Lançar uma coleção em Portugal é dispendioso

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Lançar uma coleção em Portugal é dispendioso

Entre o fenómeno de fast fashion que domina a Europa, as marcas portuguesas têm dificuldades em rentabilizar as coleções e em globalizarem o nome

Fabrica de Têxtil/ Fotografia: Pixabay

Marcas de têxtil portuguesas aderem à tendência das coleções-cápsulas. Nos entremeios das apresentações sazonais, lançam artigos que vão ao encontro do desejo dos consumidores ao mesmo tempo que asseguram lucros essenciais às marcas para assegurar custos entre estações.

“No contexto português, fazer uma coleção completa fica dispendioso”, afirma Vânia Canha, gestora de marketing na Associação Selectiva Moda, vocacionada para a internacionalização. “Através da criação de coleções-cápsula, as marcas conseguem acompanhar mais facilmente as tendências de moda e o investimento por norma é menor”, explica. “Nenhuma marca resiste com os mesmos modelos sem updates durante seis meses”, assegura. 

A marca portuguesa Concreto foca-se na criação de peças de roupa para mulher “mantendo o seu ADN primário que é a malha tricotada”, explica Teresa Marques Pereira, CEO da empresa. “Já há muito não acreditávamos em coleções longas e extensas para apresentar ao retalho que mundialmente se encontrava em fase de decréscimo. A nossa visão não era uma extensão territorial, mas sim uma profundidade em parceiros estratégicos de negócio”, esclarece. 

Fast e slow fashion

O fenómeno do fast fashion domina o mundo da moda. Marcas mundialmente conhecidas como a Zara, Benetton, Shein, H&M, GAP seguem o padrão de produção em massa, com fraca qualidade, no qual os artigos são produzidos com fugacidade, consumidos e descartados. 

No campo do slow fashion, a sustentabilidade, a economia de partilha, a reciclagem, os tecidos biodegradáveis, os investimentos em investigação e desenvolvimento e as coleções-cápsula são as novas tendências do setor. Contudo, estes investimentos e preocupações ambientais têm elevados custos que se refletem no valor das peças produzidas. 

Em 2021, um estudo do Inventa International revelou que Portugal foi o sexto país da UE com mais pedidos de registo nacional de marcas, nos últimos 20 anos. Contudo, nos pedidos internacionais ficou em 15.º lugar. Apesar da relevância dada às marcas nacionais, há poucos incentivos para a globalização e crescimento das marcas. 

Os materiais portugueses da indústria do vestuário são muito requisitados internacionalmente e, antes do abalo da pandemia, em 2019, exportava cerca de 85% da produção.