Turismo? Travão a fundo
Restauração de mãos dadas com o turismo
Por: Miguel Oliveira
Na região de Penafiel, a restauração foi uma das grandes vítimas da Covid-19. Paulo Ribeiro, gerente do famoso restaurante “O Sapo” fala do avultado prejuízo, porém conseguiu evitar despedimentos.
Penafiel é uma cidade situada na região norte de Portugal dividida em 28 freguesias conta com cerca de 18950 habitantes. Faz fronteira com o concelho de Lousada a norte, Amarante a nordeste, Marco de Canavezes a leste, Castelo de Paiva a sul e, finalmente, a oeste com Gondomar e Paredes.
A restauração foi um dos setores mais afetados pela pandemia da Covid-19 com maior percentagem de encerramentos temporários e definitivos de empresas. A maioria das empresas teve de recorrer ao sistema de lay off. De acordo com dados disponibilizados pela Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) no dia 4 de Junho, 91% das empresas prorrogou o lay off em maio, mas 53% delas, até à data ainda não tinha recebido o apoio da prorrogação. A reabertura dos estabelecimentos da restauração ocorreu no dia 18 de maio, dos quais 35,6 % não reabriu nesse dia e 37,1 % não reabriu no mês de Maio. Aquelas que reabriram, cerca de metade registou uma faturação média abaixo dos 10% das receitas habituais.
O Sapo, um restaurante em Penafiel situado na zona de Irivo, que habitualmente recebe centenas de clientes e atrai muitas pessoas vindas de outras regiões, foi alvo desse mesmo impacto. O gerente, Paulo Ribeiro conta como reagiu ao dano causado pela pandemia “Não foi fácil, não sabiamos o que ia acontecer. Foi difícil porque nós tinhamos ordenados para pagar e dois meses sem faturar, é complicado ter que pagar ordenados, foi muito difícil.”
O relatório da AHRESP relativamente à faturação no setor da restauração indica que cerca de 70% das empresas não faturaram mais que 5.000€ no mês de maio e 17% não faturou em Maio. Dos que faturaram, mais de 32% registou uma quebra acima dos 90% face a Maio de 2019.
O Sapo que não tinha, nem adotou nesta fase o regime de take-away, não obteve faturação nos meses de Março e Abril. Em relação a apoios financeiros, Paulo revela que “Não existiu apoio nenhum. Por parte do governo a única coisa que tivemos foi o lay off, foram dois meses, de resto… Para já o governo disse que nos ia dar desinfetantes máscaras, mas até hoje, ainda nada.”
Ainda segundo a AHRESP, apenas 56% das empresas recorreram a financiamento, das quais, 75% referiram que o mesmo tinha sido aprovado. No entanto, mais de 33% referiu que ainda não tem o dinheiro disponível, sendo que o pagamento de salários foi o motivo mais referido pelas empresas (86,4%), para terem recorrido a financiamento.
O restaurante penafidelense apesar das adversidades vividas, manteve todos os seus funcionários tendo reaberto no dia 18 de Maio com as devidas medidas de segurança avançadas pela Direção Geral de Saúde. O gerente enumerou as medidas adotadas no seu estabelecimento aquando a reabertura “As medidas que adotamos foram 50 % da lotação do restaurante, dois metros de distância entre cada mesa, as pessoas entrarem de máscara, desinfetar as mãos à entrada e também nas casas de banho. De resto foi a área das salas porque nós tinhamos mais ou menos 190 lugares e ficamos só com cerca de 90, baixamos 40 % da lotação”, referindo ainda que “As pessoas têm que vir a primeira vez e a segunda para sentir que afinal existe segurança, enquanto não sentirem isso, as pessoas não saiem, têm medo.”
Neste mês de Junho existem estimativas para que mais de 54% das empresas não consiga suportar os encargos habituais (pessoal, energia, fornecedores, outros) e 36% das empresas pondera avançar para insolvência caso não consiga suportar esses mesmos encargos. Caso avancem para insolvência, 31,2% das empresas irá colocar no desemprego entre 6 a 10 trabalhadores.
Quanto ao turismo, Paulo Ribeiro diz que neste momento a sua empresa não vive do turismo e a única possibilidade será o regresso de emigrantes para férias em Portugal “O Turismo neste momento não existe. As fronteiras estão fechadas, não há aviões a chegar, o que vamos fazer com o turismo? A única possibilidade que nós temos agora, é em Julho e Agosto virem alguns emigrantes. Se vierem emigrantes teremos, senão as pessoas não vão sair dos seus países.” lamentando também o facto de que este ano não irá receber turistas “Temos muitas pessoas estrangeiras, mas este ano tenho a noção que não vamos ter.”
As perspetivas para o Verão são muito pessimistas: Em julho, 48% das empresas apontam para um máximo de faturação de 10.000€, e em agosto são 44% as empresas que esperam esse valor máximo de faturação. Neste mês de Junho, o restaurante o Sapo irá aumentar a lotação para 60% e no mês de Julho já irá contar com a lotação máxima, o que segundo o seu gerente Paulo e com base no feedback recebido “irá dar mais confiança às pessoas para virem ao restaurante”, porém, mostra-se também consciente que não irá faturar tanto como em outros meses.