Falta de festividades revolta na população de Ardegães
- Miguel Pontes
- 22/10/2024
- Atualidade Cultura
A redução da Festa em Honra do Senhor dos Aflitos, no lugar de Ardegães, na Maia, desde 2020, tem sido alvo de duras críticas por parte da comunidade, que anseia por mudanças. De uma festa vibrante e cheia de atrações, hoje resume-se apenas a eucaristias e duas procissões.
“Antigamente era uma festa cheia de vida, com diversões para crianças e adultos”, diz Sofia Ferreira, residente de 25 anos. A moradora acredita que a comissão está demasiado ligada às tradições religiosas e ignora a parte lúdica que poderia atrair mais público: “É importante incluir diversão. A festa é parte da nossa identidade e devia ser mais do que apenas atos religiosos.”
Liliana Almeida, de 43 anos, partilha a frustração: “Era a maior festa da Maia. Tínhamos artistas famosos e o programa era extenso. Hoje, mal se nota que existe festa. A falta de apoio e o desinteresse da comunidade contribuíram para essa queda.”
Falta de apoio e organização dividem opiniões
A comunidade de Ardegães aponta a falta de renovação da comissão de festas como um dos principais problemas. “Precisamos de gente nova, com novas ideias. A comissão está há anos nas mãos das mesmas pessoas e isso reflete-se na festa”, comenta Sofia Ferreira. A residente sugere que a atual comissão não ouve as necessidades do povo e defende a importância de inovar para manter a tradição viva.
Para Liliana Almeida, a falta de empenho tanto da comissão quanto da própria comunidade tem sido decisiva, visto que “as pessoas já não se envolvem e a comissão também já não se esforça como antes”. “Sem fundos e sem apoio, a festa ficou reduzida ao mínimo”, lamenta.
Comissão de Festas justifica corte de eventos
Pedro Espinheira, membro com vários cargos na igreja há 28 anos, explica que a redução das festividades deve-se à falta de recursos: “Nos moldes anteriores, era impossível continuar. Não temos verbas, nem força de trabalho. Estamos a fazer o possível com o pouco que temos.”
Manuel Magalhães, atual responsável pela comissão de festas, acrescenta que “as pessoas hoje em dia não querem contribuir, e sem dinheiro não há como trazer de volta o que a festa já foi.” A solução para superar estes obstáculos é “ir buscar os mortos ao cemitério que eram quem davam dinheiro”, diz o responsável pela comissão de festas.
A comissão defende que o foco principal da celebração é religioso e que a festa mantém a sua essência, mesmo sem grandes eventos. “A maior parte das pessoas da comunidade estão satisfeitas com a festa como se faz agora. As críticas vêm de um pequeno grupo”, comenta Pedro Espinheira, reforçando que ninguém foi ter com eles diretamente para apresentar as críticas que fazem através das redes sociais.
Divergências sobre o futuro da festa
Há, no entanto, uma crescente vontade entre os moradores de reformular a organização da festa. Algumas vozes pedem a criação de uma nova comissão que possa revitalizar o evento, trazendo de volta o ambiente de festa e convívio que marcou gerações. No entanto, segundo a atual comissão de festas, quem se propõe a assumir esse trabalho “não tem credibilidade”, o que torna difícil a transição para uma nova liderança.
Apesar das divergências, a Festa em Honra do Senhor dos Aflitos continua a realizar-se no último fim de semana do mês de julho, ainda que de forma modesta, enquanto a comunidade espera por mudanças que possam recuperar a alegria e o sentido de pertença que a celebração proporcionava antigamente .
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