Grila: uma florista no mercado do Bolhão
Rosa Maria, de 57 anos, relata-nos que é a florista mais antiga no Mercado do Bolhão, e é assumindo essa posição que nos conta um pouco da sua história de vida.
O nome Rosa Maria veio da sua avó. Quando esta faleceu, Rosa relata que acrescentou ao seu nome o apelido Grila por respeito, lembrança e para que na sua terra natal todos soubessem que era a “neta da Grila”.
Rosa transporta-nos até ao passado e confessa que aos sete anos criava uma mentira piedosa que contava para a sua mãe dizendo que não tinha aulas para que assim pudesse ir com a sua avó para o mercado. Levava uma giga à cabeça com vários molhos de flores para a banca. Era aí que crescia o gosto pelas flores.
Hoje é o rosto de um negócio que conta já com 35 anos. Relata-nos que não o herdou, foi fruto do seu trabalho e resiliência. Nas palavras da florista, herança só de sangue.
“Não herdei este negócio, herança só de sangue”
Rosa Maria, florista do Bolhão
No domínio das vocações, a florista deixa a sua opinião bem marcada. Para Rosa, as pessoas que estudam devem saber o que realmente querem, caso contrário não vale a pena estudar. Para ela desde cedo que o destino já se encontrava traçado, o mercado já era o seu destino!
A 15 de maio de 2018 iniciou-se a intervenção que visou a recuperação e atualização do edifício do Mercado do Bolhão.

(Foto – Invicta de Azul e Branco)
O projeto de recuperação e atualização do edifício teve como objetivo manter o traçado original do espaço e adicionalmente privilegiar soluções tecnológicas atuais. O edifício foi dotado de coberturas no piso inferior e acesso direto ao metro.
A florista admite que a nostalgia e lembrança do que viveu no antigo Mercado lhe criam sempre um saudosismo do que este foi. Não obstante reconhecer as melhorias que esta requalificação lhe trouxe.
A lembrança dos anos que passaram cria em Rosa a saudade daqueles que, como ela, foram a alma do Mercado. A mesma desabafa que sente falta das colegas que, por diversos motivos, desde doença à idade avançada, acabaram por se despedir daquele lugar.


“Sou nova, mas sou velha na arte”
Rosa Maria, florista do Bolhão
A modernização do Mercado é nada mais que um sinal dos tempos. A florista aguarda ansiosamente a chegada dos jovens que, assume, têm sido cada vez mais a visitar o Bolhão. Para esta, a felicidade que esta mudança representa, a par da Saúde que precisa para continuar o seu negócio, são os objetivos que perspetiva para o futuro.
“(Para o futuro) Desejo que Deus me dê saúde”
Rosa Maria, florista do Bolhão
Rosa é o retrato do cuidado, da vocação, de quem, dentro das limitações do passado, encontrou a arte que a faz sentir completa. As flores serão sempre mais do que perfume e pétalas. Para Rosa representam vida e história.