Automação transforma a indústria da cortiça e ameaça trabalhadores

Voltar
Escreva o que procura e prima Enter
Fotografia: Luísa Amaral

A automação está a redefinir a indústria da cortiça, prometendo maior eficiência e sustentabilidade. Empresas como a JA Cork e a Sá & Irmão LDA destacam-se pela implementação de inteligência artificial e novos processos produtivos. Sindicato dos Operários Corticeiros do Norte alerta para as implicações laborais.

A aplicação da automação à indústria da cortiça fez aumentar a produção, mas a substituição de trabalhadores por tecnologia preocupa os representantes dos trabalhadores que temem a perda de postos de trabalho. Alírio Martins, do Sindicato dos Operários Corticeiros do Norte, mostra preocupação pelos trabalhadores. “A tecnologia está a transformar as funções dos operários, e muitos podem não conseguir adaptar-se. Precisamos de ter a garantia de que ninguém é deixado para trás”, disse, reforçando a importância da formação e da segurança no trabalho.

A Associação Portuguesa da Cortiça defende que a inovação é essencial para manter a competitividade internacional, realçando que sem um investimento contínuo em tecnologia, a indústria poderá perder relevância no mercado internacional. “O mundo está a mudar e o nosso setor precisa de acompanhar essa mudança”. O Sindicato dos Operários Corticeiros do Norte alerta para a proteção dos trabalhadores. “O setor corre o risco de criar uma divisão entre trabalhadores qualificados e não qualificados”, diz o sindicalista. Alírio Martins acrescenta: “A modernização é inevitável, mas devemos evitar a perda de empregos e garantir segurança”.

Portugal é líder mundial na produção e exportação desta indústria, que tem vindo a adaptar-se às exigências de um mercado global em constante mudança.

Fotografia: Luísa Amaral – JA Cork

Com 90% da produção destinada à exportação, as empresas consideram a automação necessária. “Estamos a produzir com mais precisão e rapidez”, afirma Manuel Sá, da Sá & Irmão LDA, sublinhando a importância de formar trabalhadores especializados. Jorge Amaral, da JA Cork, acrescenta: “A automação transformou funções, mas não reduziu empregos. Os colaboradores agora focam-se no controlo de qualidade”.  

A Associação Portuguesa da Cortiça (APCOR) ressalta que a inovação é crucial para enfrentar a concorrência de materiais sintéticos. “Inovação e sustentabilidade são o futuro”, constata Cláudia Pimenta.

Fotografia: Luísa Amaral – JA Cork

A JA Cork implementou um sistema de reaproveitamento de resíduos para gerar energia. “Toda a nossa energia térmica vem dos nossos próprios resíduos”, orgulha-se Jorge Amaral, destacando a pegada de carbono negativa da cortiça como um ativo valioso.