Veículo elétrico: o carregamento para a sustentabilidade?

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Veículo elétrico: o carregamento para a sustentabilidade?

Um carro (novo) será sempre prioridade?

O Observador Cetelem (centro sobre consumo e comércio mundial) lançou em 2019, um estudo sobre a utilização do carro elétrico na Europa e em Portugal, onde conclui que 60% dos portugueses não optam por um carro elétrico por ser “muito caro”. Mas existe um perfil para quem é potencial comprador desta mobilidade:

Dados Observador Cetelem 2019

Este ano, o centro lançou um novo documento que relaciona a utilização do automóvel com a pandemia da Covid-19: 20% dos portugueses repensou a compra de um carro novo e a intenção de compra passou de 35% em 2019 para 23%, atualmente. No entanto, uma pequena percentagem tenciona adquirir um veículo elétrico, futuramente.

No centro de Leça do Balio, em Matosinhos, vê-se Maria da Graça Ferreira a chegar de autocarro. Costuma apanhar o 602 em direção ao aeroporto, para voltar do trabalho.

Todos os dias faz 1 hora de viagem para ganhar 260 euros/mês a fazer limpezas numa casa particular. Não tem carta de condução e agora já nem faz questão de ter: “já tenho 61 anos e se na altura em que precisei não a consegui tirar, não é agora que vou ter essa ilusão”, afirma.

“Eu perdi esse sonho [de ter um carro] porque o ordenado nunca o permitiu”. – Maria da Graça Ferreira

Maria da Graça Ferreira, 61 anos.

Já quem tem carro a combustão começa a sentir necessidade de o trocar pelo desgaste, mas as possibilidades não são folgadas, neste momento.

Daniela Martins, de 33 anos, está neste momento desempregada. Na zona de residência, São João da Madeira, ainda não conseguiu encontrar um trabalho que assegurasse mais do que os 500 euros que tem recebido de subsídio. Para já, só o marido trabalha enquanto os dois filhos frequentam a escola.

Tem uma perspetiva positiva sobre os carros elétricos: “vieram fornecer uma mais valia para o ambiente e para uma condução mais fácil e suave”, mas mesmo assim não vê capacidade financeira para adquirir um, tanto que tem optado pelo carro mais económico que tem em casa para fazer as deslocações essenciais: “estamos a gastar em média 120 euros por mês em gasóleo”, além das despesas como revisões, seguros e selos dos veículos.

Daniela considera que a cidade onde vive está “completamente apta para receber os carros elétricos”. Se pudesse gostaria de ter um e aponta as vantagens que tem observado: “já existem vários pontos de carregamento, até nos supermercados, e na via pública há sítios próprios para estacionar”.

Daniela Martins, desempregada e utilizadora de carro a combustão. – foto cedida pela entrevistada.