O e-Commerce tem vindo a crescer em Portugal, desde o início da pandemia

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O e-Commerce tem vindo a crescer em Portugal, desde o início da pandemia

O confinamento de 2020, devido à pandemia de Sars-Cov-2 levou os portugueses a recorrer cada vez mais ao comércio digital. Roupa, calçado, acessórios de moda e entregas de refeições ao domicílio são os produtos mais procurados pelos adeptos das compras online. 

[Texto de Ana Gomes]

Com a pandemia por Sars-Cov-2, que provoca a doença do coronavírus (Covid-19), e com os confinamentos recorrentes, os portugueses viram-se obrigados a adotar comportamentos mais previdentes relativamente à forma como efetuam as suas compras. Por isso, desde 2020 que os números de utilizadores de e-Commerce (comércio digital) têm vindo a aumentar, conforme evidencia o relatório CTT – e-Commerce Report 2021.

Os dados disponíveis no relatório e, também, no “Inquérito à utilização de tecnologias da informação e da comunicação pelas famílias” publicado em novembro de 2021 pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), revelaram que calçado, roupa, acessórios de moda e takeaway, sobretudo, foram as categorias mais procuradas em 2020. Além disso, esta tendência tem vindo a manter-se no ano de 2021. É também revelado pelo INE que quem mais procura estas categorias são as mulheres.

A situação que o mundo atravessa, desde 2020, impulsionou o aumento da utilização das compras online. Existem compradores que só começaram a utilizar este serviço devido aos confinamentos, seja por necessidade, uma vez que as lojas se encontravam fechadas e era aconselhável que se diminuíssem os contactos, ou por pura adrenalina como explica Mariana Correia, de 23 anos que é operadora de fábrica e está a terminar o mestrado em Ciências do Ambiente.

Durante o primeiro confinamento, ela decidiu experimentar pela primeira vez o comércio digital, depois de algumas compras a jovem começou a utilizar esta ação como um divertimento e ao mesmo tempo como distração, “acompanhar a encomenda através dos códigos de seguimento e depois o dia em que ela chegava trazia-me satisfação e adrenalina. Como estávamos fechados em casa aquilo era o momento diferente do meu dia e acabou por se tornar num hábito frequente, nem sempre comprava o que precisava, às vezes era comprar por comprar”. 

Uns meses depois, agora já mais contida relativamente ao seu “vício de compras online”, Mariana conta que continua a fazer as suas compras por via digital, porque “é bastante cómodo receber as coisas em casa sem perdermos tempo a ir às lojas”. O que mais comprava durante o confinamento eram acessórios de moda como bijuteria e roupa. Atualmente, a tendência mantém-se.

Se antes já existiam várias empresas a vender online, com a chegada da pandemia os números realmente dispararam. Os CTT estimam que o número de empresas a vender online em Portugal terá tido um aumento de 90%, ou seja, mais 80% do que o habitual crescimento que o e-Commerce apresentava antes da pandemia da Covid-19. Também a REDUNIQ, uma empresa que fornece soluções de pagamento para negócios online, sejam eles por websites ou Marketplace, registou, durante os últimos meses, um crescimento no número de adesões às soluções de pagamentos online por parte de comerciantes. O método de pagamento mais utilizado pelos portugueses é o MBWAY seguido do pagamento através de Multibanco, onde cada empresa disponibiliza uma entidade e uma referência de pagamento para o comprador.

Métodos de Pagamento mais utilizados pelos compradores

No ano passado, segundo o estudo realizado pelos CTT, o e-Commerce de produtos, em Portugal, contou com um crescimento de 46%, mais 26% do que no ano de 2019. Ainda no mesmo estudo é revelado que, em 2020, 4,4 milhões de portugueses efetuaram pelo menos uma compra pela via digital e o valor total de comércio eletrónico rondou os 4 milhões de euros. Estima-se que, no final do ano de 2021, estes valores sejam mais elevados, e o número de portugueses a recorrer às compras online atinja os 4,6 milhões de euros. 

Os transportes e as cadeias de abastecimento sofreram os efeitos negativos provocados pela pandemia, o que originou um grande crescimento das compras online efetuadas nas lojas em Portugal, mas em contrapartida existiu uma diminuição na procura de produtos provenientes do Reino Unido e da China. 

No caso de Miguel Matos, um Engenheiro Mecânico de 28 anos, o comércio online já era um serviço a que recorria muito antes da pandemia mas que se foi intensificando devido aos vários confinamentos a que a população esteve sujeita. Começou a ser utilizador assíduo do comércio eletrónico por necessidade. “As lojas estavam fechadas e eu senti necessidade de comprar roupas mais práticas para estar em casa durante tanto tempo. Sem outra solução, vi-me obrigado a comprar pela via digital”, descreve.

Para além de roupa, ele comprou também alguns livros para ler nos tempos livres e aderiu às refeições de entrega ao domicílio. Na altura, conta, “nunca tinha utilizado os serviços de entrega ao domicílio pelos estafetas. ”Aventurei-me durante um dos confinamentos, correu bem, agora pelo menos uma vez por semana recorro a esses serviços, são bastante cómodos para quem vive sozinho”, confidencia. A comodidade de receber os artigos pretendidos em casa conquistou-o e, mesmo com a abertura das lojas físicas, comprar online continuou a ser o método preferido de compras de Miguel, visto que “a comodidade de escolher um objeto e tê-lo em casa dois ou três dias depois é satisfatória e acabamos por poupar algum tempo uma vez que não temos que ir às lojas”. 

Andreia Ferreira, uma personal trainer de 30 anos, adotou este serviço durante o confinamento por uma questão de necessidade, pois “precisava mesmo de comprar um produto e as lojas estavam fechadas”, indica. “Estava desconfiada ao início, mas depois acabei por ter coragem e encomendei umas sapatilhas”. Após uma primeira experiência, que “correu bem”, afirma, Andreia começou a comprar outro tipo de objetos por esta via e confirma que, mesmo agora, com as lojas abertas, continua a preferir o e-commerce “As lojas abriram, mas há coisas que eu continuo a preferir encomendar online e receber no conforto da minha casa, os livros, por exemplo, acho que não vale a pena ir às lojas.”.

Opção “Finalizar Compra” nas compras online

Programa Comércio Digital da Associação de Economia Digital (ACEPI) criou uma campanha que tem como objetivo sensibilizar os consumidores portugueses a comprarem em lojas que apresentem o selo #ECOMMERCEPORTUGAL. Esta iniciativa promove o comércio interno e está disponível gratuitamente para todos os comerciantes que possuam site online registado em Portugal (.pt). A ACEPI pretende, através deste movimento, apoiar o comércio português depois dos prejuízos causados pela pandemia por Covid-19 e ao mesmo tempo incentivar a utilização do comércio eletrónico em Portugal. 

Ana Gomes

O meu nome é Ana Gomes, tenho 21 anos, e sou natural de Braga. Frequento o 3º ano da Licenciatura de Ciências da Comunicação na Universidade Lusófona do Porto. Escolhi esta Licenciatura porque a área da Comunicação sempre foi algo que me despertou muito interesse.