Os Desafios de uma Jornalista em tempos de Pandemia
Kathleen Araújo tem 29 anos, é jornalista e reside em Vila Nova de Gaia. Está em isolamento há um mês e duas semanas.
Encontra-se a trabalhar através de casa, de forma a assegurar as reportagens do programa para o qual colabora, “Programa Ambiental Biosfera”, que é emitido na RTP2.
Apesar do confinamento continua a trabalhar a tempo inteiro, no entanto, sente-se ainda mais desafiada.
Kathleen faz jornalismo de investigação, e, por isso, considera ser de extrema relevância a deslocação ao “terreno”, o contacto direto com as pessoas, para investigar e captar imagens.
O facto de não ser possível essa ligação direta às fontes exigiu à jovem jornalista uma grande adaptação. Tudo teve de ser repensado.
As entrevistas passam a ser feitas via plataforma zoom e recorre-se a imagens de arquivo e imagens que os próprios entrevistados enviam, para contar histórias.
Mas esta reformulação do jornalismo que a COVID-19 requer, acarreta uma série de questões difíceis de contornar, tais como a qualidade de imagem, ruídos nos áudios, que tão importante são na elaboração de uma reportagem televisiva.
Kathleen assume que este momento exige uma criatividade acrescida, tais como, a utilização de duas câmaras em simultâneo para gravar uma entrevista ou recorrer mais frequentemente ao grafismo, de modo a compensar a falta de imagens.
A jovem jornalista tem gerido as suas emoções com paciência. Kathleen trabalha a partir de casa e isso contribui para que, neste período, se mantenha ativa e mais tranquila.
Considera que o que mudará pós-COVID-19 será a valorização de pequenas coisas que outrora passavam desapercebidas, como o convívio com amigos, a natureza e as caminhadas ao ar livre, essencialmente.
Nas horas livres dedica-se ao exercício físico, vê séries e filmes, ouve música e conversa com os amigos.
O que mais sente falta é de “estar” com as pessoas. E por isso afirma que “o verbo estar nunca ganhou tanto valor como agora”.
Deixa uma mensagem de esperança,
“Que as pessoas tenham mais paciência, que consigam ver este período como uma fase menos boa que vai passar e percebam que só com o esforço de todos é que conseguimos ultrapassar a pandemia. Nós nunca precisamos tanto uns dos outros como agora. Vamos voltar à normalidade em breve e seguramente mais fortes”.