Falta de professores na EB 2,3 da Maia resolvida até ao fim do mês
- Ana Beatriz Miranda
- 23/10/2024
- Atualidade Jornalismo Portugal
Em Portugal, a falta de professores marca todos os anos o início das aulas. O problema reflete-se em escolas como a EB 2,3 da Maia, principalmente devido a baixas médicas, o que tem pressionado a gestão escolar. Diretora da escola acredita que a situação estará estabilizada até ao final deste mês outubro.


A crise de professores em Portugal é generalizada, conforme dados do Conselho Nacional de Educação. O envelhecimento da classe docente é alarmante, com muitos professores a aproximar-se da aposentação e sem a devida reposição de novos profissionais. A atratividade da carreira tem sido uma barreira para a captação de novos docentes, devido à carga de trabalho e às condições salariais insatisfatórias.
Envelhecimento da classe docente
Segundo dados do Ministério da Educação, em 2022/23, existiam 7.815 professores do 2.º ciclo entre os 50 e 59 anos, enquanto apenas 575 tinham menos de 30 anos. Sónia Lopes, diretora da EB2,3 da Maia, destaca: “Estamos a enfrentar uma falta crítica de novos profissionais”.
Estima-se que cerca de 50% dos professores em Portugal estão próximos da aposentação, evidenciando uma lacuna geracional. Além disso, o número de docentes com mais de 60 anos quintuplicou desde 2006, sugerindo um aumento iminente de aposentadorias nos próximos anos. A falta de renovação na classe docente contribui para a crise atual, com um número insuficiente de jovens professores a ingressar na profissão.

“Alguns docentes que foram colocados acabam por apresentar baixa no dia seguinte”
– Sónia Lopes-
Medidas temporárias na EB2,3 da Maia
A diminuição no número de professores é particularmente evidente no setor público. Sónia Lopes explica que, no início do ano letivo, a escola tinha apenas um horário de 11 horas de prática em falta, mas a situação complicou-se com as baixas médicas. “O trabalho começa, vêm as juntas médicas e as baixas médicas. Alguns docentes que foram colocados acabam por apresentar baixa no dia seguinte” relata.
Dados da Direção-Geral da Educação e da Ciência mostram que a taxa de desistência entre professores recém-contratados aumentou 15% nos últimos dois anos, refletindo a insatisfação com as condições de trabalho. Atualmente, a escola conta com apenas três professores sem substituição. Para lidar com as ausências, a diretora explica: “Se uma professora de ciências falta, os colegas do grupo organizam-se para minimizar o impacto.” Sónia Lopes também destaca a importância de uma gestão eficaz, afirmando que acredita “muito nas lideranças intermédias” e que “se os grupos puderem fazer propostas, as coisas funcionam melhor.”

Soluções estruturais e duradouras
Para lidar com a escassez de professores, a EB2,3 da Maia implementou soluções criativas, como a utilização de clubes escolares. “Os clubes funcionam a partir de outubro. Temos aqui também a biblioteca, onde os alunos podem ir”, explica a diretora. No entanto, a falta de docentes especializados em educação especial continua a ser uma preocupação. “Sentimos muito a falta de um professor de educação especial, especialmente porque temos alunos com medidas seletivas adicionais que precisam de acompanhamento,” ressalta.


A falta de professores, especialmente agravada pelas baixas médicas e a ausência de novos profissionais, é um problema que exige soluções duradouras. As medidas temporárias, como a reorganização interna e o uso de clubes escolares, ajudam a minimizar o impacto imediato, mas não resolvem o desafio estrutural que afeta escolas como a EB2,3 da Maia.
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