Enfermeiros em tempos de Covid: “Lidar diariamente com a pandemia deixa os profissionais esgotados e sozinhos”

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Enfermeiros em tempos de Covid: “Lidar diariamente com a pandemia deixa os profissionais esgotados e sozinhos”

A pandemia que vivemos atualmente é algo novo e faz com que os profissionais de saúde tenham um papel cada vez mais presente no bem estar da população. Sobrecarregados, sentem-se “mais cansados e sozinhos”. Mónica Mendes e Diogo Teixeira, ambos enfermeiros, falam sobre o que representa ter esta responsabilidade.

Desde novos, os dois profissionais tinham intenção de no futuro ajudar os outros. Mónica Mendes, enfermeira há 23 anos, refere ter escolhido esta profissão por “gostar de ajudar quem precisa e poder melhorar a qualidade de vida”. Na atividade de um enfermeiro tudo são desafios, porém “o que mais custa é ter doentes em fase terminal e do outro lado a família que precisa de apoio psicológico”.

Diogo Teixeira, recém-licenciado em enfermagem, aos 23 anos foi de imediato para a linha da frente no combate à pandemia.

         “Por ser enfermeiro há pouco tempo sinto necessidade de estar sempre a investir mais em conhecimentos e práticas para dar o meu melhor todos os dias. Por outro lado, facilitamos um pouco a acumulação de horas para ajudar a equipa. Lidar diariamente com a pandemia de perto, em contexto hospitalar, deixa os profissionais esgotados e sozinhos”, afirma Diogo.

Diogo explica também que “Terminamos a licenciatura com a vaga ideia de que sabemos fazer um pouco de tudo e que estamos preparados para os vários cenários, mas o que realmente encontramos é diferente. Às vezes já não temos ninguém acima de nós para fazer as coisas que ainda não dominamos”.

“A situação pandémica que atravessamos, deixou todos os enfermeiros com algum receio, por ser algo novo, mas uniu-nos mais enquanto profissionais na procura de novas estratégias. Trabalhar em situação pandémica acho que, apesar de ter o seu lado mau devido aos riscos, teve um lado muito bom que foi ajudar-me a desenvolver ainda mais enquanto enfermeiro.”, sublinha o jovem.

Receios e saúde mental
Uma das grandes dificuldades que Mónica sentiu foi “ter de trabalhar constantemente equipada com receio de ser infetada. Para além disso, o acumular de horas constantes também foi um impacto que a pandemia me trouxe enquanto enfermeira”, assegura. .

No total, desde o início, atingiu-se diferente picos de infeção existindo assim cerca de 366 952 casos confirmados. À saúde física acrescem preocupações com a saúde mental, também muito afetada durante a pandemia.

Mónica Mendes admite que “custa aceitar que as pessoas não cumpram o seu dever de proteção numa fase complicada, como é esta que se está a passar”. Sente ainda “que existe um desrespeito para quem tem de viver e presenciar diariamente casos complicados”, referindo que os profissionais de saúde trabalham em constante stress, passando maior parte do tempo no hospital o que os leva a deixar a família para segundo plano. E essa situação tem implicações na saúde mental.