Dizem X, Faço Z: “Olham para a Psicologia como um Adamastor”
- Diana Silva Fonseca
- 27/04/2021
- Geração Z
Rita Martins está no último ano da licenciatura em Psicologia, na Universidade Lusíada Norte – Porto. A vontade de mudar o mundo para melhor e de fazer as pessoas verem-no dessa mesma forma, levou-a até a este curso.
Natural da cidade de Lourosa, Santa Maria da Feira, a jovem de 20 anos conta como se apercebeu da paixão pela área da Psicologia: “comecei a sentir um bichinho dentro de mim que queria revolucionar o mundo de uma forma positiva e quebrar alguns aspetos que achava que não estavam tão bem”.
Uma escolha (bem) delineada
Os esclarecimentos foram surgindo ao longo do caminho, tendo a oportunidade de se aconselhar com algumas pessoas e até de falar com uma profissional da área. E todos os momentos são recordados com carinho: “construí uma amizade que foi bastante importante, e que hoje ainda o é, porque apoiou-me imenso na minha decisão, mesmo quando eu não sabia o que fazer”.
“Já tinha as ideias mais definidas para a reta final” – Rita Martins
Apesar de não ter entrado na opção principal (Psicologia) na candidatura pública, tanto na 1ª como na 2ª fase, a jovem procurou alternativas: “na altura concorri a Educação Social, mas também não entrei” – as vagas eram poucas e na sua cabeça não havia a alternativa de ingressar no Ensino Privado.
Na 3ª fase, o pai de Rita disse-lhe “para não perder tempo” e concorrer a uma universidade privada, onde poderia optar por seguir aquilo que realmente queria, ao invés de estar a tentar entrar num curso onde não se sentiria tão realizada.
O primeiro passo de um sonho
“Fui concorrer à minha mui nobre Lusíada”, diz alegremente, “e felizmente entrei para aquele que era o meu sonho” (estudar Psicologia). Os tropeços inicias não a desanimaram, bem pelo contrário – “sou grata a Deus e também aos meus pais porque sempre me ajudaram a abrir portas, e ainda o fazem, para a minha formação dentro e fora do campus universitário”.
O apoio dos restantes familiares é crucial para Rita e os mesmos “ficaram muito contentes”, apesar do avô sempre ter desejado que ela se tornasse advogada.
O que dizem e o que se faz
O pré-conceito criado à volta do Ensino Privado é um desafio para os jovens que o frequentam e a jovem feirense sentiu-o igualmente. No entanto, admitiu também já ter pensado que o Ensino Público era melhor e que era mais exigente.
“Sempre tive o estereótipo de que facilitavam” – Rita Martins
Não está arrependida da sua escolha e considera-se bastante feliz na Universidade Lusíada: “não mudaria (de instituição), nem voltaria atrás na minha decisão”, pois o grau de exigência, o profissionalismo e a qualidade dos serviços são fatores positivos que Rita aponta à sua segunda casa.
E ainda num ápice deste tópico relembra uma pessoa que lhe “disse que quem andava nas universidades privadas não teria qualquer tipo de oportunidade no mercado de trabalho” – todavia, sentindo-se realizada até ao momento, tenta pegar nas críticas e usá-las como motivação extra.
“Estes três anos fizeram-me crescer e, acima de tudo, decidir bem aquilo que quero no futuro”, diz Rita que se mostra ansiosa por ajudar a quebrar barreiras e preconceitos, especialmente ligados à sua área de formação.
E qual é frase que mais ouve quando fala de Psicologia?
– “Isso é para malucos!”
Na perspetiva de Rita, as pessoas “olham para a Psicologia como um adamastor”. Porém, a situação pandémica atual tem ajudado a desmistificar os conceitos e opiniões do foro psicológico, e tem levado mais gente a valorizar a saúde mental: “gostava que não tivesse sido por causa de uma pandemia, mas sim por acreditarem nos profissionais e compreenderem que não se trata apenas de doenças”.
A paixão é o alicerce do futuro
A meses de concluir a licenciatura em Psicologia, a jovem descreve todas as vertentes da área como “gratificantes” – da Psicologia Comunitária à Psicologia do Trabalho, as pessoas podem informar-se melhor e criar uma nova mentalidade.
Dedicada de coração ao curso, Rita já se prepara para ingressar no Mestrado de Psicologia Clínica e da Saúde, ainda na Lusíada Norte – Porto. Já a longo prazo começa a pensar num caminho mais concreto: “o meu foco está nas crianças e gostava de fazer parte da CPCJ (Comissões de Proteção de Crianças e Jovens)” – a ideia é tentar proteger a inocência delas e tratar psicopatologias que derivem de situações prejudiciais ao desenvolvimento saudável das mesmas.
[Entrevista de Diana Silva Fonseca, no âmbito da rubrica Dizem X, Faço Z: uma coluna que procura dar voz a estudantes universitários e aos estereótipos e pré-conceitos aos quais os associam.]