A dupla jornada dos jovens que trabalham enquanto estudam

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A dupla jornada dos jovens que trabalham enquanto estudam

O melhor e o pior de pertencer aos dois mundos

Portugal é um dos países com uma das percentagens mais baixas de jovens que trabalham enquanto estudam na Europa, representando 49%.
Além disso, 69% destes jovens trabalhavam a tempo parcial, 11% a tempo inteiro, 12% ocasionalmente e 5% sazonalmente.
Dados retirados de EuroStudent

Laura Lopes tem 22 anos e começou a trabalhar quando estava no 1º ano do mestrado em Ciências da Comunicação na Universidade Católica de Lisboa. Ingressou no mercado de trabalho, na área da comunicação, por ser a sua área de estudo. Já a parte comercial surgiu “porque queria um desafio dentro do que estava a fazer”. A decisão de começar a trabalhar surgiu quando decidiu começar a contribuir para o orçamento familiar, já que estuda longe de casa. 

Laura Lopes |Imagem cedida pela mesma
Laura Lopes |Imagem cedida pela mesma

No caso de um jovem que queira trabalhar enquanto estuda, a carga horária semanal é algo que pesa na decisão. Laura tem um emprego full time, – oito horas diárias – e os estudos a ocuparem seis horas semanais em regime pós-laboral. Apesar disso, não sentiu a necessidade de adquirir o regime trabalhador-estudante. No seu caso específico não existem “vantagens tangíveis e o constrangimento que ia ter para pedir o estatuto não compensa as vantagens que traz”. No entanto, a este horário junta-se também o tempo “que uso ao fim de semana para tratar de trabalhos da parte académica”.

A sobrecarga horária a que os jovens que trabalham e estudam simultaneamente estão sujeitos, obriga a uma organização das tarefas académicas e profissionais. Uma das táticas usadas é a otimização do tempo. Esta é feita para facilitar a identificação dos momentos académicos e dos laborais. Por conseguinte, também ajuda na separação dos mesmos.

Outro ponto está ligado à gestão de prioridades. Em alguns momentos desta dupla jornada torna-se imperativo abrir mão de algumas tarefas em detrimento de outras. Torna-se essencial estabelecer a prioridade, para que, durante esta caminhada, seja possível realizar tudo da melhor forma possível. 

Laura concilia as suas tarefas através de um planeamento. “Tenho um calendário e obrigar-me a ter foco. Quando estou a trabalhar nas coisas da faculdade estou só a trabalhar nas coisas da faculdade. Quando estou a trabalhar na empresa, estou a trabalhar na empresa.”

Laura Lopes sobre como coordena as duas atividades

Para Laura, o conciliar das duas realidades permitiu-lhe crescer, tanto a nível pessoal como profissional. Mas não é a única vantagem. Destaca, também, a aquisição de novos conhecimentos “e outras capacidades no trabalho que ajudam na elaboração dos trabalhos da faculdade” e vice-versa.

Mas nem tudo são pontos positivos. Apesar das diversas razões que levam os jovens a ingressar no mundo laboral enquanto estudam, alguns fatores podem fazer repensar a decisão.

Nunca esquecer que às vezes o tempo de lazer é uma mais-valia para a produtividade.”

Laura Lopes, 22 anos

No caso de Laura, o maior impedimento que surgiu com a realização das duas atividades foi “a gestão do cansaço e a falta de tempo livre para desporto ou atividades lúdicas.”, já que por vezes está tão cansada que, se não existir esta quebra, “acabamos a não fazer nem uma nem outra [atividade] bem.” O que se mostrou mais difícil de aprender a conciliar foi o “tempo livre para a parte social e para descansar e estar mesmo sem nada para fazer”.

Apesar das diversas desvantagens apresentadas, para Laura, pertencer aos dois mundos continua a ser uma mais valia já que, quando “acabar o mestrado, vou ter outra experiência” que lhe permite “ter outro tipo de posições e independência financeira”.

O melhor da dupla jornada sobrepõe-se ao pior e o segredo de Laura para o duplo sucesso é  organização, foco e querer.

O melhor e o pior de pertencer aos dois mundos | Imagem de Rita Almeida
Imagem de Rita Almeida
Rita Almeida

Rita Almeida, 21 anos, natural de Vale de Cambra. O gosto por comunicar e querer sempre saber mais surgiu muito cedo, definindo CC como carreira a seguir. Atualmente no terceiro ano do curso, na Universidade Lusófona do Porto, sou, também, colaboradora na editoria “Geração Z” na plataforma #infomedia.