“Existem polícias que sentem dificuldade em expressarem-se emocionalmente”

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“Existem polícias que sentem dificuldade em expressarem-se emocionalmente”

 [Reportagem de Diogo Costa e Rui Ribeiro]

Muitas vezes os polícias, de forma a esconderem o mau estar psicológico dos seus colegas e superiores, refugiam-se em “estratégias de coping nocivas, tais como o consumo do álcool e o jogo”. Quem o diz é a agente Marisa Dolores, do Comando Metropolitano de Lisboa, que afirma que acontece por terem dificuldade em confiarem nos seus companheiros, apesar dos incentivos da Direção Nacional da Polícia.

Desde 2000, quase 160 polícias portugueses tiraram a sua própria vida com um simples disparo na cabeça com a arma de serviço a dar o seu contributo fatal. Constituem a “primeira linha da Europa em suicídios”, sendo que a maior parte das vítimas são homens na casa dos 30 e 40 anos. O suicídio na polícia, é o dobro da população em geral com uma média de 16,9 casos por 100 mil habitantes, ao passo que na restante população, a taxa de suicídio é de 9,7 por 100 mil habitantes. Com estes números, fomos tentar perceber o que pode levar um polícia a tomar uma decisão tão complexa e quais as prevenções que podem ser tomadas para precaver o mau estar psicológico de um agente policial.

Coping é o processo cognitivo utilizado pelos indivíduos para lidar com situações de stress.
Fonte: “Os Polícias Não Choram”, livro de Miguel Oliveira Rodrigues

A caminho da esquadra do Heroísmo, deparamo-nos com chuva, o que acentuou o nosso nervosismo, devido à sensibilidade do tema, pois sempre sentimos que a polícia tinha dificuldade em falar do assunto e sentíamos o risco de não ter fontes. Contudo, não perdemos a esperança e decidimos subir a rua do Heroísmo, em direção ao posto. Chegando ao local, pedimos para falar com o primeiro agente que encontramos, que nos direcionou para a sala de espera. Foi a partir daí que conhecemos o agente principal João Rocha de 52 anos. Concedeu-nos uma entrevista e um à vontade para falar do assunto, pois sentia que era um tema que devia ter mais importância. Foi na secretaria que falou que os polícias não têm permissão para “abordar assuntos de caráter operacional”, sendo que para ele os polícias não têm dificuldade em falar de temas relacionados com o psicológico.

Secção de Perdidos e Achados da Esquadra do Heroísmo
Fonte: OPORTO TOURISM

Após o término da entrevista a Rocha, fomos à procura de mais testemunhos, de forma a enriquecer a investigação e se os lamentos demonstrados pelo agente eram partilhados por mais algum colega de profissão, da mesma maneira. O tempo, tal como o objetivo, não se alterou e dentro de uma forte chuva, a cidade de Matosinhos foi o nosso destino. Apanhando o metro até à cidade pesqueira, foi particularmente difícil encontrar a esquadra, uma vez que tinha mudado de localização, provisoriamente, devido a obras no estabelecimento principal. Com a ajuda de residentes e Google Maps, ficamos a conhecer o Agente Principal Luís Santiago, com os seus 48 anos, que mostrou logo um enorme prazer em abordar o tema, mostrando-se disposto em contar a sua experiência pessoal no tema questionado. Ao longo da conversa, entrou em acordo com João Rocha, na medida em que não há dificuldade em falar do assunto com os colegas e que na esquadra “todos se preocupam uns com os outros” e que sempre que precisa visita um psicólogo que o “ajuda sempre que necessário”. No entanto, tanto ele, como os seus colegas têm receio em falar com os superiores, porque segundo o polícia “há o medo de ser afastado da Divisão e de ser inferiorizado”.

Antiga Esquadra de Matosinhos
Fonte: VYMaps

A pandemia e o dinheiro foram um obstáculo em chegar à fonte seguinte. Com ajuda de elementos da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia do Porto (ASPP/PSP), chegamos a Marisa Dolores (27 anos), de forma virtual, mas sem perder a rota do nosso trabalho. Desde logo, Marisa apresentou-se, entre sorrisos, como Agente Principal do Comando Metropolitano de Lisboa e membro da Divisão de Saúde da Direção Nacional, com formação académica em psicologia, fazendo parte do Gabinete de Psicologia da Divisão pertencente. Marisa introduziu a entrevista virtual demasiado calma em falar na saúde mental na sua profissão, contudo entrou em desacordo com o seus colegas nortenhos entrevistados. Tem a “plena noção” que à sua volta existem polícias que sentem dificuldade em expressarem-se quanto às suas emoções, tentando “esconder os seus maus estares do resto dos colegas”. Para além de mau estar emocional, a agente alertou-nos para a existência da psicossomatização (termo usado pelos psicólogos para definir sintomas físicos que surgem nos pacientes, causados por situações emocionais), justificada com a “falta de horas de sono ou alimentação pouco adequada”. Isto, segundo a agente acontece com o receio dos polícias em serem julgados pelos seus colegas e que os seus refúgios, muitas vezes, são nocivos para eles mesmos, onde a polícia deu como exemplos de colegas que tentaram encontrar asilo no álcool ou no jogo, cenário que “só piorou a situação dos companheiros em termos de desgaste emocional”.

Após a conversa com Marisa, e com alguns contactos na ASPP/PSP da cidade invicta que nos providenciaram o contacto, Paulo Santos, presidente do sindicato, lamentou também, com alguma tristeza, as estratégias nocivas de coping usadas pelos polícias quando algo não está bem. “Perda de apetite, apatia social e emocional, falta de vontade para a realização de tarefas” são sinais que o sindicalista indicou que são visíveis nos polícias quando estão a “desenvolver um quadro depressivo”.

Paulo Santos, em entrevista, salienta, na sua opinião, que a saúde mental para a Administração Interna é um assunto tabu, mas que, “felizmente, existem elementos policias mais sensíveis para estas situações e que se entreajudam, mas que não falam abertamente dentro da instituição policial deste assunto. “O mau estar mental ainda é um sinal de fraqueza que não se quer expor para a sociedade que rodeia”, alertou o sindicalista, indicando que o mais importante é a contratação de psiquiatras para “estarem presentes nas Juntas Médicas para que os elementos policias possam ir quando estão durante meses de baixa psicológica”.

Paulo Santos, presidente da ASPP/PSP
Fonte: José Coelho/LUSA

O APOIO E A PREPARAÇÃO PSICOLÓGICA NOS POLÍCIAS

Na nossa entrevista virtual, com a especialista de psicologia na sua Divisão, Marisa Dolores refere que “a PSP tem aproximadamente 15 gabinetes de psicologia a nível nacional” que dão apoio aos seus elementos e, também, “um número de telefone disponível 24h”. Para além disso, a Direção Nacional tem um projeto em que todos os Comandos e respetivas Divisões devem ter um elemento ligado à psicologia, para que identifique quem necessita de apoio psicológico e encaminhar para os serviços adequados, de modo a ter o melhor acompanhamento. Na sua Divisão, Marisa é o elemento escolhido para o ramo da psicologia, “devido à sua formação académica e profissional”.

Seguimos de novo para o norte, na cidade do Porto e periferia, onde os dois agentes, João e Luís, lamentaram a falta de existência de apoio por parte da Direção Nacional e Administração Interna neste ramo e que os seus apoios são os “companheiros de armas”, que lhes “dão o conforto nos momentos mais difíceis e com quem depositam toda a sua segurança”.

Já o presidente da ASPP/PSP do Porto, Paulo Santos, com 43 anos, refere que o apoio psicológico “não é de qualidade” e que é necessário haver mais acompanhamento por parte dos psicólogos que permita executar diariamente o trabalho com sucesso.

No que toca à preparação psicológica dos polícias, “apenas fizeram uns pequenos questionários para saber quem necessitava de ir ao psicólogo” salientou Luís Santiago com os olhos a mostrar o desalento, acrescentando que foi ao psicólogo, mas apenas durante uma hora e para saber se “na polícia tinha algum conhecimento de algum caso de mau estar psicológico na esquadra”. Lamentou que esta preocupação não serviu de nada, pois teve colegas a morrer, onde a principal causa é “os superiores só quererem números”.

Voltando à secretaria fria e escura do posto do Heroísmo, o agente principal fala que a única preparação foi através de algumas formações técnicas e teóricas, mas que são mais direcionadas para “as funções que cada elemento exerce”. Seguindo para a capital com um clique, a agente e constitucionária da Divisão de Saúde na Direção Nacional, também acordou que os elementos têm formações, mas que foram com sucesso por “dotar de conhecimentos específicos para a identificação de sinais apresentados por polícias que tenham ideias suicidas e problemas psicopatológicos”.

Por parte do Ministério da Administração Interna, Paulo Santos, no seu gabinete, olha para o que a organização pode fazer para apoiar mais os polícias. “Alargar o número de psiquiatras disponíveis a nível nacional, dar mais condições laborais, melhorias das instalações, acelerar as transferências” são alguns aspetos que o sindicalista vê “com bons olhos” para melhorar esta temática. Sendo que a polícia trabalha “para garantir os direitos dos cidadãos”, não sente que os direitos da polícia estejam a ser garantidos pela cúpula e isso “desgasta fisicamente e psicologicamente”.

Ao analisar alguns artigos jornalísticos, deparamo-nos com a Sapo Lifestyle”, numa entrevista a dois psicólogos portugueses no ramo da psicologia policial, Paulo Barbosa Marques e Mauro Paulino. Nesta conversa, destacam “a qualidade e alcance dos serviços prestados pelas organizações policiais aos cidadãos”, que está dependente da relevância que é dada à Psicologia nas respetivas entidades, onde frisam a “importância de a Psicologia Policial ser uma área de especialização devido aos contributos para as Forças de Serviço e Segurança e aos cidadãos”.

A IMPORTÂNCIA DO PSICOLÓGICO NAS DECISÕES DE SERVIÇO E COM OS CIDADÃOS

São mais de mil chamadas, por ano, recebidas em serviço de apoio
Fonte: TVI24

“Há, pelo menos, 20 polícias no psicólogo todos os dias”.

Marisa Dolores

É na capital portuguesa que Marisa revela que a parte psicológica tem uma “enorme importância” nas decisões em serviço. “Quando não se tem o descanso suficiente ou nos sentimos burnout, a nossa impetuosidade não permite fazer uma análise adequada da situação, nem tomar as melhores decisões ou escolher a estratégia mais adequada para a resolução da ocorrência”, frisou a agente. Na cidade invicta, o agente da esquadra do Heroísmo concordou que o bem-estar psicológico é “um dos pontos cruciais na atividade policial, dada a complexidade das ações que os profissionais são obrigados a executar”, assim como o agente de Matosinhos que acrescenta que uma alteração da parte psicológica leva a um “mau serviço”.

Já não é de agora os vários desacatos que acontecem entre a sociedade e as forças de segurança pública. Na cidade do peixe, Santiago afirma, com alguma tristeza, que “na via pública não há grandes apoios, as pessoas cada vez cumprem menos as leis e que não respeitam as forças de segurança e que não é fácil lidar com isso”. João acrescentou que a pressão de serem a proteção dos cidadãos é grande e que pode levar a uma apreensão psicológica por serem os “mandatários da manutenção de um estado de direito e democrático” e que isso “é passível de ser um rastilho gerador de momentos de apreensão em situações de maior conflito interior e exterior”.

Já em Lisboa, a agente do Comando Metropolitano de Lisboa sente que os polícias não sente “pressão por proteger os cidadãos”, mas que se ressentem impotentes “aquando da execução das suas funções”, onde falou de um exemplo que o polícia tem o dever de fazer aplicar a lei e quando se depara com um cidadão que apenas invoca os seus direitos, sem cumprir com os deveres, há a existência de um conflito constitucional, no qual a maior parte dos cidadãos não tem conhecimento e não faz o esforço para ter. “O sistema governativo permite o facilitismo por parte dos cidadãos, o que coloca os polícias sob submissão legal”, rematou a agente, deixando no ar a questão “Valerá a pena eu como polícia levar o cidadão a cumprir a lei, quando o que acontece é este mesmo cidadão não cumprir a lei? Insurgir-se contra mim que sou o braço do Estado que o deveria levar a cumprir a lei e depois é esse mesmo Estado que me vai culpar e ilibar o cidadão incumpridor?”. Ouvindo testemunhos de agentes policiais, fomos tentar perceber o lado dos cidadãos em alguns espaços do país. Andreia Araújo, 22 anos e residente de Rio Tinto, e Nuno Gonçalves, com 21 e de Valpaços, acreditam que a população exige em demasia dos polícias e que as pessoas não têm “o mínimo de conhecimento da situação da polícia” e outro fator é a “cultura diferente no conceito de ser polícia”. Isilda Mesquita (52 anos), de Matosinhos, afirma que a pressão existe, “mas nada demais”, pois o que é pedido é “o normal, a segurança dos cidadãos”. Já na opinião de Luís Miguel, habitante de Pombal com os seus 51 anos, afirma que os polícias “podem fazer mais e melhor, mas têm feito de tudo para dignificar a instituição”. Fala da desproteção que a população, por vezes, sente, “mas todos sabemos que quando nos sentimos desprotegidos um minuto parece um ano”. “Um policiamento de proximidade e de visibilidade é maior aliado para extinguir um alegado sentimento de insegurança”, avisou o morador pombalense.

OS FATORES PARA O DESGASTE PSICOLÓGICO E A IMPORTÂNCIA DOS INVESTIMENTOS

“É preciso sensibilizar a hierarquia e as chefias para uma liderança exemplar”.

Paulo Santos
No ano passado, o Governo executou apenas 7,5% dos 60 milhões disponíveis para infraestruturas
Fonte: Lusa

Membro da Divisão de Saúde da Direção Nacional e o presidente do maior sindicato policial de Portugal alertam para cinco fatores que podem levar ao desgaste psicológico e são decisivos na descompensação psicológica dos polícias. São eles, segundo Marisa, “o trabalho por turnos, obrigação de trabalhar longe da família, salários baixos que não permite ter uma vida económica estável, exposição frequentes dos elementos policiais a situações de violência extrema como mortes, cadáveres desmembrados e a nível organizacional, as chefias e as hierarquias também são responsáveis pela qualidade da saúde mental”.

 João Rocha, quando questionado pela mesma temática, diz que um mau estar psicológico pode levar à toma de decisões descontextualizadas e “desinteresse na missão para a qual são orientados”. Na esquadra de Matosinhos, Luís acrescentou que o que pode levar a um mau estar psicológico foi sobretudo “pressão a nível de horários, não ter tempo para descansar, pressão de o serviço ser feito” e que a própria pandemia também dificultou o bem-estar da polícia. Para além disso, os problemas com familiares também é um fator deliberativo.

Em 2019, Eduardo Cabrita confirmou um investimento de cerca de 20 milhões de euros para melhorar infraestruturas da PSP na Área Metropolitana do Porto. Paulo Santos, no ramo do bem-estar psicológico, refere que “ainda há muito para melhorar o acompanhamento necessário a nível nacional”. Para o presidente da ASPP/PSP, umas das formas para melhorar o acompanhamento psicológico dos policias “é permitir o aumento de consultas de psicologia a serem comparticipadas pelo Regime livre da PSP”. Acrescenta que as dez consultas anuais comparticipadas pela PSP de acompanhamento não são suficientes e que o importante para melhoria da saúde mental policial é, a par de estratégias a adotar e que já foram apresentadas à Direção Nacional, “sensibilizar a hierarquia e as chefias para uma liderança exemplar desprovida de comportamentos que levem a uma liderança autoritária” e “melhorar os estilos de liderança dentro do sistema organizacional”.

João Rocha, com mais ânimo que no início da conversa, falou sobre os investimentos, relembrando que “face aos anos anteriores, existe alguns investimentos na PSP”. Nos dias de hoje, lembra que a PSP já tem um gabinete de psicologia que presta apoio aos elementos policiais em diversas situações. É da opinião que deveria de haver mais investimento na saúde mental, a par de Luís Santiago que fala que na sua esquadra há três psicólogos que nunca aparecem.

Marisa Dolores alerta que por a polícia ser um trabalho de turnos, “onde os ciclos de sono se alteram e são um fator de desgaste”, que é mais que necessário haver investimentos na área psicológica.  

Não só o Porto, Matosinhos e Lisboa foram os destinos escolhidos para procurar respostas para as nossas dúvidas investigativas. Por entre alguns pontos do país, alguns cidadãos escolhidos também entraram em concordância com os primeiros entrevistados, na medida em que sentem que a Administração Interna, como departamento responsável pela execução das políticas de segurança pública, deveria de investir mais nesta vertente. Luís Miguel (Pombal) atenta que compete ao organismo “desenvolver medidas de proteção aos polícias, bem como criar equipas de acompanhamento psicológico aos profissionais da classe”. Para Nuno Gonçalves (Valpaços), este ministério deveria de “contratar mais psicólogos e promover constantes formações de saúde mental aos polícias”. Isilda Mesquita (Matosinhos) concordou com a medida dos investimentos e Andreia Araújo (Rio Tinto) frisa que por serem a “alta entidade e gerir aquilo que é a polícia, deveria estar ligada à proteção dos seus empregados”.

IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA E AMIGOS

Ao contrário do referido no início da conversa, Marisa, como estratagema para encontrar um equilíbrio emocional, salientou que os polícias devem habilidades de copping que não sejam nocivas para o indivíduo. “É importante ter uma rede de apoio de familiares e amigos, desde que não sejam tóxicos. Deve-se saber identifica-los e saber até que ponto são importantes”, frisou a agente. Para além da família e amigos, “os hobbies e atividades extralaborais também são muito importantes”.

Rocha atenta no papel da família, mais precisamente na esposa e filhas que sempre o acompanharam e “souberam ouvir os desabafos, mesmo sabendo que viviam os seus problemas”. Santiago relembra que os amigos na polícia também constituem uma importante base de ajuda.

A OPINIÃO DE ALGUNS CIDADÃOS

“É preciso promover mais o tema da saúde mental policial”.

Nuno Gonçalves

Para três dos quatro cidadãos entrevistados, o tema da saúde mental na polícia é bastante desvalorizado na sociedade. Luís Miguel atenta que há muito que Portugal “regista uma elevada taxa de antidepressivos, sendo que as doenças mentais atingem a um ritmo galopante e exponencial”. Para o residente de Pombal, a pandemia agravou a situação e que “a polícia não está imune”. “Face aos resultados da taxa de suicídios e crimes praticados, os Estados adotaram acompanhamentos a pessoas com patologias do foro psíquico e a polícia está sujeita a momentos de pressão e stress incalculáveis”, salientou. Isilda Mesquita e Andreia Araújo acreditam que a desvalorização é muito grande e que é preocupante.

Já na opinião do valpacense Nuno Gonçalves, ainda não há uma desvalorização da saúde mental policial, contudo afirma que é preciso “promover cada vez mais o tema”.

Isilda Mesquita e Andreia Araújo acreditam que muitas vezes as falhas policias estão “casadas” com a pressão que a sociedade exerce, principalmente quando estão a exercer a profissão, “o escrutínio público acaba por influenciar qualquer segundo das atuações”. Nuno Gonçalves entra em acordo, frisando que a crítica “vem sempre de alguma falha que o cidadão encontra ao satisfazer a sua necessidade, o que leva a uma grande pressão”.

No entanto, Luís Miguel aponta que as falhas policias se devem “ao contexto delicado que os profissionais da polícia enfrentam e persiste em não ser solucionado”. Os fatores, para o habitante da cidade pertencente ao distrito de Leiria, são “as condições de trabalho precárias, efetivos em número insuficiente, falta de meios e de uma cooperação efetiva entre várias forças de segurança, vencimentos que não traduzem o nível de risco e o sentido de responsabilidade a que estão sujeitos, carga horária excessiva e exigência aos profissionais para a linha da frente no combate à criminalidade”. Em suma, para o cidadão a responsabilidade das falhas é da “tutela e respetivas chefias”.

De acordo com o Diário de Notícias, a esperança média de vida de um agente da PSP é de 67,5 anos, de acordo com um estudo realizado pelos serviços sociais a pedido da Direção Nacional. O estudo revelou que os agentes, em comparação com a média geral da população de 78,7 anos, morrem onze anos mais cedo.

Rui Pedro Mimoso Ribeiro

Rui Ribeiro, 22 anos, natural da Senhora da Hora. Atualmente no terceiro ano do curso de Ciências da Comunicação na Universidade Lusófona do Porto. Tendo os avós combatido na Guerra Colonial, por Portugal, ganhou curiosidade em tudo o que envolve o tema "guerra", onde tem como objetivo chegar a repórter desse ramo.