A dupla jornada dos jovens que trabalham enquanto estudam
- Rita Almeida
- 25/06/2022
- Geração Z Portugal
O papel de quem está de fora
Para quem tem um horário tão apertado, ter um apoio externo grande torna-se fundamental para se sentirem capazes. Este apoio pode vir tanto de pais como de professores que entendam a situação e se disponibilizem a colaborar sempre que necessário.
O papel do docente
Alexandra Figueira é professora e diretora de curso da Licenciatura em Ciências da Comunicação (CC) da Universidade Lusófona do Porto (ULP). Afirma que “os alunos que trabalham em simultâneo, têm uma perspetiva mais concreta do que é a realidade fora da universidade e da vida familiar”. A docente reforça ainda que são alunos que enriquecem as aulas ao trazer novas perspectivas que outros estudantes não têm. Para a diretora de curso, a desvantagem de se pertencer aos dois mundos prende-se com a agenda cheia. Considera que “essa eventual desvantagem é compensada pelas inúmeras vantagens que têm por terem esta experiência de trabalho. Não é só a experiência do trabalho propriamente dito, mas também a experiência de vida que o facto de estarem a trabalhar lhes traz”.
Os estudantes que trabalham têm muito a ganhar numa lógica de crescimento pessoal. Tal só é possível, a nível escolar com o apoio dos professores. “Imagino que a maior ajuda que possa dar é ajudá-lo a compensar a desvantagem que é não poder vir às aulas todas”. Esta ajuda pode ser dada através da dispensa de algum tempo extra para que se possa falar sobre a temática a ser abordada. Isto ajuda o trabalhador estudante a perceber algo que não tenha sido tão fácil ao estudar sozinho. Estas características que levam ao crescimento pessoal já mencionado, tornam o trabalhador estudante alguém respeitado pelo esforço. De acordo com Alexandra Figueira, “muitos estão entre os melhores da turma. Não forçosamente os que têm melhores notas, mas os melhores alunos.”
O papel da entidade empregadora
No caso das entidades empregadores, o tipo de apoio é diferente. Tiago Vale é sócio-gerente na Santos Vaz Trigo Morais, Sociedade de Revisores Oficiais de Contas. Afirma que a diferença mais marcante entre um funcionário que só trabalha e um funcionário que estuda e trabalha é o interesse para com o trabalho que desenvolve.
Neste ponto, a entidade empregadora assume um papel de compreensão para com os horários desempenhados pelo funcionário. Isto permite “que exista margem de progressão mútua e gestão de expectativas pessoais ajustadas à da organização em que se inserem”.
O papel da família
Os pais têm, também, um papel muito importante no apoio que dão aos filhos.
Odete Pinho relembra o tempo em que a filha Mariana Vieira estudava e trabalhava em simultâneo. Relembra-o como um “desafio que exige maior responsabilidade, acrescido de um esforço adicional”, considerando que foi algo muito positivo para a filha. Acrescenta, ainda, que pode acompanhar o “entusiasmo e a luta pela realização dos sonhos”, ao mesmo tempo que “acreditava cada vez mais nela mesma”. Neste ponto, considera que a maior ajuda que deu à filha foi a coragem e motivação para que não desistisse e conseguisse “vencer as dificuldades nos momentos mais complicados.”
Maria do Céu Lopes é mãe de Ana Luísa Lopes. Quando o assunto é a dupla realidade da filha, esta descreve-a como uma fase de responsabilidade acrescida. Afirma que são momentos em que terá de ser mais tolerante e entender que “é toda uma nova realidade para ela. Que está a conciliar duas coisas que, individualmente, já exigem muito”.
Assim, o papel daqueles que rodeiam os trabalhadores estudantes passa por várias etapas. Devem chamá-los à responsabilidade e, compreender sempre a sua posição, apoiando-os em todas as situações possíveis.
Rita Almeida, 21 anos, natural de Vale de Cambra. O gosto por comunicar e querer sempre saber mais surgiu muito cedo, definindo CC como carreira a seguir. Atualmente no terceiro ano do curso, na Universidade Lusófona do Porto, sou, também, colaboradora na editoria “Geração Z” na plataforma #infomedia.