Hóquei académico de Cambra: “um clube que luta até ao fim, o meu clube!”

Voltar
Escreva o que procura e prima Enter
Hóquei académico de Cambra: “um clube que luta até ao fim, o meu clube!”

[Texto de Mariana Azevedo e Rita Almeida | Fotografia: Rita Almeida]

O Hóquei Académico de Cambra (HAC), clube de hóquei da cidade de Vale de Cambra, treina jovens e seniores não só para a modalidade, como para a vida. Numa época em que cada vez mais o desporto é visto como um poderoso meio de transformação dos jovens, o hóquei em patins desempenha um papel fundamental na vida dos atletas Gonçalo Costa e Guilherme Marques.

São 18h de um sábado de outubro e, no Pavilhão Municipal de Vale de Cambra, assiste-se a um jogo dos seniores, onde a presença dos mais novos é notória. Aqui sentem-se em casa. De fato de treino preto e amarelo fazem-se ouvir. Vivem e sentem o clube como ninguém e apoiam a equipa à qual, um dia, esperam pertencer.

Guilherme Marques e Gonçalo Costa, de quinze anos, realizaram o primeiro treino quando tinham apenas três anos de idade e foi amor à primeira stickada, conforme brinca Guilherme. “A partir daí, nunca mais larguei, e espero nunca largar”. Atualmente, já treinam nos sub-17 do Hóquei Académico de Cambra,  tendo sempre em mente o objetivo de seguir a modalidade no futuro.

“Entrei no hóquei graças ao meu pai, que também praticou a modalidade durante longos anos.”

Guilherme Marques, 15 anos
Guilherme Marques, atual jogador sub-17 | Fotografia fornecida por Guilherme Marques

A paixão pela modalidade não surgiu sozinha. Pais, primos e amigos, todos influenciaram a decisão de praticar hóquei, ajudando-os a descobrir, desde cedo, que rumo queriam seguir. Para Gonçalo, os dois amigos e o primo, que já praticavam a modalidade, foram o motivo que o levou a querer tentar, para além do pai, apoiante do clube. “O meu pai passou-me a paixão pelo hóquei, mesmo sem ter praticado, ele acompanhava muito os jogos e foi um dos fundadores do Hóquei Académico de Cambra”.  

Guilherme destaca também a importância da envolvência do pai, atual coordenador da formação do HAC, na modalidade, realçando a relação direta com a prática. “Entrei no hóquei graças ao meu pai, que também praticou a modalidade durante longos anos.”.

Acompanhados pelos pais, que os seguem para todo o lado, os mais jovens disputam um campeonato regional, onde participam equipas de Aveiro e de Coimbra, uma vez que as duas Associações de Patinagem estão unidas. São formados dois grupos constituídos por cinco equipas cada, de onde ficam apurados os três primeiros colocados de cada grupo. Numa segunda fase disputam um lugar no Campeonato Nacional, que é, de acordo com Gonçalo, um dos principais objetivos da época. “Se não atingirmos este objetivo iremos disputar a taça de Aveiro.”

“Muita gente não conhece o hóquei, a maioria das pessoas quando ouve falar em desporto pensa logo no futebol.”

Gonçalo Costa, 15 anos

Para os dois atletas, manterem-se no hóquei até hoje foi uma decisão simples. Gonçalo acredita que desporto não implica falar apenas de futebol, até porque “Portugal é um dos principais países a praticar Hóquei em Patins”. Falar de desporto, para este jovem, é dar destaque à “extraordinária emoção vivida no pavilhão, desde os mais pequenos até aos mais velhos (seniores)” num jogo de hóquei em patins. Apesar de, como realça Guilherme, o hóquei “ser um desporto muito exigente”, a ligação que sentem com o clube mostrou-se decisiva para se manterem no HAC.

O hóquei destaca-se como uma modalidade complexa no que diz respeito ao equipamento. O atleta é obrigado a adquirir os patins, as proteções, o stick, entre outros equipamentos, o que faz com que os investimentos tenham de ser maiores. Este ponto, aliado à dificuldade da modalidade, tornam-se entraves para muitos jovens aderirem ao hóquei em patins. Praticar este desporto exige treino e preparação física, que pode demorar anos a aperfeiçoar. O tempo entre um atleta praticar a patinagem e começar a jogar é longo, pois é necessário técnica para se equilibrar nos patins e manusear o stick. 

Gonçalo Costa, atual jogador sub-17 | fotografia fornecida por Gonçalo Costa

Porém, existem benefícios no que respeita à prática do Hóquei em Patins, entre eles, o fortalecimento das capacidades sociais, a promoção do trabalho em equipa, onde o respeito pelo outro se torna fundamental, a melhora do funcionamento cardiovascular e da coordenação dos atletas, o alívio do stress e da ansiedade, assim como, divertir os mais novos já que é praticado sob rodas, “A prática do desporto ajuda-nos a descomprimir depois de um dia de aulas e permite-nos aliviar a pressão que sentimos na escola”, confessa Gonçalo Costa.

A exigência da modalidade leva a que estes jovens treinem duas horas,  três  vezes por semana, tendo de conciliar escola e hóquei. Os dois rapazes atualmente no 10º ano, na Escola Secundária do Agrupamento de escolas do Búzio, em Vale de Cambra, realçam o desafio que o novo ano trouxe, por ser “um ano completamente diferente e onde a exigência é muito maior”. Contudo, admitem que “apesar de nem sempre ser fácil coordenar os treinos com os estudos, é possível”, revelando que o truque para “conseguir conciliar as duas coisas” é “estudar um pouco todos os dias”. 

Seguidores assíduos tanto da 1ª Divisão Portuguesa de Hóquei, como dos jogos dos escalões do HAC, têm como exemplo o percurso desportivo de Tiago Rodrigues, jogador formado nas camadas jovens do HAC e atual guarda-redes do Futebol Clube do Porto. É com esta jornada em vista que Guilherme afirma que é com “muito trabalho, muita dedicação, persistência e ser forte mentalmenteque irá realizar o seu maior sonho de se tornar  jogador profissional de Hóquei em Patins. Já Gonçalo imagina um futuro onde “a persistência, dedicação, amor à camisola e muito esforço” lhe permitirão conciliar o hóquei profissional com outra profissão.

“O HAC será sempre o clube do meu coração”

Gonçalo Costa, 15 anos

O Hóquei Académico de Cambra, fundado em 1999, na cidade de Vale de Cambra, é visto pelos mais novos como uma segunda casa, um lugar onde podem sempre voltar e onde  sempre pertencerão. “Além de ser o clube da minha terra, foi onde recebi formação e é onde me sinto em casa.Nele sentem que pertencem a algo importante e maior, onde não só vão para treinar, mas acima de tudo se reúnem para fazerem aquilo que mais gostam, com quem mais admiram “é o clube da minha cidade, um clube que luta até ao fim e é o meu clube!”

Rita Almeida

Rita Almeida, 21 anos, natural de Vale de Cambra. O gosto por comunicar e querer sempre saber mais surgiu muito cedo, definindo CC como carreira a seguir. Atualmente no terceiro ano do curso, na Universidade Lusófona do Porto, sou, também, colaboradora na editoria “Geração Z” na plataforma #infomedia.