A dupla jornada dos jovens que trabalham enquanto estudam
- Rita Almeida
- 25/06/2022
- Geração Z Portugal
Para muitos jovens torna-se imperativo ingressar no mundo laboral o mais cedo possível. Bruno Sarmento, Ana Luisa Lopes, Inês Silva e Laura Lopes sentiram na pele esta realidade. Quatro jovens com quatro histórias diferentes mas algo em comum: todos eles, por um motivo ou outro, decidiram ingressar no mundo laboral enquanto ainda estudam.
[Texto de Rita Almeida]
Cai a noite sobre a baixa portuense. Turistas e locais aparecem e enchem bares e cafés. No número 36 da Rua de Cândido dos Reis, Bruno Sarmento inicia mais um fim de semana de trabalho. Com 21 anos, é estudante de 3º ano de Engenharia Civil na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto [FEUP]. Mas a sua jornada como DJ não começou agora. Quando ainda estava no 12º ano, ramo de ciências e tecnologias, começou a fazer alguns trabalhos como DJ. Este impulso surgiu “devido ao gosto que sempre tive por música e a vontade de aprender a misturar músicas”.
Tal como Bruno, muitos jovens são confrontados com a ideia de que devem estudar ou trabalhar. Cada vez mais, ao longo dos últimos anos, esta escolha tem sido contornada por uma conjugação mútua. Deixamos de ouvir a expressão “trabalhar ou estudar” para ouvir “trabalhar e estudar”. Esta transição dos estudos para o mercado de trabalho varia consoante a pessoa, a área, a empregabilidade disponível, entre outros fatores. Para muitos, estarem inseridos no mercado de trabalho, mesmo que numa área à margem da ambição profissional, torna este processo mais fácil.
Para Bruno, o que começou como um hobbie, cada vez mais se mostrava algo com futuro e uma forma “de ter um plano backup caso algo corra mal”. No entanto, apenas consegue trabalhar ao fim de semana “devido às aulas durante a semana e as horas de sono desreguladas”.
A carga horária que cada uma das atividades despende é um fator chave na conciliação das duas tarefas. No caso de Bruno, a carga horária mínima no trabalho como DJ são 12 horas distribuídas entre sexta e sábado. Nas aulas, falamos de aproximadamente 20 horas semanais em regime diurno. Este horário leva-o a estudar, maioritariamente, ao fim de semana. Por um lado, torna-se fácil “conciliar porque não há muito por onde escolher”. Mas por outro, é difícil, uma vez que “nem sempre acordo com vontade de estudar depois de uma noite de trabalho”.
Tal como Bruno, também em outros países da União Europeia [UE] os jovens começam, cada vez mais cedo, a trabalhar. Um estudo lançado pelo Gabinete de estatísticas europeu em 2021, permite-nos entender este mundo. Aqui vemos que na UE há países onde os jovens entre os 15 e os 24 anos são incentivados a começar a trabalhar mais cedo e enquanto estudam. Exemplo desta tendência são os Países Baixos, onde em 2020, 57,8% dos jovens trabalhavam enquanto estudavam.
Por outro lado, em Portugal, no mesmo ano e na mesma faixa etária, não chegava a 10%. Portugal posiciona-se, assim, no fundo da tabela europeia, à frente de países como República Checa, Grécia e Bulgária.
Os dois cenários contrastam com a média da UE que em 2020 se fixava em 18,4%. Este valor representava 5,9 milhões de jovens entre os 15 e os 24 anos. Quando comparado com o ano anterior, sofreu uma diminuição de 3%, já que em 2019 se fixou em 6,1 milhões de jovens.
Rita Almeida, 21 anos, natural de Vale de Cambra. O gosto por comunicar e querer sempre saber mais surgiu muito cedo, definindo CC como carreira a seguir. Atualmente no terceiro ano do curso, na Universidade Lusófona do Porto, sou, também, colaboradora na editoria “Geração Z” na plataforma #infomedia.