Mais de 1000 médicos dentistas emigraram em 2023

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Mais de 1000 médicos dentistas emigraram em 2023

No ano passado, 2077 médicos dentistas suspenderam a respetiva célula junto da Ordem dos Médicos Dentistas. Destes, mais de metade emigraram, revela um inquérito da Ordem. Sindicato dos Médicos Dentistas lamenta que Portugal “forme profissionais para exportar”.

De um total de 12706 dentistas com inscrição ativa na Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), 2077 suspenderam a respetiva cédula. Destes, 1103 saíram do país para trabalhar, revela o Barómetro de Saúde Oral da Ordem dos Médicos Dentistas, referente ao ano 2023.

João Neto, do Sindicato dos Médicos Dentistas, considera que há uma tendência de aumento excessivo no número de profissionais, o que faz com que Portugal esteja “a formar para exportar”.

Dr. João Neto – Presidente do Sindicato dos Médicos Dentistas

“Uma profissão aliciante há 11 anos, agora é uma profissão sem futuro”, lamenta João Neto. O sindicato admite que as faculdades podem influenciar uma reversão ao diminuír o número de vagas de acesso ao curso.

Inês Silva, médica dentista recém-formada, reconhece que “a burocracia relacionada com o início da profissão, a demora na aquisição de cédula profissional e o desconhecimento face aquilo que são os deveres legais de um médico dentista” são algumas das adversidades que estes profissionais enfrentam e que dificultam a sua integração no mercado de trabalho.

A OCDE considera Portugal o terceiro país com maior dificuldade de acesso aos cuidados de saúde oral. O Sindicato considera que as irregularidades associadas à contratação destes profissionais através do SNS torna pouco aliciante a construção de uma carreira nesta área, diminui o investimento na saúde oral por parte dos Portugueses e, por conseguinte, convida os profissionais à emigração.

Isabel Magalhães, médica dentista a trabalhar em França, a emigração constituiu uma possibilidade de “poder praticar a profissão de forma digna e ser valorizada por isso”.

O regresso a Portugal está fora de questão, enquanto não existir um investimento na comparticipação dos tratamentos e a possibilidade ter as mesmas condições que tem em França: “contrato de trabalho a tempo inteiro, agenda cheia, direito a segurança social, subsídio de desemprego, férias pagas, um apartamento para os primeiros quatro meses de trabalho e o respeito de todos os colegas”.

Na perspetiva do sindicato, é necessária “coragem do Governo para refletir”, apostar nos cuidados primários, apoiar os profissionais em regime privado e valorizar a carreira pública, reconhecendo que serão medidas com resultados sem um reflexo imediato.

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