Paulo Ribeiro: “A junta de freguesia ajuda 90% das associações, de uma maneira ou de outra”

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Paulo Ribeiro: “A junta de freguesia ajuda 90% das associações, de uma maneira ou de outra”

Paulo Ribeiro, presidente da junta de freguesia de Campanhã, e José Miguel, vogal responsável pelo desporto e associativismo na região de Campanhã, falam em entrevista sobre a importância do associativismo na região e como a Associação Recreativa Os Malmequeres de Noêda promove a diversidade cultural.

[Reportagem de Ana Jorge e Ana Gomes]

Foi na sala de reuniões da junta de freguesia de Campanhã que o presidente Paulo Ribeiro, e o vogal responsável pelo desporto e associativismo na região, José Miguel, explicaram qual é a importância do associativismo para a região e quais os apoios que a junta de freguesia dá a este tipo de associações.

Para José Miguel, a Associação Recreativa Os Malmequeres de Noêda “possui um património cultural e imaterial”, em Campanhã. O vogal recordou, ainda, o rancho folclórico da associação e as pessoas que deram origem a esta iniciativa, quando ela dava os primeiros passos.

“Assumindo um bocadinho o que é a cultura e a origem de Campanhã, acho que os Malmequeres acabam por fazer parte desse património e representar um bocadinho aquela diversidade cultural que nós temos que manter e preservar na freguesia, portanto, eu dou-lhes uma importância muito relevante.”

José Miguel – Vogal responsável pelo desporto e associativismo na freguesia de Campanhã
Vogal da Junta de Freguesia de Campanhã – José Miguel / Fotografia captada na entrevista


José Miguel admite ser uma pessoa muito atenta às coletividades e garante que tenta, diariamente, promover movimentos associativos e novas direções que promovam o coletivismo e que aproveitem os espaços das associações, alguns deles centenários, de forma a dinamizar a comunidade.

“A junta de freguesia é promotora dos melhores projetos, mas nós não podemos substituir a associação, ou seja, a direção da associação deve refletir e apresentar-nos projetos e, quando os projetos são interessantes para a comunidade, nós temos que usar o bom senso e ajudar a promovê-los e concretizá-los.”

José Miguel – Vogal responsável pelo desporto e associativismo na freguesia de Campanhã

Quando questionado sobre uma certa subsidio-dependência de que são acusadas algumas coletividades, o vogal da junta de freguesia de Campanhã defendeu que o poder local e a Câmara Municipal não podem ser o oxigénio das associações e que são, apenas, parte integrante do programa financeiro que suporta os projetos a serem executados.

José Miguel acrescentou ainda que, quando uma associação não consegue garantir a execução de projetos com dinheiro próprio, “encontra-se perante um problema grave”, que determina se conseguirá manter-se em funcionamento. O vogal acrescentou ainda que as coletividades devem garantir patrocínios, o pagamento das quotas dos sócios e criar dinâmicas, que possam gerar retorno financeiro, como por exemplo a dinamização de um um bar, ou café.

“Temos que ser capazes de promover programas que sirvam de semente, mas que, depois, criem raízes suficientes para dar continuidade e evitar que a subsidio-dependência seja, de facto, um ponto que faça com que, quando nós não pudermos patrocinar da mesma forma, os programas acabem.”

José Miguel – Vogal responsável pelo desporto e associativismo na freguesia de Campanhã

O presidente explicou que a junta de freguesia de Campanhã apoia qualquer associação que tenha atividade e que “o único requisito é que estas atividades sejam no escalão de jovens”, porque se, por outro lado, forem séniores, a junta não fornece apoio. O motivo para esta decisão é o facto de o presidente acreditar que o que faz falta, para movimentar a freguesia, são os jovens.

“Se a memória não me falha, nós temos programas anuais com, aproximadamente, 20 associações, que nos apresentam o seu plano de atividades todos os anos. Relativamente às restantes, nós vamos ajudando conforme nos vão pedindo.”

Paulo Ribeiro – Presidente da Junta de Freguesia de Campanhã
Presidente da Junta de Freguesia de Campanhã – Paulo Ribeiro / Fotografia captada na entrevista

A junta de freguesia de Campanhã aprovou um protocolo com esta associação, de 16 de Dezembro de 2020 a 30 de setembro de 2021, no valor global anual de 450 euros. Este protocolo tinha o objetivo de apoiar as despesas de deslocações para espetáculos de um grupo de dança composto por 35 crianças e jovens, os MK Dance. 

Quando questionado sobre a situação após o término, o vogal, José Miguel, explicou que o anterior presidente entendia que todos os protocolos que a junta de Campanhã tem com associações e instituições deviam terminar com o fim do mandato autárquico. “Houve eleições no ano passado, em setembro de 2021, e os protocolos terminaram todos nesse momento. Portanto, no dia seguinte, este novo executivo deu início à renovação desses protocolos.”

Assim sendo, o protocolo entre a junta e a associação teve início, novamente, a 1 de janeiro de 2022 e o vogal garante que as condições permaneceram as mesmas.

“O protocolo está renovado e está bem vivo. A associação está a ser apoiada e eu tenho altas expectativas que esteja a ser bem desempenhado, porque os fundos públicos devem ser bem utilizados.”

José Miguel – Vogal responsável pelo desporto e associativismo na freguesia de Campanhã

O presidente reforça a ideia de que é importante que todas as associações se candidatem aos concursos e ao orçamento participativo, por defender que trazem, apenas, vantagens e oportunidades de crescimento.

O júri do orçamento participativo é externo à junta de freguesia, sendo constituído por 3 jurados. Durante o concurso, cada associação concorrente apresenta o respetivo projeto e, após análise, o júri faz a divisão das verbas por todas.

“Concorram! Ou pouco, ou muito, o júri dá sempre alguma coisa.”

Paulo Ribeiro – Presidente da Junta de Freguesia de Campanhã

O vogal considera que o orçamento participativo é muito importante para as associações e coletividades. O objetivo deste tipo de orçamento é dar espaço aos cidadãos, às pessoas e às associações, para se candidatarem com projetos que possam fazer sentido para a freguesia, sejam eles do ponto de vista cultural, monumental, desportivo, associativo e social.

A meu ver, a relevância do orçamento participativo na comunidade é enorme. Eu sou completamente defensor de que todos aqueles cidadãos ativos que têm ideias, que têm um projeto, que têm opinião, seja ela qual for, devem ter espaço para a exercer e para sentirem que a autarquia está atenta àquilo que eles pensam e poder executar alguns desses projetos.”

José Miguel – Vogal responsável pelo desporto e associativismo na freguesia de Campanhã

Sempre que as associações fazem eleições devem informar a junta de freguesia sobre a nova direção. O presidente afirma que, desde que a nova direção tomou posse, ainda ninguém da Associação Recreativa Os Malmequeres de Noêda marcou uma reunião com a autarquia. Contudo, Paulo Ribeiro, esclarece que tem a “porta aberta para qualquer projeto que eles apresentem”, desde que a junta considere importante para a freguesia. 

O presidente informou, ainda, que será lançado, no próximo mês, um projeto, também colaborativo, mas apenas para a vertente desportiva. Este projeto conta com a colaboração da Câmara Municipal do Porto, que entregará cento e vinte mil euros a todas as juntas de freguesia do concelho do Porto.

“Vamos lançar este projeto colaborativo e todas as associações têm a oportunidade de concorrer. O concurso terá 4 eixos – eles podem concorrer aos 4, ou podem concorrer a um deles – e, depois, cada associação tem que apresentar o projeto que acha mais vantajoso.”

Paulo Ribeiro – Presidente da Junta de Freguesia de Campanhã
Ana Jorge

Sou a Ana Jorge e tenho 21 anos. Atualmente, frequento a licenciatura de Ciências da Comunicação na Universidade Lusófona do Porto e trabalho como manequim profissional na Best Models SA. Para o meu futuro, ambiciono trabalhar em entretenimento televisivo, em rádio e em representação.