Veículo elétrico: o carregamento para a sustentabilidade?
- Diana Silva Fonseca
- 14/06/2021
- Atualidade Inovação Multimédia Portugal
A autoestrada para a sustentabilidade
O carro elétrico trouxe a promessa de emitir zero dióxido de carbono. Nos últimos anos, a preocupação com as questões ambientais levou à criação de protocolos de compromisso para reduzir a poluição e garantir a sustentabilidade da Mãe Natureza.
A Organização das Nações Unidas (ONU) está comprometida, juntamente com os países, em melhorar a qualidade de vida das pessoas e do próprio planeta, até 2030. Com 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) em vista, tornar as cidades e comunidades mais sustentáveis inclui a meta de redução da emissão de gases poluentes para a atmosfera.
Na Europa, o Conselho Europeu começou a apelar para um combate contra as alterações climática e assim foi criado o Pacto Ecológico Europeu (Green Deal) em 2019, que pretende atingir a neutralidade climática até 2050.
“Implantar formas de transporte público e privado mais limpas, mais baratas e mais saudáveis”, é uma das medidas.
Em Portugal, os municípios começam a adaptar-se à nova mobilidade elétrica, considerada mais sustentável. Os postos de carregamento não estão ao cargo destes, mas são montados “ao abrigo de um protocolo feito com a Mobie, que estabelece uma rede pelo país”, afirma a Câmara de Vila Nova de Gaia, e que disponibiliza um mapa para localizar o ponto de carregamento mais próximo do condutor.

Neste concelho, os postos “foram de utilização gratuita porque estavam numa lógica de projeto piloto” e “tinham só de registar-se no portal da Mobie e pedir um cartão de acesso para poder usá-los”.
Agora, mesmo a pagar os carregamentos na via pública, o município não tem qualquer lucro com isso: “nós somos um organismo que visa o serviço público”.
Na Câmara Municipal do Porto, uma grande parte da frota automóvel autárquica já é movida a energia elétrica: tem carros 100% elétricos (move-se unicamente a bateria), híbridos (tem dois motores: um elétrico e um a combustão, mas é o a combustão que alimenta o elétrico, ou seja, a x quilómetros em mobilidade convencional, dá uma certa autonomia ao motor elétrico) e plug-in a gasolina (carro também com os dois motores, mas com a possibilidade de carregar a parte elétrica e usar um sem depender do outro).
“A Polícia Municipal também não pode saltar fora da redução da sua pegada ecológica“ – comandante António Manuel Leitão da Silva
A Polícia Municipal do Porto foi dos primeiros órgãos a adotar esta política mais verde: “não sendo uma polícia eminentemente reativa, era perfeitamente alinhável ter carros elétricos”, explica o comandante António Manuel Leitão da Silva, “neste momento, das 50 viaturas, temos 40 que têm de alguma forma dependência elétrica”.




Durante a pandemia, a ação policial foi dificultada pela necessidade de usar ainda mais carros: “tivemos alguns problemas no planeamento dos carregamentos”. Por isso, a aposta no próximo ano será numa nova frota com maior autonomia de quilómetros e uma nova instalação de carregamento com cobertura de painéis solares fotovoltaicos.
Em Santa Maria da Feira, a Câmara ainda está a programar a chegada dos carros elétricos. Segundo a população local, os postos que existem são poucos e não estão a funcionar.
Para já, a aposta é nos transportes públicos movidos a energia elétrica, mas confirma que “muitas empresas privadas têm interesse no território, por ser denso e estratégico a nível das acessibilidades e centralidades”, expõe Ana Ferreira, da área de Mobilidade e Transportes.


A Associação Portuguesa do Veículo Elétrico (APVE) nasceu em 1999 com o objetivo de educar os utilizadores desta mobilidade sustentável. Atualmente, o núcleo de associados é de quase uma centena: “mais de 60% são associados coletivos [empresas]”.
Bruno Mateus, secretário-geral, acredita nas vantagens do veículo elétrico a nível da sustentabilidade e explica como as baterias, um material tóxico e poluente, poderão ser reutilizadas sem mais prejuízo para o ambiente: