Mónica, 17 anos, João, 16 anos, Rafael, 17 anos, Andreia, 15 anos são quatro dos muitos jovens que integram o Projeto RadioActive 101, um programa de rádio atualmente sob a coordenação do Escolhe Vilar. Eles contam quais as mais-valias e os principais desafios de colocar no ar uma rádio online inteiramente feita por eles. 

[Texto de Alexandra Ribeiro de Sousa]

RadioActive é programa de rádio produzido por jovens do Projeto RadioActive 101, que promove a inserção social de jovens em potencial risco, bem como fomenta competências relativas à literacia digital 

Desde 2016, está exclusivamente sob a coordenação do Centro Escolhe Vilar, ligado ao Programa Escolhas, “cuja missão é promover a inclusão social de crianças e jovens de contextos socioeconómicos vulneráveis, visando a igualdade de oportunidades e o reforço da coesão social”, conforme se lê site. 

Fábio e Irene, coordenadores do RadioActive, no Centro Escolhas «Escolhe Vilar» explicam o tipo de trabalho que têm vindo a desenvolver.

O Projeto RadioActive 101 é financiado pela Comissão Europeia cuja implementação pioneira teve lugar em Londres e deu mostras de sucesso. Em 2013, no âmbito de um Projeto de investigação-ação, foi implementado em Portugal, através de uma parceria entre o Centro Escolhe Vilar e um grupo de investigação, sob a liderança de Maria José Brites, professora universitária e investigadora do Centro de Investigação em Comunicação Aplicada, Cultura e Novas Tecnologias da Universidade Lusófona (CICANT), nas áreas dos média e delinquência juvenil/ cidadania, Juventude e Participação.

A investigadora explica que o projeto RadioActive visa “a utilização de rádio online como ferramenta educativa junto de comunidades de jovens em risco”. Maria José Brites fala-nos do trabalho que a equipa desenvolveu em parceria com o Centro Escolhe Vilar que, findo o projeto de investigação, deu continuidade às emissões de rádio online.

No decorrer desse projeto, houve muitas histórias transformadoras, que pelo menos ajudaram os jovens a pensar na sua participação de forma diferente daquela que consideravam até então. Maria José Brites recorda por exemplo o caso de uma jovem que não gostava de Língua Portuguesa, mas que adorava escrever letras de música. A investigadora recorda esse exemplo.

Daniel Catalão, jornalista e também professor universitário integrou igualmente a equipa do RadioActive 101 em Portugal, mas foi em Londres que compreendeu o real impacto deste projeto, conforme nos confidencia.

 Em Portugal, ele esteve responsável por toda a parte técnica que implica colocar uma emissão de rádio no ar.

Daniel Catalão recupera e aprofunda um aspeto referido por Irene, da equipa do Centro Escolhe Vilar, no que diz respeito à metodologia pedagógica utilizada para a motivação e captação do público-alvo.

O professor universitário reflete ainda sobre os desafios para a implementação do projeto em Portugal, sublinhado a relevância da comunicação enquanto ferramenta promotora de socialização e cidadania ativa.

Dici-Educa, um projeto com jovens em centros educativos, herdeiro do RadioActive

Hoje, quase indissociável do RadioActive, é o DiCi-Educa, um projeto financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian e realizado também em parceria com o CICANT e a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais, levado a cabo por profissionais das áreas da psicologia, sociologia e comunicação, com Daniel Catalão e Maria José Brites experientes na implementação do RadioActive.

Este projeto tem como objetivo dotar os jovens de competências de comunicação e uso de ferramentas digitais, fomentando o pensamento crítico e a criatividade. Maria José Brites contextualiza o projeto e aponta os desafios na operacionalização do DiCi-Educa, dando a conhecer a realidade vivida nos centros educativos.

Também enquanto formadora de rádio, vídeo e fotografia no DiCi-Educa, Vanessa Rodrigues, jornalista e professora universitária com vários trabalhos na área da comunicação, relata a sua perspetiva sobre o projeto e narra uma história que ilustra a metodologia pedagógica adotada.

Quer no RadioActive, quer com o DiCi-Educa a missão é devolver-lhes a capacidade de sonhar, através de competências cívicas e também técnicas. Vanessa Rodrigues fala sobre como falar de sonhos pode ser uma forma de mudar a forma de percecionarem o caminho de vida, perante a adversidade. Nessa linha, Daniel Catalão recorda um episódio em que no decorrer do projeto um dos jovens encontrou a “vocação” através da rádio.

Para já projeto DiCi-Educa está em fase de reflexão, mas com o compromisso que será retomado em breve.