Invicta: A cidade do abandono animal

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Invicta: A cidade do abandono animal

O turismo e o habitual frenesim da invicta distraem citadinos do abandono animal. Pelas ruas da cidade do Porto, existem mais de 30 mil animais deixados à sorte.

Nas ruas da invicta deambulam sem dono, aqueles que porventura nasceram ou foram deserdados pela sorte. Cães, gatos e um outro tanto número de outros felinos e canídeos que ao virar de qualquer rua ou esquina espreitam pelo melhor. Apesar do abandono de animais de companhia, há já vários anos punido por lei, a realidade do número de casos aglomera-se no Porto.

Os números do abandono animal, estão distribuídos por várias associações e canis municipais. Estima-se que existam quase 30 mil animais por ano entregues à sua sorte. Na sua expressão, são os cães e gatos os animais premiados pela infelicidade.

Entre 2020 e 2021, foram abandonados na invicta mais de 1500 cães e gatos. Do total, 282 são canídeos e 408 são felinos, números estes correspondentes ao ano de 2020. Já no ano passado, em 2021, o número de abandono duplicou. Segundo os dados fornecidos pelo Centro de Recolha Oficial de Animais (CROA) ao #infomedia, o número de resgates na invicta correspondeu ao total de 313 cães e 506 gatos. Quanto ao número mensal de resgates por parte do CROA, o mesmo varia. Não sendo claro, quais os fatores que terminam no abandono.

Na cidade do Porto, localizado em Campanhã, o Centro de Recolha Oficial de Animais, em funcionamento desde abril de 2020, opera como um centro de recolha e de tratamento de animais em situação de abandono. Dos 41 funcionários, quatro são médicos veterinários e dois enfermeiros veterinários, os restantes fazem parte do grupo de tratadores, administrativos e de encarregados.

Contudo, este centro de recolha e proteção animal, funciona também como um centro de controlo de saúde pública. O foco principal é o do bem-estar dos amigos de quatro patas. Garantindo-lhes as condições condignas de alojamento e de tratamento veterinário que necessitam, até adoção.

Relatos em primeira pessoa

Pelas ruas do Porto, pintadas de tuk-tuks e de gestos de figuras que se cumprimentam em várias línguas, encontramos Francisca Batalha. A estudante e portuense de 22 anos, caminhava em largas passadas, na já habitual correria citadina. Quando interpelada e questionada sobre o que poderia a cidade do Porto fazer contra o flagelo do abandono animal, Francisca proferiu o seu descontentamento.

A de implantação de microchips em animais, por vezes não são solução, como nos relata os serviços de profilaxia da raiva do CROA. Na maioria dos casos, os animais que chegam até ao recinto são animais que foram entregues a outros donos, e dos quais não existiu quaisquer procedimento quanto às alterações de dados do dono anterior e detentor desse mesmo microchip.

Segundo o Decreto-Lei proposto pelo Partido Animais e Natureza, (PAN) nº 82/2019 que foi aprovado pelo Governo a 27 de Junho de 2019, em vigor desde 25 de Outubro de 2019, afirma que uma contraordenação relativa a uma não mudança de dados do microchip ou da não implantação do mesmo incorre numa contraordenção punível no valor base de 50,00 € e máximo de 3740,00 €.

Outra das poucas explicações para o abandono animal dadas ao #infomedia foram as da degradação das condições económicas dos respetivos donos, ou alteração das condições da habitação que por vezes não permitem ter o animal, conforme relata Túlia Aires, médica veterinária.

A pandemia e alterações

Com a pandemia por covid-19, existiu um aumento na procura e adoção de animais de estimação, afim de haver companhia em casa. Contudo, o número de casos de abandono também aumentou, acrescenta a médica veterinária.

Apesar da promoção e da consciencialização por parte do município do Porto, para uma adoção responsável através de um processo faseado com várias etapas: desde a seleção do animal, até a análise que permite assegurar que categoria de animal se adequa ao estilo de vida de quem o adota, para com a realidade atual, não se tornou eficaz quanto a redução do número de abandonos.

Vídeo por: Diogo De Sousa
Diogo de Sousa

Olá, sou Diogo de Sousa e tenho 24 anos. Atualmente, sou colaborador na editoria de política do #infomedia. A política é um assunto sério, contudo, gosto de a desconstruir, tornando-a acessível e compreensível aos demais. Além disso, este não é o meu único interesse. Sou muito curioso e até um pouco ‘nerd’. Adoro arte, filmes, música (desde a mais clássica ao metal industrial), gosto ler e também de escrever!