Podem os sintéticos ter influência nas lesões dos jogadores?

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Podem os sintéticos ter influência nas lesões dos jogadores?

Os relvados sintéticos podem provocar diversas lesões caso não se tenham os devidos cuidados, sendo a lesão mais frequente a entorse do tornozelo. Diogo Silva, jogador dos seniores do Paços de Brandão sofreu esta lesão a treinar. Uma entorse que o levou a retirar-se durante algum tempo dos relvados.

A relva sintética vai ganhando cada vez mais popularidade sendo atualmente o tipo de relva mais utilizado em espaços para a prática desportiva. Com vantagens e desvantagens na sua utilização, até que ponto será responsável por mais lesões desportivas, quando comparada com a relva natural?

Diogo Silva, jogador dos seniores do Clube Desportivo Paços de Brandão sofreu uma lesão a treinar e culpa o sintético pelo sucedido.

Foi no ano de 2006 que começou a jogar futebol federado, com 5 anos. Mais tarde decidiu sair para se juntar a um projeto mais ambicioso no Clube Desportivo Feirense onde competiu nos campeonatos nacionais. As recordações que ficam não são as melhores. Foi o clube onde foi menos feliz pois a realidade era completamente diferente da que estava habituado. Percebeu nessa altura aquilo que realmente é o futebol em patamares mais elevados e salienta que passou o segundo ano ao serviço do clube sem contar para as escolhas do treinador.

Perante isto decidiu juntar-se ao Fiães Sport Clube antes de regressar ao ponto de partida. O clube que o mais marcou foi sem dúvida o Paços de Brandão, localidade onde reside e que o viu crescer enquanto homem e jogador. Foi o clube em que esteve mais anos e atualmente continua a crescer nos séniores. “Será sempre um clube com um significado especial para mim”, sublinha o jovem atleta.

Fotografia cedida por Diogo Silva

Sobre a sensação de, aos 18 anos, estar pela primeira vez num balneário sénior, Diogo revela ser completamente diferente partilhar um balneário com colegas da mesma idade ou com homens feitos, casados e que em alguns casos poderiam ser quase pais dele. Para os jovens jogadores o grupo é bom, ajudam na integração e deixam-nos à vontade.

Ao nível de lesões o jovem atleta é perentório e revelou-nos o seu histórico de lesões muito pormenorizado. Até recentemente, o jogador não registava lesões e todos os desconfortos que tinha eram ligeiros e apenas se relacionavam com o desgaste e o esforço elevado, as chamadas mialgias tão características no mundo do futebol. Durante este ano, o primeiro no escalão máximo do futebol, teve a sua primeira lesão mais grave numa fase precoce da época, a pré época. Sofreu uma entorse de 2º grau com fratura no tornozelo esquerdo, uma lesão muito frequente nos jogadores de futebol. Ao nível da recuperação tem sido um pouco mais demorada do que inocialmente previsto pois a fratura foi detetada um mês e meio após a ocorrência. No primeiro ano de sénior a adaptação é mais difícil, pelo que iniciar a época lesionado complica-lhe imenso a vida, mas no fundo encontra-se esperançoso pois a lesão acabou por trazer mais força anímica, motivação e ajudou a perceber o quanto ele gosta de futebol.

O relvado teve influência na lesão? O atleta nem hesita e responde com clareza: “Diria mesmo que foi o relvado que provocou a lesão. Tendo acontecido sozinho, sem qualquer tipo de choque com outro jogador, o meu pé ficou preso na relva e torceu.”, relata o jogador. O relvado que provocou a lesão era muito bom para a prática de futebol, mas como a relva é alta, é bastante propício a lesões, especialmente na transição de um relvado para o outro.

Diogo revela também que nenhum tipo de relvado “protege” mais a integridade física do jogador e aponta vários fatores: tanto um relvado sintético como um natural podem ser bastante propícios a lesões se não tiverem os devidos cuidados. Se tivesse de escolher um, seria o natural porque permite uma melhor aderência ao piso se forem utilizados os pitons certos.

Hoje em dia, o atleta natural de Santa Maria da Feira diz gostar de jogar mais num “bom relvado sintético” pois é o tipo de relvado a que está mais adaptado. Quanto aos relvados naturais, considera que requerem alguma adaptação ao terreno por isso mesmo não está habituado à forma como um jogo de futebol pode fluir nesse tipo de piso.

O tipo de relva é um fator chave para o sucesso ou insucesso das equipas por isso considera que o relvado sintético, quando se encontra nas suas melhores condições, permite a prática de um futebol com um jogo mais apoiado e de passe curto, de posse de bola e mais vistoso, tendo em conta que a bola não ganha tanta velocidade como num relvado natural, o que facilita a receção e o passe da bola.

No entanto, está ciente que a longo prazo este tipo de relva pode causar danos para o resto da vida. “Penso que os relvados sintéticos, por serem mais duros, desgastam mais as articulações do que a relva natural”.

Diogo Silva. Fotografia cedida pelo atleta

Dá o exemplo do sprint, em que o desgaste momentâneo é maior num relvado natural porque a relva é maior e custa mais a levantar o pé, então o cansaço durante um jogo é mais elevado. Porém, a longo prazo, um relvado de cariz sintético afeta mais as articulações. Aponta ainda uma curiosidade: os jogadores mais velhos, e até os aposentados dizem que o grande problema é a zona dos tendões.

Diogo não ficou indiferente face à pandemia. Começa por ironizar apontando o facto de todos nós desejarmos ser cientistas para encontrarmos a solução para esta doença e voltarmos à vida normal. Mais sério, aponta os clubes dos campeonatos distritais como os principais prejudicados pois apresentam receitas quase nulas, apesar de os custos fixos continuarem a aparecer ao final do mês. Atualmente, não consegue ajudar a equipa desportivamente, mas faz sacrifícios para ajudar o seu clube dentro daquilo que lhe é possível.