Federação Académica do Porto alerta para agravamento da crise da habitação estudantil e pede soluções imediatas

A Federação Académica do Porto (FAP) critica a falta de ação do Governo face à crise de alojamento enfrentada pelos estudantes deslocados na região. Com aproximadamente 13 mil estudantes deslocados, a falta de opções tem agravado a situação.

“A falta de alojamento estudantil adequado continua a ser um dos principais obstáculos para o acesso e frequência do Ensino Superior no Porto e os pedidos de ajuda têm sido recorrentes”, alerta a FAP. Os estudantes deslocados, que representam cerca de 13 mil dos mais de 31 mil estudantes da Universidade do Porto, enfrentam diversas dificuldades para encontrar acomodações acessíveis. O valor médio cobrado pelo aluguer de um quarto, na cidade do Porto, é de 425 euros. A falta de oferta pública e a escassez de opções no mercado de arrendamento têm acentuado ainda mais esse problema.

“É um projeto que muito nos orgulha e que mostra ao Governo e às Instituições de Ensino Superior que a vontade move meios”

Federação Académica do Porto

A FAP tem alertado para a crise de alojamento estudantil há anos. Recentemente, a FAP e o Santander Universidades celebraram um protocolo para a atribuição de 40 bolsas de estudo aos estudantes deslocados que residem na Residência Academia 24. Uma residência projetada e gerida pela FAP: “É um projeto que muito nos orgulha e que mostra ao Governo e às Instituições de Ensino Superior que a vontade move meios”. A FAP também está envolvida num projeto intergeracional, com o Município do Porto, o “Aconchego”, no qual estudantes deslocados vivem em casa de seniores, combatendo a solidão e o problema do alojamento estudantil.

No entanto, medidas mais abrangentes são necessárias para enfrentar esta crise.

Alojamento estudantil escasso e inacessível

Maria Inês Bastos, 20 anos, está no curso de História na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP). Ao Infomédia, lembrou as dificuldades que enfrentou na procura de alojamento no Porto: “A maioria dos locais eram extremamente pequenos, caros, com condições horríveis e bastante longe da faculdade ou do metro”.

A estudante da FLUP conseguiu um quarto por 250 euros que oferece condições razoáveis. “Felizmente, o senhorio não tem vindo a  aumentar os preços, senão era impossível continuar a viver ali”, diz, lamentando os preços dos alojamentos serem muito altos em relação ao que é oferecido e a falta apoio financeiro adequado para os estudantes deslocados.

Pilar Machado, 19 anos, estuda Comunicação Empresarial, no Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto (ISCAP). A estudante também enfrentou dificuldades na procura de alojamento no Porto. Chegou a encontrar quartos a 600€, “difíceis para estudantes portugueses sustentarem”.

No primeiro ano, morou com uma família. No segundo ano, encontrou um quarto numa casa partilhada, pagava 250€ por mês, incluindo despesas e atualmente está a morar num apartamento com outros estudantes, paga 200€. Se partilhasse alojamento,, o custo seria entre 350€ e 400€ sem despesas incluídas.

O Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior tem como objetivo expandir e melhorar a oferta pública de alojamento. Até 2026, está prevista a criação de 1767 novas camas, incluindo reabilitações, porém, a FAP destaca a necessidade de soluções mais imediatas para atender à demanda crescente.

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