“Já prevíamos que alguma coisa de muito grave poderia vir aí”

Voltar
Escreva o que procura e prima Enter
“Já prevíamos que alguma coisa de muito grave poderia vir aí”

Por Sofia Coelho

Vânia Santos tem 35 anos e trabalha como enfermeira no Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto há 12 anos. Atualmente reside em Fiães, Santa Maria da Feira.

A enfermeira conta que trabalha num serviço ambulatório em que maioria dos doentes que passam por ela são externos, ou seja, apenas realizam exames e vão embora. No entanto, explica que se, por um lado, passa 15 minutos com cada paciente, por outro durante um dia de trabalho cuida de inúmeras pessoas, das quais não tem controlo.

Além disso, Vânia Santos explica como o IPO se organizou após a pandemia. Passou a fazer-se o rastreio aos doentes e seus acompanhantes, quando entram na instituição. Se estes forem portadores de algum sintoma suspeito têm de se retirar. Acrescenta ainda que os únicos acompanhantes autorizados a entrar são os estritamente necessários.

Desde o início da pandemia que todos os doentes, acompanhantes e funcionários têm de utilizar de máscara e manter higienização das mãos e da etiqueta respiratória.

Além disso, a enfermeira mostra a sua preocupação com a situação da pandemia. Referindo que antecipara a dimensão do problema. “Antes mesmo desta azáfama toda começar já prevíamos que alguma coisa de muito grave poderia vir aí. E confirmou-se.” Acrescenta ainda que, apesar de tudo, o governo quer manter o IPO um local limpo, ou seja, quer transferir todos os doentes infetados. Devido ao receio dos pacientes que lá se encontram pertencerem aos grupos de risco.

Aquando a volta para casa, a enfermeira explica que tem a possibilidade de usar uma casa de banho independente e que é lá que realiza todos os seus cuidados de higiene. Refere também que não leva a roupa que utiliza para a parte de cima da habitação. “A parte de cima da casa é considerada limpa “, acrescenta. Refere que a partir daqui tem uma vida normal e também que espera não transmitir nada ao marido e ao filho de 3 anos. Lida com o peso que se lhes acontecesse alguma coisa não se iria perdoar, no entanto sair de casa não é uma opção. Para ela “isto veio para durar”, como refere durante o seu testemunho.

Apesar do futuro ser incerto, Vânia Santos mantém-se focada de que tudo correrá pelo melhor. “Tudo vai ficar bem. Se cada um fizer a sua parte, não desistir e manter-se focado vamos vencer.”

Para ler mais clique aqui