carlos que investe neste tipo de mercado. Com 24 anos, começou a praticar os seus investimentos “há cerca de um ano e meio”. Contrariamente a Diogo e Carlos, Filipe ganhou curiosidade por consequência de uma conversa que tinha tido com um amigo “ explicou-me que tinha investido dinheiro numa plataforma de criptomoedas e disse que já estava a fazer algum dinheiro e eu tinha algum dinheiro de parte e meti”.

Foi esse mesmo amigo que ensinou Filipe a investir em criptomoedas de forma segura e cautelosa. Para além do amigo, Filipe relembra que utilizou outras ferramentas para saber ainda mais acerca do tema “ li também alguns artigos na internet, vi alguns vídeos de youtube, mas foi principalmente por causa dele que aprendi, foi ele que me ensinou grande parte das coisas”. 

Tal como os outros dois jovens, Filipe também confessa que “ ganhei algum dinheiro”, no entanto já existiram perdas. Contrariamente às perdas de Diogo e Carlos, Filipe teve apenas “perdas de lucro, nunca perdi dinheiro que tivesse feito, ou seja, o dinheiro que eu investi nunca perdi, mas já perdi lucro”, afirma. 

“Faz-se com facilidade porque não é preciso muito esforço, no entanto não é fácil. Não é chegar lá, pôr o dinheiro e ele do dia para a noite cresce, não. É preciso saber onde se está a investir, é preciso saber quando meter, quando tirar, perceber os gráficos e os ciclos”

Filipe Ferreira

Para Filipe existem vantagens e desvantagens no que toca a este tipo de investimentos.

Filipe Ferreira

Os três jovens ouvidos pelo #infomedia confessam que já tiveram momentos em que pensaram parar de investir em criptomoedas devido a perdas relativas ao seu investimento ou lucro. No entanto, esse pensamento foi temporário e tencionam continuar a explorar este mercado.

Inês Matos

Olá, o meu nome é Inês Matos, tenho 20 anos e frequento o 3º ano do curso de Ciências da Comunicação na Universidade Lusófona do Porto. Segui este curso porque desde muito cedo me apercebi que adorava comunicar. Neste projeto pertenço à editoria de Saúde.