Jovens impulsionam o crescimento de lojas de segunda mão
- Samanta Festa
- 23/10/2024
- Arte e Culturas Moda Porto
Inquérito realizado pelas lojas Humana revela que os jovens entre 18 e 40 anos são os principais responsáveis pelo aumento do consumo de roupas em segunda mão. O estudo mostra que mais de 60% dos participantes frequenta regularmente estas lojas, com destaque no Porto e em Lisboa. O impacto ambiental positivo, o custo financeiro e a procura por um estilo único refletem a tendência crescente de consumo consciente.
O estudo decorreu entre julho e outubro de 2023, com um total de 986 respostas obtidas que acentuou uma forte adesão às lojas de segunda mão. 78% dos participantes indicaram que compram roupas usadas com a finalidade de reduzir o impacto ambiental. 65% referiram a poupança económica. 48% destacaram a originalidade e exclusividade das peças.
Maria Pereira tem 20 anos e é aluna do Instituto Superior de Engenharia do Porto, no curso de Biorrecursos. Como uma estudante num curso em que valorização dos recursos naturais é central, reflete: “Além de ser uma opção mais acessível financeiramente, percebo que ao comprar em segunda mão ajuda-me a reduzir o impacto ambiental e a prolongar o ciclo de vida das peças. Assim conseguimos evitar a necessidade de produção de novas roupas”.
“AMB vestbem”, loja de segunda mão, no Campo 24 de Agosto, no Porto, abriu portas há quase três anos. A proprietária Alessandra Rodrigues, veio do Brasil para Portugal há cinco anos com o desejo de trabalhar no comércio e com artigos de segunda mão. “Quando viemos, decidimos abrir e foi um sucesso”. A maior parte dos clientes da “AMB vestbem” são jovens entre os 14 e 30 anos, confirma.
Alessandra Rodrigues sente grande preocupação por parte dos mais novos pela questão da reciclagem e da sustentabilidade. “Não é somente encontrar coisas antigas ou vintage, mas também a questão da reciclagem”. A procura pelas pessoas mais velhas diminuiu: “As pessoas mais velhas querem roupinhas mais jovens e os jovens já querem roupinhas mais velhas”.
Os clientes mais jovens são fascinados pela procura de roupas específicas e únicas: “Aqui os jovens encontram roupas antigas e de qualidade, peças únicas”.
Daciano Pinto de 20 anos é lojista e consumidor assíduo de lojas de segunda mão. Confessa que tem um gosto especial em procurar as peças e não saber aquilo que irá encontrar. “Para mim, comprar roupa em lojas de segunda mão é uma forma de expressar a minha individualidade, de modo que reflitam o meu estilo único. Sinto que só encontro nestas lojas”. A questão ambiental também pesa na escolha do tipo de loja: “É gratificante saber que estou a fazer escolhas que têm um impacto ambiental positivo”, diz.