Inês Abrantes: “o exercício físico é um medicamento que não vem em caixas”
- Vitória Costa
- 30/11/2021
- Arte e Culturas Atualidade Desporto Literatura Portugal
Lançado recentemente, o livro “Eu consigo, tu também!” é o retrato de uma pessoa que vê no desporto uma forma de se abstrair das três doenças autoimunes, diagnosticadas em idade precoce.
[Texto de Ruben Marques e Vitória Costa]
Inês Abrantes acaba de lançar um livro sobre o exercício físico e a sua importância no combate aos efeitos associados às doenças autoimunes. A obra é considerada, pela própria, uma espécie de “manual de instruções” para pessoas que já passaram ou que possam vir a passar por situações semelhantes. “Podem encontrar um relato da minha experiência pessoal onde conto em primeira mão como foi descobrir esta sequência de doenças autoimunes, vai encontrar também testemunhos de médicos especialistas, receitas vegetarianas, planos de treino, testemunhos de outras pessoas que também vivem com doença crónica e muitas outras coisas.”
Quanto ao título, a autora confessa que a ideia surgiu durante um brainstorming que envolveu não apenas a própria, como também a editora, familiares e amigos. “Chegámos a este título que nos pareceu logo fazer fit comigo.” Mas não só. De acordo com o feedback que recebe, os leitores relacionam-se, não só com a premissa apresentada na capa, como também, e principalmente, com a história que consideram ser inspiradora.
“Nunca me tinha passado pela cabeça escrever um livro, sobre qualquer tema”, assume. Apesar disso, quando se deparou com a proposta feita pela editora Zero a Oito, aceitou o desafio.
“Fazer a diferença na vida de alguém” através da relação com o corpo
Licenciada em Gestão Desportiva, Técnica Especialista em Exercício Físico e Treinadora de Kickboxing e Muay Thai, Inês Abrantes, de 27 anos, confessa que, desde tenra idade, esteve ligada ao desporto. “Desde pequena (…) os meus pais sempre me incentivaram à prática desportiva”. Mesmo estando ligada à natação de competição, desde os seis meses de idade até aos 15 anos, a paixão que nutre por esta área fazia com que, nos tempos de escola, participasse nas mais variadas provas no âmbito do desporto escolar. Após ter deixado de praticar natação decidiu enveredar por uma outra modalidade – o kickboxing – onde chegou mesmo a sagrar-se campeã nacional na categoria de -50 kg, na época de 2013 / 2014. Nessa altura, os nove treinos semanais e as competições aos fins de semana eram conciliadas com a vida universitária. Foi esta conjugação de fatores que fez com que, chegado o momento de obter o grau de treinadora de uma modalidade desportiva, tenha optado pela que praticava na época.
Atualmente, Inês Abrantes desempenha as funções de personal trainer e group trainer tendo procurado, ao longo do seu percurso profissional, especializar-se, através de formação contínua, em áreas como doenças oncológicas e reumatológicas, diabetes tipo 1 e 2, gravidez, pós-parto, entre outras. São estas especializações que lhe fornecem as ferramentas de que necessita para conseguir ajudar outros desportistas que enfrentam algum tipo de limitação – as denominadas populações especiais. A treinadora considera que o mais aliciante na sua profissão é “poder fazer a diferença na vida de alguém através da forma como se relaciona com o seu próprio corpo”, a vários níveis, “seja a nível estético e de autoestima ou a nível funcional, no desempenho das tarefas do dia a dia.”
Devido ao “crescimento exponencial da procura por treino personalizado, no início da pandemia de Covid-19”, a personal trainer decidiu criar a Team Inês Abrantes. “A minha agenda estava completamente cheia e não seria possível integrar mais alunos, pelo que nasce a Team IA.”
Mesmo tendo-lhe sido diagnosticadas três doenças autoimunes – diabetes tipo 1; tiróide de Hashimoto e artrite reumatoide – a paixão pelo desporto não esmoreceu. “[Os diagnósticos] não alteraram a minha relação com o desporto, pelo contrário, ainda a fortaleceram mais. Apenas tive e ainda tenho de adaptar-me consoante as limitações que vou sentindo no dia a dia.” Já a nível profissional, estas situações acabaram, também, por influenciar as especializações que fez relativamente às populações especiais. Inês Abrantes encontra na prática da atividade desportiva uma maneira de lidar com as doenças, uma vez que, de acordo com a própria, “o exercício físico é um medicamento que não vem em caixas!”
Sou a Vitória Costa, tenho 20 anos e sou natural de Barcelos. Neste momento, frequento o terceiro e último ano da licenciatura em Ciências da Comunicação da Universidade Lusófona do Porto, no ramo de Comunicação e Jornalismo. Sou colaboradora na editoria de Desporto da plataforma #infomedia e tenho como objetivo trabalhar em qualquer vertente da comunicação no contexto desportivo, aliando, assim, duas das minhas grandes paixões.