Cuidar em tempo de pandemia

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Cuidar em tempo de pandemia

[Texto: Andreia Oliveira]

Fotografia cedida pela própria

Marisa Vieira tem 22 anos, reside em Viana do Castelo e é enfermeira numa estrutura residencial para idosos, constituída por 21 utentes. A situação que vivemos, forçou a instituição a reforçar as medidas de prevenção e a aumentar a sua carga horária, com regime de exclusividade.

“O aparecimento do vírus Covid-19 colocou-nos todos à prova, influenciando todos os serviços que prestamos!”, esclarece Marisa Vieira

A exigência destes novos tempos, implicaram uma maior pressão na forma como se trabalha, para que os serviços mínimos fossem assegurados. A ansiedade e o cansaço estão de mãos dadas durante os desafios diários.

“A gestão de todos estes sentimentos e emoções é o meu maior desafio, vivenciado nos últimos dias.”, confessa Marisa.

Separar a vida pessoal da vida profissional, tem sido um outra das dificuldades para Marisa. Implicando um conflito psicológico – emocional que “é alimentado pelo medo de infetar o outro, sem se quer saber, porque para além desta família tenho outra em casa.”

Marisa explica que o acréscimo de responsabilidade, por ser a única enfermeira na instituição, torna este processo ainda mais difícil, como a tomada de decisões e resoluções de problemas, principalmente neste período, que segundo a enfermeira é “um período instável que estamos a ultrapassar, em que muitas dúvidas persistem, seja qual for a unidade de saúde”.

Confessa que, a sua maior “angústia” vivenciada é a insegurança com que vive a nível profissional, bem como a dúvida em relação à sua prestação diária de cuidados, e ainda o impacto que a pandemia está a ter na vida dos seus utentes. Com alguma melancolia, recorda que os rostos dos idosos transparecem a saudade dos familiares.

“O processo de superação e de cuidar tornou-se mais difícil”, uma vez que alguns utentes possuem problemas mentais e não conseguem perceber a situação que vivemos e as mudanças implicadas.

Para a enfermeira, o surgimento deste vírus “leva-nos a falar em sobreviver e não a viver”, porque a liberdade do ser humano foi posta em causa. Porém, acredita que se a sociedade obedecer a todas as medidas de prevenção, iremos reduzir a propagação do Covid-19.

Termina com a ideia que a razão do cumprimento das novas normas de segurança e higiene, e a consciencialização das mesmas levou a sua a instituição a resistir ao Covid-19, até aos dias de hoje.

Não deixa de apelar para a valorização dos profissionais de saúde, e em especial, dos enfermeiros. Exercendo a sua função de cuidar do outro, despede-se com um aviso: “Cuidem-se e fiquem em casa!”

Pode ouvir a história completa aqui.