O relato de um jovem que nunca parou e enfrenta diariamente o risco

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O relato de um jovem que nunca parou e enfrenta diariamente o risco
Fotografia cedida pelo entrevistado

[Texto: Bárbara Oliveira]

O ano de 2020 será para sempre lembrado como o ano em que a pandemia da Covid-19 passou a fazer parte da nossa rotina. É marcado pela inquietação e pelo desassossego na voz daqueles que lidam, diariamente, com o perigo de exposição e possível contaminação, para assegurar que nada falhe a quem mais precisa. 

João Costa, um jovem de 23 anos residente em Vila Nova de Gaia, é operador de armazém no maior supermercado do país.

Desde o início da pandemia, nunca deixou de trabalhar, tendo como responsabilidade garantir que todos os pedidos realizados por clientes cheguem o mais rápido possível ao seu domicílio. Tem como compromisso, responder às necessidade diárias do cliente e preservar a segurança pelos que optam em não sair de casa.

Partilha que, à medida que a pandemia ia crescendo, o trabalho ia piorando, “No local de trabalho a cada dia que passava o stress só aumentava, ao vermos o número de infetados a aumentar cada vez mais, começamos a desconfiar uns dos outros”. 

João é o mais novo de quatro irmãos, habituado a  uma casa sempre cheia, manifesta preocupação em voltar a casa ao final de cada dia de trabalho, uma vez que para além de residir numa das cidades mais afetadas por esta pandemia, a empresa para a qual trabalha recebe diariamente mais de 500 clientes. “Depois do trabalho a ida para casa tornou-se mais complicada, sabendo que podia, talvez, contaminar alguém em casa, eu mantinha a distância de todos, evitava comer à mesa junto como todos”. 

Relata que a sua rotina passou a ter muitas restrições e cuidados: a utilização de luvas, da máscara, da viseira e, inevitavelmente, o distanciamento social, passaram a ser os seus maiores aliados. Ao acordar de manhã, ao deparar-se com os transportes públicos vazios, as ruas desertas, custava-lhe mentalizar  que tinha de sair de casa. Sentia que estava a expor-se  a um risco tão grande e que poderia vir a  infetar, também, todo o seu círculo familiar.

Ao fim de dois meses, começou a sentir que tudo estava a normalizar e foi se habituando aos novos métodos e regras. Aos poucos foi perdendo o medo, o stress foi baixando e o trabalho estabilizando. Não vê a hora de poder sair à rua sem ter de usar máscara, de poder ir à praia, ao café ou ao restaurante, de não ter a preocupação de estar em contacto, ou ter de manter o distanciamento com outras pessoas. Sente que a sua liberdade foi retirada e nem imaginava que algum dia iria passar por tudo isto.

Na sua opinião considera que o Governo agiu de forma correta comparativamente a outros países, mas que futuramente iremos sofrer outra consequência que será devastadora para quantas outras famílias.

Relata que para que tudo volte à normalidade todos temos de contribuir para tal. “Tudo isto que são coisas que nenhum de nós provavelmente gosta de o fazer, vai ter que o fazer para o bem de todos nós, só assim é que vamos conseguir fazer com que isto passe mais rápido”.

VER TRABALHO COMPLETO AQUI