Risco de encerramento do STOP ameaça atividade de centenas de músicos no Porto

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Risco de encerramento do STOP ameaça atividade de centenas de músicos no Porto

Centro comercial que alberga vários estúdios e salas de ensaio na mira da autarquia por razões de segurança.

O Centro Comercial STOP, a “casa” de aproximadamente 500 músicos do Porto, pode fechar portas definitivamente. A falta de financiamento para concretizar as obras exigidas pelo município deixa a prática de centenas de artistas da cidade em risco e sem alternativa. 

Segundo o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, a Proteção Civil terá mesmo de encerrar o centro comercial, que não cumpre os requisitos previstos no Regime Jurídico da Segurança contra Incêndios em Edifícios, divulgou a autarquia na reunião do Executivo de 7 de novembro.

Rui Guerra, líder da Associação Cultural de Músicos do STOP, admite que “não há dinheiro para legalizar” o espaço de acordo com as exigências de segurança da Câmara.

A vontade de permanecer no STOP é unânime entre os músicos, garante Rui Guerra, numa altura em que ainda não foram encontradas alternativas viáveis que reúnam as condições de funcionamento encontradas no centro comercial.

“É extremamente difícil arranjar um local que reúna estas condições para podermos tocar e trabalhar da maneira como pretendemos. Não é qualquer lugar que nos vai acolher”, conclui o representante dos músicos.

“A verdadeira Casa da Música do Porto”

Carlos Freire, chefe dos seguranças do STOP há 30 anos, acredita que a saída dos músicos do centro comercial pode gerar problemas para os próprios residentes da cidade.

“Imaginem a quantidade de músicos que há aqui [no STOP] a criarem bandas de garagem em cada canto da cidade e a incomodarem os vizinhos”, suscita Carlos Freire, que acrescenta: “Enquanto estão aqui, chateiam-se uns aos outros com a sua própria música”.

O chefe dos seguranças, que descreve o STOP como a “verdadeira Casa da Música” do Porto, pede mais flexibilidade à autarquia no processo de legalização.

“A Câmara tem de entender que isto é um edifício antigo. Ninguém está a exigir que isto seja bonito. Deixem os músicos trabalharem e serem felizes aqui, este é o espaço de trabalho deles”, insiste Carlos Freire.  

Os estúdios e salas de ensaio do STOP recebem semanalmente centenas de músicos. As rendas baratas e o número elevado de salas fazem do centro comercial um ponto de referência e de acessibilidade para os músicos da cidade.

As preocupações sobre a segurança do centro comercial não são recentes. Na última década, dois incêndios obrigaram a intervenção dos bombeiros, com o último, em 2012, ferindo três pessoas, após um curto-circuito numa das salas de gravação.