Uma experiência de ERASMUS moldada pelo vírus
Ricardo Cunha tem 22 anos, é natural de Viana do Castelo e está a frequentar o último ano da licenciatura de enfermagem na Escola Superior de Saúde, no Instituto Politécnico de Viana do Castelo. Quando a pandemia se começou a instalar pela Europa, ele estava em ERASMUS em Huelva, na Espanha, desde o dia três de janeiro. Os primeiros casos infetados pela Covid-19 nesta cidade surgiram a 26 de fevereiro.
Conta, tranquilamente, que assim que o vírus ganhou uma dimensão maior, os estágios hospitalares foram suspensos pelo Ministério da Educação de Andaluzia, devido à possível e inevitável exposição ao vírus. Ricardo ficou durante um mês de quarentena em Espanha, um lugar completamente diferente de Portugal e longe de quem mais gosta.
Confessa que quando teve oportunidade de regressar a Portugal, tomou a decisão – junto do consulado português – de permanecer em Huelva. As razões eram simples: não correr o risco de levar o vírus para a casa e continuar a pagar o contrato da renda da casa onde se encontrava em ERASMUS.
Com a pandemia a conquistar terreno e com o encerramento das fronteiras, levou a que Ricardo começasse a sentir dificuldades na forma como estava a gerir à distância as suas emoções. Sentia falta da sua irmã de 10 anos. E surgiram algumas preocupações relacionadas com a sua situação escolar e a saúde da família. Ricardo ainda esclarece que, “já mais perto do fim, o medo de não conseguir regressar a Portugal a tempo útil, até porque só tínhamos contrato da casa até ao final do mês de abril.”
Nunca se sentiu abandonado ou esquecido. Manteve sempre o contacto com família, gestor de estágio, escola e com o consulado português.
Chegou a Portugal no dia 17 de abril. A sua voz transmite a alegria e o misto de emoções, uma mistura de nostalgia com ansiedade e sobretudo felicidade, que sentiu quando regressou. O entusiasmo de voltar a sentir o conforto de casa e o de ter por perto a família, mas confessa que ficou a sensação de vazio de quem podia ter aproveitado muito mais da experiência de ERASMUS.
Agora que está em Portugal, molda-se às normas de segurança impostas pelo o governo. Apesar de o vírus o ter impedido de ser um finalista de enfermagem sem grandes celebrações, sente-se orgulhoso pelo que conquistou e optimista para o que há-de vir.
Olha para o futuro de forma positiva e deseja que a humanidade veja toda esta situação como uma aprendizagem, e que abandone os comportamentos autodestrutivos. “Gostava de apelar ao bom senso dos mais intrépidos e de congratular os que cumprem e fazem cumprir as normas impostas.”
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