Estúdio Crua: “A subjetividade vai atravessar todas as construções de narrativas”
[Catarina Almeida e Inês Diana Silva]
Marina Thomé e Márcia Mansur são fundadoras do Estúdio Crua, no Brasil. Juntas, são responsáveis pela criação de diversos projetos, como webdocumentários e filmes, abordando temáticas de cariz social com um forte envolvimento da população. No seu site referem que contam “histórias através de narrativas de memória”. A dupla esteve presente na oitava edição do Jornalismo Frankenstein, um ciclo de conferências organizado pelos finalistas de jornalismo no âmbito da unidade curricular de Transmedia e Narrativas Híbridas, para falar destas histórias que se guiam pelas lembranças do outro.
#infomedia: No site do Estúdio Crua têm uma citação a propósito do filme “Aquilo que eu Nunca Perdi”, que é “Em tempos de memórias incompletas o filme compensa um erro”. A memória funciona como um guião ou é algo diferente com o seu próprio propósito?
Marina Thome: Essa citação foi de um curador de um festival que se chama Bafice, que é um festival bem importante na América do Sul, na Argentina. E ele se referia a esse último filme que a gente produziu, que foi para os cinemas no Brasil, sobre uma cantora brasileira. A cantora tem mais de 40 anos de carreira e não teve seu reconhecimento, como muitas mulheres na área da indústria musical. Então a ideia desse filme era dar visibilidade, acho que é uma coisa que a gente faz muito no trabalho do Estúdio Crua, que é dar visibilidade para narrativas e pessoas que geralmente não têm voz.
#infomedia: É possível, ser-se imparcial e objetivos, ao utilizar a lembrança de uma pessoa para realizar um documentário?
Márcia Mansur
Eu acredito que não. Eu acredito que a subjetividade vai atravessar todas as construções de narrativas, sempre. Eu acho que existe sempre um viés de quem está fazendo, desde a escolha do assunto, a escolha do personagem com quem você quer falar, as perguntas que você faz, a forma que você filma. Sobretudo a relação que você estabelece com aquele personagem. Então acho que cada relação é única, é uma construção de confiança, é um acesso que tudo isso é permeado pela subjetividade.