Ser emigrante em tempos de pandemia: a incerteza de um regresso a Portugal

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Ser emigrante em tempos de pandemia: a incerteza de um regresso a Portugal

Por Daniela Couto

Débora Couto tem 20 anos. Em 2012, juntamente com os seus pais e o seu irmão, decidiram mudar radicalmente as suas vidas. Deixaram o conforto da casa onde cresceram, em Paredes, para abraçar um novo lugar, em Saint-Brevin-les-Pins, França, onde procuraram melhores condições de vida.

Débora Couto, fotografia cedida pela própria

Aquele que era um lugar desconhecido foi ganhando cor para esta família, porém, atualmente, têm de se adaptar à nova realidade, porque tornou-se novamente um lugar estranho. Em tom emocionado, Débora Couto reflete sobre um país e uma nação que reaprendeu a viver, ainda que amedrontada, devido à situação da Covid-19. O número de casos positivos e de óbitos atingiu valores imagináveis.

“Se alguém tossisse acreditem que eles me perguntavam quem é que tossiu (…) Chegou a um ponto que é mais um pesadelo”, desabafa Débora Couto.

No ano passado, em novembro, encontrou emprego numa loja de vestuário feminino, onde permaneceu até esta encerrar, em março, porque “chegou a um ponto em que tínhamos muito poucos clientes, que não falavam”. Nas últimas semanas, a situação ficou caótica, pelo que deixou realmente de ter clientes. A situação em França tornou-se um autêntico pesadelo e o receio apoderou-se das pessoas.

Considera-se uma pessoa do toque e isso foi-lhe impedido. E do toque passou para uma situação extrema: só podia sair de casa em casos estritamente necessários, como para se dirigir aos supermercados, ajudar grupos vulneráveis ou dirigir-se aos centros hospitalares. Para isso teria de assinar uma declaração com o dia e a hora que pretende sair da sua habitação.

“Posso definir este momento como um momento Walking Dead”, diz em tom de brincadeira. 

Considera a rotina diária dentro do mesmo espaço stressante e cansativo: “acaba por ser uma prisão para nós, por não termos o contacto social”. Mas, como tudo há soluções e encontrou várias formas de se reinventar. 

O sorriso invade a cara de Débora, que se dá a conhecer cada vez mais. Diz ter mais tempo para ver filmes e séries e para praticar mais desporto. Começou a produzir conteúdos como o seu irmão para o TikTok, o movimento social do momento e até nos deliciou com fotografias de francesinhas que fez. Ainda assim admite que sente falta “da rotina diária, sair com os amigos e não ter preocupações”.

“Isto não foi como a primeira ou a segunda guerra mundial, mas vai ficar para a história”, conclui Débora.

Neste momento aproveitou para conviver mais com os seus pais e o seu irmão, mas também para se concentrar em projetos que pretende realizar quando tudo isto terminar, como encontrar um emprego.

Não saber quando poderá visitar os seus familiares e amigos em Portugal é o que mais a entristece, no entanto, sabe que o mais correto é permanecer em casa. Não deixa de apelar a que as pessoas tenham paciência e consciência para que se protejam a si e aos outros.

E é com espírito alegre e cómico que termina o seu testemunho, transmitindo-nos força para ultrapassar todas os desafios impostos pela nova situação atual.

E “voilà”!

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