A Arte Musical Na Rua

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A Arte Musical Na Rua

Rodrigo Gustavo e Graciete Cazequeza

Trabalhar é sinónimo de independência, sobretudo quando o fazemos por nossa própria conta.

Todo e qualquer trabalho é e deve ser digno aos nossos olhos para reavivarmos o conceito de uma sociedade mais correta e solidária.

Mas agora vem a pergunta, como é e como funciona a vida de um trabalhador de rua?

Muitos de nós acreditamos que o exercício daquela profissão ou é inadequada, ou é a última escolha para quem precisa de se cuidar nos conceitos mais básicos. Porém, digamos apenas que estamos errados…

O nosso primeiro entrevistado dá-nos a entender que independentemente do tipo de arte musical que proporcionemos pelas ruas do Porto, esta tende sempre a ser bem-vinda por parte dos mais variados cidadãos locais e turistas de todo o mundo.

Diz-nos ainda que somos livres de exercer a nossa música gratuitamente, bom pelo menos desde que não utilizemos amplificadores.

O que se sucede nas suas palavras é o entusiasmo com que averiguadamente pronuncia a época do Verão como a melhor e mais rentável estação do ano. Ainda assim, a pandemia não faz vista grossa a este tipo de trabalho e aos seus adeptos e praticantes.

Embora irreconhecível, o magnífico instrumento com que deliciosamente tocava diversas melodias fazia os nossos olhos ficarem admirados. A nosso ver, parecia uma espécie de tambor metálico oco no seu interior, mas ao mesmo tempo recheado de prazer e encanto.

A segunda praticante deste trabalho que  entrevistamos, dignou-se cuidadosamente a responder com toda a sua atenção aos mais variados detalhes.

Com um acordeão de época moderna, esta autora de uma melodia auditiva reluzente recriava na nossa mente conceitos musicais de músicas tradicionais portuguesas.

Mas sabem o que foi mais fascinante?

Ela fazia tudo sem sequer focar o olhar, sem precisas de se concentrar minimamente num plano cercado por tantos acordos e possibilidades de dedilhar.

Com respostas bastante idênticas e já esperadas, acrescentou ao nosso trabalho, no final, a visualização de um cartaz de exterior rudimentar mas de um interior emocionante. As belas palavras que percorriam os nossos olhos acompanhavam fantásticas melodias de diversos campos emotivos.

Partimos por fim para o último entrevistado, e a nosso ver, talvez o mais espontâneo. Dedilhando e procriando acordes magníficos na sua guitarra acústica Ricardo, conta-nos, através de respostas similares às dos entrevistados anteriores, um pouco da sua história e a desumanidade com que o trataram num emprego por conta de outrem.

Talvez Ricardo tivesse sentido, de alguma forma, o medo de arriscar, mas sabia também que não teria escolha a não ser pôr em prática a sua ideia, o seu único plano que o permitisse sustentar-se a si e à sua família. É verdade, notamos isso pela ajuda que, após a entrevista, o emissor das respostas nos pediu…

Esta é e será, por talvez muito tempo, o plano de vida de um trabalhador de rua, havendo muitos que se identifiquem com uma ou mais situações demonstradas.

Mais um dia percorria pela cidade do Porto, pela nossa vida, pelas deles, pelas de todos.