Yakuza Porto: Houve uma “estratégia clara” e um “trabalho gigante” para abrir “em plena pandemia”

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Yakuza Porto: Houve uma “estratégia clara” e um “trabalho gigante” para abrir “em plena pandemia”

Foi “o bom espírito de equipa” e as “pessoas que realmente gostam da marca” que motivaram a abertura do restaurante Yakuza Porto, em outubro, apesar da situação atual pandémica. Joel Pires, diretor comercial e de marketing do grupo Olivier, explica que o sucesso se deveu ao facto de terem conseguido uma gestão, “com alguma racionalidade”.

Joel Pires na inauguração do Yakuza Porto, via Instagram, perfil de @joelpires

Após vinte anos de experiência em multinacionais, e tendo sido o primeiro, em Portugal, a lançar uma equipa de brand building no setor das bebidas espirituosas, Joel Pires, de 39 anos, decide abrir a sua própria empresa de consultoria. Até que, em maio de 2019, o grupo Olivier contrata-o, em exclusividade, para a direção de marketing, bem como da área comercial do grupo, a nível nacional e internacional.

Hoje, um ano depois de ter aceitado o desafio, o profissional de marketing reconhece que tem sido uma experiência “fantástica e enriquecedora”. Relembra, com orgulho, ter ganho, pela revista Marketeer, o prémio de melhor grupo de restauração do ano. Não deixou de mencionar a equipa com quem trabalha e de relembrar que a votação deste prémio é feita pelo consumidor, o que, para o grupo, tem muito mais valor: “Essa votação é uma votação feita pelos nossos consumidores, ainda mais simbolismo tem, ter sido assim”.

A experiência Yakuza

Percebido o sucesso do grupo Olivier, faltava entender o que torna a marca Yakuza, especializada em sushi, pertencente este grupo, tão apelativa. O diretor explica que existem duas estratégias: uma comercial e uma de marketing. “Nós defendemos, acima de tudo, um conceito, não somos somente um restaurante que serve comida porque, se assim o fossemos, estaríamos a concorrer com outros milhares de restaurantes que existem em Portugal” afirma Joel Pires. Então, o que é que diferencia esta marca no setor da restauração? É a experiência do consumidor, não é “só comer sushi”, nota. Apesar de o que oferecem ser de “extrema qualidade”, e de haver um trabalho com “fornecedores exclusivos”, é a qualidade, seja do serviço, seja do “ambiente que é criado à volta”, que acaba por diferenciá-los.

Os obstáculos do primeiro confinamento e os acordos do grupo Olivier

A marca Yakuza contava com a abertura de um novo restaurante em Paris “logo a seguir ao verão”, mas não esperavam que o vírus os impedisse. “Só não abrimos o de Paris porque não nos permitem”, desabafa o empresário, explicando ainda que o esperado é que este restaurante tenha maior adesão à hora de jantar. Só que, neste momento, todos os restaurantes estão encerrados nesse período. Focaram-se então na abertura do Yakuza no Porto, numa parceria certa com a Maison Albar, para juntar ao portefólio do grupo Olivier.

Joel Pires explica que existem “vários acordos fechados com grandes grupos hoteleiros a nível nacional e internacional”. Continua dando exemplos desses grupos, nomeadamente o Minor, o grupo NH, o grupo Avani e o grupo Tivoli. Menciona também o grupo Anantara onde têm “o Seen Lisboa, o Seen São Paulo, o Seen Bangkok e o Guilty Parque das Nações”.

Neste sentido, abrir o Yakuza no Porto, dentro de um hotel, já não era novidade, a grande notícia está no facto de terem aberto durante a pandemia. Ainda assim, o projeto teve de ser adiado.

“Essa abertura estava prevista para antes do verão, mas, com os restaurantes completamente fechados, não conseguimos fazer a abertura que queríamos no Porto” afirma o empresário quando reflete sobre os planos iniciais.

Neste período, o grupo Olivier viu-se obrigado a fechar todos os restaurantes. Joel admite que aproveitaram o “lockdown” para “aprender” e para “olhar para oportunidades que já existiam, mas não eram o foco”. Passada a primeira tentativa de inaugurar o Yakuza Porto, o grupo Olivier focou-se em abrir o restaurante em outubro.

Ao esclarecer o porquê da abertura neste mês, Joel Pires afirma que “uma abertura, ou temos antes do verão, ou temos depois do verão, mesmo, obviamente, com toda a [possível] anormalidade, que aconteceu no mercado este ano”. O empresário refere-se, assim, ao primeiro confinamento, entre março a maio de 2020.

A abertura de um restaurante, em plena pandemia

O empreendedor explica que quando há “true lovers of the brand” [verdadeiros apaixonados pela marca], não é a questão pandémica que os impedirá de experienciar novas oportunidades. Admite que a preparação que fizeram nos meses em que estiveram confinados levou-os a ter a confiança do consumidor e, consequentemente, a terem uma época alta que superou a do ano anterior.

Assim que reabriram, a primeira comunicação que fizeram “foi um vídeo de segurança, para que o cliente percebesse, o que os seus olhos iam ver. Ou seja, “se entrasse no restaurante” continua, focando-se nas preocupações que se criaram devido à Covid-19 “iam ver que nós cumprimos, completamente, todas as orientações da Direção Geral de Saúde”. As devidas precauções mostraram-se vantajosas porque, em meses como junho, julho, agosto e setembro, faturaram mais do que no ano anterior e isso “em plena pandemia”.

Os resultados estavam a ser bons, perspetivando a estratégia do Yakuza para o Porto. “Porque é que eu não iria abrir um restaurante novo?” reflete o empreendedor. Naquele momento, diz ter sido “corajoso em ser um dos únicos a abrir, quando todos fechavam” o que, a seu ver, diferenciou o grupo Olivier de toda a concorrência, mas também os diferenciou de forma “construtiva”. O marketeer, orgulhoso do seu trabalho, acredita que com uma boa estratégia comercial e de marketing haverá sempre sucesso em abrir um restaurante, independentemente das circunstâncias. Acrescenta ainda que, “se possível, vai abrir outro”.

Um takeaway com um twist original

Ao falar sobre as questões que antes não eram foco, mas que passam a ser, nesta nova realidade, o diretor menciona “a criação de subconceitos” associados ao negócio, como serviço de takeaway com entrega gratuita. Criado a 18 de maio, o Yakuza & Go é autónomo, não estando integrado em nenhuma plataforma de delivery. Joel Pires admite que “a maior motivação deste subconceito foi a pandemia”. Relembra que já dispunham de um serviço takeaway, mas esta nova modalidade é mais apelativa e amiga do bolso dos clientes.

Ainda assim, reconhece que o takeaway limita a experiência do consumidor que fica “perdida”. “Ela nunca será igual porque é em sua casa, obviamente, nunca é no nosso restaurante, mas há uma coisa que tem de ser igual, a qualidade da comida e a excelência do serviço” sublinha. Para garantir essa proximidade, quando vai entregar a refeição o estafeta está vestido com a mesma farda que utiliza para servir à mesa no Yakuza.

Imagem promocional do serviço de takeaway do restaurante Yakuza, via Instagram, perfil de @yakuza_byolivier

Mas não ficaram por aí. Nos outros restaurantes do grupo, como no Guilty, por exemplo, o estafeta vai vestido de panda. No KOB, ele vai vestido de butcher (açougueiro). Desta forma, mantêm o figurino e o conceito na ida à casa dos clientes.

Acreditam que isso os diferencia, mas não o fizeram com o propósito de superar a competição, fizeram-no para alcançar os clientes que querem viver a experiência dos restaurantes do grupo Olivier, no conforto das suas casas.

Ao falar sobre a lotação dos restaurantes, em comparação aos pedidos de takeaway, o diretor admite que “uma coisa não anula a outra” e que são “clientes muito diferentes”, simplesmente agora podem “derivar da sala, ou do bar, para fazer entregas”.

As parcerias com embaixadores como estratégia de envolvimento

Ao retomar a questão da “estratégia de marketing”, Joel Pires toca na questão da parceria com embaixadores, sejam eles influenciadores, bloggers, ou opinion leaders, “Aqui é um bocadinho um win-win situation, eles gostam dos nossos restaurantes, nós gostamos da comunicação deles, e, obviamente, posicionam os restaurantes onde nós queremos posicionar.” Explica que há “pessoas específicas para cada marca” e que algumas são “transversais a todas elas”, mas que, tudo isso, não passa de uma estratégia de marketing e de “ter as minhas redes sociais protegidas”. Ou seja, segundo o diretor, faz “mais sentido apostar nesta colaboração com figuras públicas, do que apostar em serviços pagos aos media”, como por exemplo revistas. Aprofunda a sua reposta ao afirmar que trabalham com os embaixadores desde o início. O resultado disso é que se cria uma certa exclusividade, para eles, no setor da restauração.

“Continuamos a primazia de ser os primeiros a falar com eles, e como os tratamos tão bem, eu percebo que eles também nos deem a primazia de só trabalharem connosco”, esclarece Joel Pires.

Ainda sobre a questão da colaboração com os embaixadores, o diretor explica uma situação que se mostra vantajosa, em geral, mas especialmente neste período pandémico.

Segundo Joel, o trabalho do grupo está “de acordo com o que o consumidor quer ver” e devido ao “transporte, para as redes sociais, do restaurante”, o resultado é que o consumidor, mesmo não estando no Yakuza, “a olhar para as redes sociais é como se estivesse”. Por outro lado, a própria marca acaba por desfrutar desta situação, porque aparecem, indiretamente, nas redes sociais de possíveis consumidores, seja do marketing, seja do produto.

O cliente é o foco

No que diz respeito à temática da ajuda do Estado, apenas a restaurantes com faturação prévia, o diretor de marketing e comercial do grupo Olivier prefere não comentar, visto ser a política da casa em relação a este assunto. Esclareceu apenas que agradecem todo o apoio que possa existir, mas que “o grupo Olivier não trabalha a pensar que irá receber qualquer tipo de ajuda”. Esperam apenas “contar com o trabalho dos seus colaboradores e o apoio dos clientes”.

“O apoio que nós temos são das pessoas que trabalham no grupo e dos nossos clientes. Só fazemos o nosso trabalho, agradecemos todo o apoio que possa existir, mas não trabalhamos a pensar que vamos ter qualquer tipo de apoio”

Depois da pandemia

Sobre o futuro do grupo Olivier, pós pandemia, o diretor de marketing e comercial do grupo afirmou que “estão muito melhor preparados” para fazer uma gestão mais minuciosa dos custos, “do food cost, do beverage cost, do custo pessoal, etc.”. Confessou ainda que espera que este período de confinamento tenha ajudado os estabelecimentos a valorizarem mais o cliente, missão que enfatiza ser a do grupo Olivier. Acredita que não é o número, mas sim o cliente, é para ele que trabalham. Por fim, afirma que, na sua equipa, “estão todos expectantes para a chegada da bendita vacina”. Já a pensar na próxima inauguração, desabafa que “mal seja levantado o lockdown em Paris” o grupo Olivier vai tentar abrir “o mais rápido possível, se Deus quiser, ainda em Dezembro”.