Bombeiros em Portugal: um trabalho para além da farda
- Mariana Venâncio
- 01/07/2022
- Portugal
Espera sem fim: o Estatuto Profissional para a unificação da carreira
Há mais de dez anos que os bombeiros exigem um estatuto da carreira profissional. Neste mundo vermelho, a profissionalização “ainda está atrasada”, sublinha João Nunes.
Os cidadãos que habitam numa grande cidade têm uma resposta altamente profissional porque são alcançados pelos bombeiros sapadores e o INEM funciona na sua amplitude. O mesmo não se aplica para quem coabita na periferia. A resposta é dada pelos voluntários. Pelo feedback não ser rápido têm lutado pela profissionalização para que nenhum indivíduo fique com a resposta ao socorro e/ou salvamento comprometido.
O caminho é profissionalizar. Para tal, os bombeiros carecem de serem “restruturados” com a finalidade de “darem resposta ao território nacional”, diz Vítor. No entanto, “o exército mais barato vai perder-se.” O exército que “não dá grande prejuízo, que não dá grande despesa e de mão de obra barata que até a empregada de limpeza ganha mais”, revela o comandante João. Esses “devem existir”, garante o comandante em Vale de Cambra. Em “situações excecionais é preciso o apoio deles”, mas “a primeira resposta tem de ser profissional.” Os cidadãos “não podem esperar que um bombeiro voluntário deixe a sua empresa, demore um determinado tempo, se desloque à corporação, farde-se e faça o socorro.” A resposta é cronometrada. É ao minuto. Deve-se “dotar o corpo de bombeiros com uma resposta profissional mínima, devidamente cabimentada sobre os riscos do município, mas haver um corpo de bombeiros voluntários para o apoio”, enfatiza Vítor.
O bombeiro de 2ª, José Almeida, defende que a partir desse estatuto é que o país consegue desfrutar de “bons bombeiros.” Os voluntários “têm vontade, mas não têm o tempo que é necessário para serem bons”, enfatiza.
“Se um operacional está num incêndio até às 6h00 e começa a trabalhar às 8h00, não tem o descanso que precisa”, confessa Miguel. O presidente da associação admite que a direção, muitas vezes, “tem dificuldade em pedir compreensão a uma entidade patronal para uma situação em que o bombeiro vai trabalhar para um incêndio, defender o que não é dele, mas da comunidade e que atrasa o seu trabalho.” É preciso despertar consciências e é isso mesmo que os bombeiros pedem: um estatuto alargado e que “concentre e preveja isto tudo.”
O estado tem elementos que fazem o “serviço de graça e não vai querer estar a meter mais profissionais.” Há sempre quem assegure o socorro. O país detém “voluntários que chegam, mas não tem voluntários para responder às ocorrências rápidas, de uma maneira célebre e eficaz”, dizem os sapadores.
Mariana Venâncio, 20 anos. Com muitos sonhos por realizar. Hoje, estou a concretizar mais um, estar no curso de Ciências da Comunicação. Ainda com sonhos pela frente, mas cada vez mais próxima de os realizar. Acreditar. Sempre! Gosto de sonhar. Faço parte da editoria de Saúde e é por lá que me quero aventurar!