“O tempo morto é um bom lugar”

Voltar
Escreva o que procura e prima Enter
“O tempo morto é um bom lugar”

Fernando Faria Paulino tem 55 anos e vive na Maia Porto, é doutorado em antropologia visual e  professor  de Semiótica e fotografia digital no ISMAI.

Fernando Paulino a filmar um documentário no Senegal, em 2018

O estado de emergência obrigou ao encerramento das universidades, afastou-os das salas de aulas e das suas viagens pelo mundo. Habituado a mergulhar na diversidade de espaços e culturas encara com  alguma tranquilidade as mudanças que o atual estado de emergência obriga. Mas reconhece que a nova forma de se relacionar em contexto de pandemia não é suficiente.

“ O que eu sinto mais falta neste momento, são as relações pessoais (…) do frente a frente, do ruído das palavras num mesmo espaço”.

As mudanças na forma de ensino obrigam os professores a reinventarem-se e procurar formas de motivar os alunos  e levar este ano lectivo até ao final.  Fernando Paulino nunca parou de trabalhar, e a partir de casa prepara as aulas de Fotografia digital e Semiótica.

O isolamento social deste antropólogo acabou por ser um prolongação do seu trabalho dentro de casa. Mesmo fechado ainda se viaja pelas leituras que se faz, ainda se conhece algo de novo e aprende-se a esperar.

“A atividade de um antropólogo é uma atividade de  muita espera (…) observação e reflexão”.

As suas viagens pelo mundo fora, deram-lhe uma bagagem emocional, que permite ver este isolamento como “tempo de serenidade”. Fernando Paulino realça ainda que mesmo com “tempos de paragem” é necessário gerir esse tempo morto para um crescimento pessoal.

No seu “tempo morto”,( que segundo ele não eram assim tantos) Paulino isolava-se  num estúdio improvisado, relembrando o período em que tocava numa banda com os amigos.

“A música serve muito para relaxar a mente(…) e não em pensar em outra coisa que não seja música”.

Reconhece que o país reagiu bem ao desafio social que esta crise sanitária propunham, mas quando olha para o Futuro vê uma país incapaz de lidar com uma nova vaga de surtos e mostra-se um pouco cético quando se fala da solidariedade que se faz sentir nos tempos de pandemia. “Gostaria que esta solidariedade não fosse restrita a um tempo.”

Veja toda história aqui.