Em Melres e Medas, nunca é tarde para aprender

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Em Melres e Medas, nunca é tarde para aprender

Em Melres e nas Medas, os idosos superam largamente os mais jovens, não apenas no número de residentes e idade, mas também na vontade de aprender. Com o apoio de instituições, como a Universidade Sénior, mantêm-se ativos e procuram estimular um órgão fundamental, o cérebro. 

“A nossa população tem alguns problemas relativos ao isolamento, até pela nossa situação geográfica, no entanto, é uma população muito interessada e muito ávida de saber”, explica José Paiva, presidente da junta e fundador da Universidade Sénior. Criada há quatro anos, começou com cerca de 40 alunos e, atualmente, conta com 100 inscritos. Disponibiliza 12 disciplinas.      

Presidente José Paiva   
Exterior da Junta de Freguesia de Medas 

Joaquim Soares, um dos alunos da Universidade, foi quem propôs a ideia ao presidente: “Apercebi-me que efetivamente era uma mais-valia para a nossa terra”. 

Manuel Rocha, aluno habitual, declara que desde que começou a usufruir da instituição aprendeu “muita coisa”, principalmente ao nível do exercício físico, a sua grande paixão. “Sinto-me mais leve”, confessa, acrescentando ainda ter uma melhor “sensação de qualidade de vida”. 

Já Maria Rocha inscreveu-se para não passar tanto tempo sozinha. A idosa afirma que “era um bocado monótono” e que precisava de uma mudança. “Gosto também de aprender e de saber coisas novas”, revela. 

Américo Neves entrou este ano letivo. Para o novo utente, a mobilidade física é útil, mas o mais importante é conhecer pessoas. “Uma grande parte das pessoas que estão aqui, só conheço de vista. Sou daqui, mas não socializo muito”, diz. 

Dulcineia Ramos é professora de Atividade Física e Lazer e de Walking Football. As aulas devem assentar em três pilares: “Ser lúdicas, significativas e tentar elevar ou manter os índices das capacidades motoras”. 

Aula de Atividade Física e Lazer no Salão Paroquial de Melres 
Alunos da Universidade Sénior e professora Dulcineia (primeira pessoa à direita, situada abaixo) 

Ana Cláudia Barbosa, psicóloga e residente na freguesia das Medas, explica que é necessário criar um vínculo afetivo. “Começar por pegar em coisas que lhes interessam. Por exemplo, dar-lhes um bocadinho de atenção, falar nos tempos antigos, puxar por histórias”, afirma. 

Sendo um meio pequeno, a rotina gira em torno dos campos o que ajuda a tornar a rotina mais prazerosa, “A principal vantagem é aperceberem-se que continuam a ser úteis e que continua a ser possível aprender”, acrescenta. 

Psicóloga Ana Cláudia Barbosa 

Irene Cadime, professora na Escola de Psicologia da Universidade do Minho, traça um retrato terceira idade. “A solidão na terceira idade é um dos principais preditores da mortalidade. Vivermos mais tempo com qualidade, está muito associado à existência ou não de redes sociais de apoio”, explica. Segundo a docente, as previsões futuras são otimistas. “As gerações mais novas, também à medida que aumentam o nível de escolarização, aumentam os comportamentos saudáveis, não só ao longo da vida, mas também durante a terceira e a quarta idade”, precisa. 

Psicóloga Irene Cadime