“Podes reclamar por teres acordado cedo ou simplesmente agradecer por teres acordado”

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“Podes reclamar por teres acordado cedo ou simplesmente agradecer por teres acordado”
Sara Neto, fotografia cedida pela própria

Sara Neto tem 18 anos e é natural de Paços de Ferreira. Atualmente, é estudante de Medicina na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e, face à situação pandémica atual, encontra-se em casa, seguindo a matéria lecionada a partir do computador.

“Não é que tenham fechado porque houve algum caso, mas sim porque a minha faculdade está associada ao Hospital de São João. E como começaram a haver lá casos e eles começaram a construir o hospital de campanha, proibiram os alunos de circular nos corredores.”

A aluna acrescenta que tinha aulas no Hospital, porém, com a propagação do vírus e os tratamentos em andamento, não fazia sentido que os alunos caminhassem dentro do edifício, passando a assistir às aulas via online.

A Universidade da estudante tem-se adaptado para que os estudantes se mantenham ativos e aprendam todos os conteúdos da melhor forma. Sara acredita que as aulas virtuais a têm ajudado, uma vez que pode repeti-las as vezes que quiser enquanto vai tirando apontamentos. 

“O meu primeiro ano é um ano muito teórico, por isso, de certa forma, não estou a ter muitas dificuldades na aprendizagem online; até porque a maioria dá perfeitamente para ter testes neste formato.”

Por outro lado, as aulas práticas são resumidas a fotografias, permitindo apenas uma perceção singular dos órgãos que estuda no momento.

“No entanto, nas nossas aulas de anatomia, a parte prática está-me a fazer muita falta. […] Nós vamos dando as aulas teóricas e depois completamos sempre com a parte prática, através do estudo em peças reais que temos no nosso teatro anatómico. Essas aulas já não podem ser dadas e a única forma que os professores têm para as compensar, é através de imagens e de fotografias, o que é completamente diferente.”

O dia a dia da estudante é um desafio que a própria procura superar, contando-nos um pouco sobre as obrigações e as aprendizagens que tem realizado em tempos de pandemia.

Além disso, nos tempos que reserva de maior liberdade, refere que tem feito sobretudo videochamada com os amigos, tem cozinhado, tem aproveitado para pintar e desenhar (coisa que já não fazia) e para treinar a condução, uma vez que tirou a carta recentemente.

Sara refere ainda que o que sente mais saudades é precisamente de conviver com os amigos e com a família, sente falta dos almoços e da praxe, uma vez que este é o primeiro ano de faculdade que realiza.

“Este ano era o meu ano enquanto caloira, tenho também muitas saudades das minhas sessões de praxe e pena das atividades que estou a perder.”

Sara Neto procura dar a entender que os profissionais de saúde estão a fazer o melhor que podem e que é uma profissão que deve ser devidamente valorizada. Acrescenta que considera que o governo está a tomar boas medidas e que as pessoas devem de se consciencializar do dever de ficar em casa.

“Este momento que estamos a passar em casa e que nos foi retirada muita liberdade, nos foi retirada a possibilidade estar com os nossos amigos, com a nossa família… Vamos dar ainda mais valor a esses momentos que tomávamos como garantidos e que por algo que afeta a saúde, afeta tudo o resto.”

A jovem refere ainda que a valorização dos momentos é algo que será aprendizado durante o período de confinamento, como também a saúde e os próprios profissionais nessa mesma área.

“Podes reclamar por teres acordado cedo ou simplesmente agradecer por teres acordado”

Por fim, realça que o período pandémico que atualmente vivenciamos será, posteriormente, um momento referido nos manuais de história e terá um determinado impacto na adoção de medidas que poderão ser necessárias no futuro. 

Ouça o testemunho completo aqui.