Patrícia Cerqueira tem 22 anos e é natural de Custóias. Atualmente, tem dois empregos para sustentar a mãe doente e conseguir juntar algumas poupanças.

Patrícia conta-nos histórias concretas de como passou a ser o seu dia-a-dia depois da COVID-19 ser declarada como pandemia pela OMS, levando a que o país mais tarde em estado de emergência e fechasse quase todos os negócios para que os cidadãos se mantivessem em confinamento. 

Ora, num dos empregos, numa loja de roupa francesa, Patrícia não teve alternativa e ficou de ‘lay-off’, recebendo apenas o salário base de pouco mais de 300 euros mensais. Mal dava para o sustento familiar. No outro emprego, num restaurante de shopping, do grupo IBERSOL, continuou a laborar em regime ‘take-away’, mas com horas reduzidas, o que agravou a sua situação financeiramente.

Para além disso, relata-nos como era o dia no trabalho em relação ao contacto com clientes, nomeadamente com aqueles “mais difíceis”, os mais idosos, mais propícios a contrair a doença, uma vez que ainda havia muitos que não respeitavam o estado de emergência e o distanciamento social, inclusive numa situação em que um cliente queria sair da loja, utilizando a porta somente para pessoal autorizado e quando lhe foi negado o pedido, ficou furioso com as colaboradoras de loja.

Quanto à parte emocional, a entrevistada conta como foi um período mais difícil de conexão com os mais próximos, muito devido ao medo de ir e vir do trabalho com contacto com dezenas de clientes e chegar a casa e poder ser a própria portadora do vírus. Adianta, ainda sobre este aspeto, que teve medo e chegou a ficar duas semanas sem os familiares e namorado.

Concluindo, Patrícia partilha as suas reflexões quanto ao papel das instituições governamentais, tanto criticando como enaltecendo, deixando uma mensagem coletiva para um futuro com ambição e de esperança para ultrapassar este inimigo invisível.

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